No plano teórico, estes Gravel GP têm tudo para dar certo. São o modelo mais minimalista e rápido para condições normais de gravel. O seu desenho com pequenos losangos muito perto uns dos outros, na zona central, assim como a sua baixa altura, permitem rolar rápido sem grande atrito. E à medida que nos afastamos para os flancos, a dimensão destes “mini-tacos” cresce e também ficam mais espaçados, dando mais aderência.
No plano tecnológico, as siglas são muitas. Uma é simples de decifrar, TLR. Sim, são tubeless ready e a sua instalação foi fácil; os pneus entraram bem e vedaram logo à primeira. SPS significa Snakebite Protection System, ou seja, uma proteção extra nos flancos para evitar cortes devido a pedras ou raizes. E 2C-MTB refere-se ao composto usado na borracha, neste caso tratando-se de uma mistura de 2 suavidades de borracha: standard no centro e suave nos flancos e otimizado para off road menos agressivo.
A marca no seu vasto catálogo conta ainda com muitas outras combinações de borrachas para diferentes usos. Mesmo nestes Gravel GP, existem outras opções de tecnologias e medida.
Passando agora ao plano prático, sempre que saímos para pedalar começávamos no asfalto, por vezes ainda por alguns bons quilómetros antes de chegar ao trilho. Aqui é bem visível a capacidade que estes Gravel GP têm para pedalar a velocidades bastante interessantes com pouco atrito. Peso 82 kg e adoto pressões na ordem dos 40PSI/2.8 Bar, valores mais do que suficientes para haver uma deformação mínima no pneu, estando em contato com o solo sobretudo a banda central onde os tacos são baixos e muitos juntos.
A aderência em travagem chega e sobra para situações de aperto e a curvar dão imensa segurança. Requerem apenas uma ligeira habituação porque devido ao balão que formam, nesta medida de 40C, as mudanças de direção (tipo curva e contra-curva rápida) são algo lentas e exigem alguma atenção e esforço. Isto acontece especialmente se costumas andar muito em estrada (com pneus 28-30) e ainda tens o “chip” para este tipo de agilidade e de repente passas para uns 40c.
E as surpresas não se ficam por aqui. Saindo da estrada, estes GP cumprem com distinção em quase todo o tipo de pisos. Em terra escura compacta estão como peixe na água. Rolam bem, com pressões de 30-35PSI, e a aderência é fenomenal, pois é o tipo de piso que permite a estes mini-tacos enterrarem-se o suficiente para dar tração sem se tornarem lentos. Em estradões típicos de gravel, rolam igualmente bem e tanto em acelerações como em subida, conseguimos aderência suficiente na roda traseira. Claro que se pedalarmos vigorosamente em pé, numa subida, e com o nosso peso todo na frente, sentimos algum “patinar” da traseira. Mas com um mínimo de técnica, as coisas estão muito controladas!
Quando o piso compacto nos é “servido” com um acompanhamento de gravilha pequena, já temos de ter mais atenção ou mais técnica. As acelerações ficam obviamente um pouco mais comprometidas, tal como a aderência em curva. A presença de gravilha não permite que os tacos cumpram o seu papel e por isso temos de ter algum bom senso para não andarmos aos papéis.
A vantagem de viver perto da serra de Sintra é que temos diversos tipos de piso, e nada melhor que explorar os famosos singletracks para levar estes Chaoyang ao limite. Aqui já é aconselhado baixar a pressão para 25PSI e beneficiar de mais conforto e aderência sem comprometer a integridade dos pneus (e dos aros!). Na frente tudo sob controlo! Atrás, boa aderência em subida, mas convém planear as travagens com tempo porque a aderência é algo limitada. Mas se não formos de faca nos dentes, cumprem com distinção. E por fim, lama!
Sim, graças às chuvas da época conseguimos encontrar zonas com bastante lama para poder testar estes GP. Obviamente não os podemos testar como se se tratassem de uns pneus específicos para este fim. Mas a verdade é que desenrascam muito bem. Com a correta técnica, conseguimos passar pela lama sem grande stress. Mesmo em subidas ligeiras, desde que não haja arranques, a aderência chega para sair dali. Não fiquem a pensar que são espetaculares, nem é esse o objetivo, mas cumprem o suficiente para, a meio de uma volta, não termos de desmontar se a lama se meter no nosso caminho!
Ou seja, se precisas de um pneu que faça tudo, não procures mais. É aquele tipo de pneu que oferece imensa polivalência, desde o asfalto às condições mais adversas. Se só pudesse ter um pneu na bicicleta de gravel, era este que escolhia! Se pensarmos no gravel “normal” este pneu chega e sobra para rolar em estrada a bom ritmo até chegar aos estradões e, uma vez lá, está como peixe na água. Mas se o teu estilo de gravel é mais parecido com o BTT e se apanhas com frequência condições de lama ou terra solta, aí existem opções na marca, e fora dela, bem mais adequadas.
Em suma, é um pneu muito interessante e polivalente, com um preço super apetecível, que só peca pelo seu peso. Ligeiramente acima de 540g, está entre os mais pesados, mesmo quando comparado com pneus mais largos e com mais “cardado”. Mas a não ser que sejas um "weight weenie", não é isso que tira mérito aos pneus!
Pontos positivos: rápidos no asfalto e nos estradões de terra, aderência suficiente em diversas condições, preço
Pontos a melhorar: são um pouco pesados
