Através de uma Comissão Permanente de Concertação Social, o Governo vai avaliar formas de incentivar a mobilidade ativa e sustentável dos cidadãos, mais especificamente no que diz respeito às deslocações entre casa e os locais de trabalho.
Esta decisão que já foi publicada em Diário da República não especifica um espaço temporal para a tomada de decisões, mas é o primeiro passo para que a mobilidade ativa ganhe peso.
Existem várias formas de incentivar o uso da bicicletas - convencionais ou elétricas - nessas deslocações, basta ver o que tem sido adotado em outros países.
Por exemplo, há países onde os trabalhadores que forem de bicicleta para o trabalho recebem incentivos fiscais pagos todos os meses. No caso da Bélgica, cada pessoa recebe 0.25€ por cada quilómetro percorrido, o que pode significar numa deslocação diária de 20 km receber ao fim do mês mais 110 euros. Isto sem contar com os benefícios a nível de saúde.
Obviamente nos Países Baixos e no Reino Unido também existem estes incentivos "Bike to work" que têm crescido bastante, sobretudo depois da pandemia.
Há também outro tipo de incentivos, como alugueres de bicicletas a longo prazo, preços especiais (em equipamento e velocípedes) a quem aderir a estes planos de mobilidade e mesmo empresas que oferecem bicicletas aos funcionários para evitar o absentismo e promover a saúde dos seus trabalhadores.
Em toda a Europa, segundo a Federação Europeia de Ciclistas, há mais de 300 programas de apoio deste tipo, o que demonstra a importância e relevância do conceito "bike to work".
Para além de todos estes incentivos, existem dois grandes problemas que o Estado deve tentar mitigar. O primeiro diz respeito à ineficaz rede de ciclovias - muitas delas sem ligação ou a precisar de obras - e a uma sensação de insegurança por parte dos utilizadores de bicicleta nas vias públicas. É necessária fiscalização e campanhas.
O segundo problema tem a ver com a inexistência de condições em muitas empresas para este tipo de trabalhadores. Poderia ser adotado o modelo usado nos Países Baixos, em que muitas empresas têm parqueamento fechado (ou vigiado) para as bicicletas, existem balneários próprios para quem se desloca de bicicleta, com chuveiros, local de carregamento das baterias, etc.
Temos a certeza de que, existindo condições, os commuters surgirão. Ganham as cidades (menos poluição, menos tráfego, maior fluidez geral), ganham as pessoas (mais saúde física e mental) e ganham as empresas (trabalhadores mais eficientes e pró-ativos, menor taxa de absentismo).