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Há mais de 160 ciclistas sem contrato para a próxima temporada

Parece mentira, mas há mesmo mais de 160 ciclistas no WorldTour e no ProTeam sem equipa para a próxima temporada. A situação está tão complicada que alguns estão a ponderar abandonar a carreira, enquanto outros provavelmente se vão sujeitar a aceitar um contrato no terceiro escalão - Continental - e tentar regressar quando as coisas melhorarem.

CARLOS PINTO. FOTOS: DION KERCKHOFFS / PAPON BERNARD (SPRINT CYCLING AGENCY)

Há mais de 160 ciclistas sem contrato para a próxima temporada
Há mais de 160 ciclistas sem contrato para a próxima temporada

Muitos pensam que o ciclismo internacional é um mar de rosas, quando na realidade não é. Também lá fora as equipas lutam para sobreviver. As equipas dependem de patrocínios e esses patrocínios, salvo raras exceções, dependem de resultados.

Numa altura muito complicada para a economia mundial, em que a guerra, as tarifas comerciais, a inflação, a instabilidade política e o crescimento do e-commerce em plataformas chinesas estão a afunilar a quantidade de marcas interessadas em investir no ciclismo de topo, é urgente analisar aquilo que se está a passar. 

Há ainda mais dois fatores que contribuem para esse decréscimo de marcas interessadas em apoiar equipas de ciclismo: os recentes casos de anomailas no passaporte biológico e a necessidade das próprias empresas investirem em recursos para acompanhar o desenvolvimento da Inteligência Artificial.

O resultado tem sido visível no último ano, com fusões de equipas e, sobretudo, numa tendência cada vez mais crescente: aposta em jovens promessas, sobretudo na casa dos 19 ou 20 anos. Tudo isto com o intuito de encontrar o novo "Pogacar".

Obviamente, a manta não estica e isto implica que muitos ciclistas - e staff das equipas - vão ficar sem emprego. Pelas nossas contas são mais de 160 no WorldTour e no ProTour. 

Os nomes mais sonantes são Michal Kwiatkowski, Richard Carapaz, Rúben Guerreiro, Esteban Chaves, Hugh Carthy, Ben Swift, Fernando Gaviria, Jefferson Cepeda, entre muitos outros. Rui Costa também estava na lista, mas entretanto anunciou que vai abandonar a modalidade

Como temos noticiado, alguns ciclistas do WorldTour estão a encontrar espaço em equipas ProTeam e alguns ciclistas das ProTeam estão a regressar ao escalão Continental. Isto é cíclico - já aconteceu no passado várias vezes -, mas com esta dimensão nunca vimos. 

E embora as fusões consigam manter algumas equipas ativas e tenhamos assistido a um investimento massivo de algumas marcas - a Decathlon foi um dos exemplos -, o cenário continua muito negro, porque temos agora um panorama bipartido: por um lado as equipas milionárias e por outro as que mal conseguem sobreviver. 

Não estará na altura de falar na questão dos direitos televisivos? A UCI e os organizadores de provas não parecem muito interessados em sentar à mesa, mas ou o tema é debatido - lembro que em algumas modalidades tiveram de ser as equipas a impôr reuniões e decisões concretas - ou o fosso entre as equipas milionárias e todas as restantes, que lutam para sobreviver, vai ser ainda maior.
 

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