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Pagar para ver ao vivo os ciclistas nos finais de etapa?

Para além de estar a ser criticada a decisão de algumas emissoras de televisão cobrarem um pay per view em determinadas provas, agora foi o ex-ciclista Jérôme Pineau que lançou esta ideia - que não é nova - de modo a tentar encontrar financiamento que salve os organizadores de provas e equipas.

Luvas Delgado e Carlos Pinto

2 minutos

Pagar para ver ao vivo os ciclistas nos finais de etapa

O ciclismo distingue-se da maioria das restantes modalidades (salvo raras exceções, como o ciclocrosse e a pista) por ser um espetáculo gratuito para os fãs. Mas já se começa a colocar em questão essa gratuitidade nos finais de etapa das grandes voltas. 

O ex-ciclista Jérôme Pineau deu a sua opiniáo num podcast francês Grand Plateau da RMC Sport, no qual propôs introduzir um sistema de entradas pagas em certas provas ou etapas.

"Pode ser uma surpresa para algumas pessoas, mas na Volta a França do próximo ano o Alpe d´Huez vai receber duas chegadas. Se fecharmos os últimos cinco quilómetros desta subida, podemos privatizá-la", referiu.

Pineau disse neste podcast que o dinheiro obtido com estes bilhetes poderia ir diretamente para as equipas, dado que a verba que recebem da Amaury Sport Organization é muito baixa. 

"Tradicionalmente o ciclismo sempre foi um desporto do povo. É gratuito e acessível a todos. Mas atualmente só duas equipas conseguem sobreviver: a Bahrain Victorious e a UAE Emirates. Assim é menos divertido, não é?", destaca o francês. 

Este desequilíbrio financeiro, em que há dois lados da balança - por um lado superequipas que conseguem contratar os melhores ciclistas do mundo e por outro estruturas a passar dificuldades - é reconhecido por vários intervenientes. Marc Madiot, diretor desportivo da equipa Groupama-FDJ também esteve no podcast concorda que existem estas questões financeiras, mas não partilha da opinião de Pineau no que diz respeito ao pagamento de bilhetes para assistir ao vivo à Volta a França. 

"Sou a favor do acesso gratuito. O ciclismo é a última grande modalidade que continua a ser gratuita e essa é uma das nossas mais-valias. Temos de ser realistas: não vamos resolver os nossos problemas criando mais zonas VIP". 

A questão das audiências também é importante nesta equação. Embora as audiências televisivas das provas de ciclismo estejam saudáveis, sobretudo nas Grandes Voltas, há um novo panorama televisivo a ser implementado em alguns países: o pay per view. 

Em nações com grande tradição no ciclismo, não se espera um grande decréscimo no número de espectadores, embora sofra sempre um impacto. Em países com baixos rendimentos, o problema pode ser maior, embora seja precisamente nesses países que cresce mais a pirataria (plataformas ilegais que captam o sinal e o redistribuem sem autorização). Em todo o caso, os esforços têm sido mais na identificação dos fornecedores e rastreamento de utilizadores através dos IP do que propriamente na redução do preço dos serviços pagos. 

Que efeito terá este modelo pay per view no futuro do ciclismo? Ainda é demasiado cedo para saber, mas dentro de dois ou três anos já será possível fazer uma análise mais profunda. 

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