Embora esteja completamente desaparecida do mercado português, a marca alemã Ghost ainda existe e possui um modelo no seu catálogo destinado a gravel, a Asket. Esta bicicleta é tão versátil que consegue abranger todas as valências atuais. Por exemplo, a versão Advanced EQ destina-se a bikepacking e inclui alforges e bolsas; também há uma versão mais destinada a ciclismo urbano, equipada com guarda lamas e descanso; a versão CF é mais leve e possui quadro e forqueta em fibra de carbono; e a topo de gama, chamada CF LTD - que testámos - destina-se a quem gosta de ritmos mais rápidos.
O quadro e a forqueta são fabricados em fibra de carbono High Uni e embora a Ghost não esclareça, trata-se de carbono unidirecional de alto módulo. No design do quadro destacam-se as escoras traseiras onduladas na zona de união ao tubo vertical e horizontal, herdadas da BTT Ghost Lector. O objetivo é aumentar o conforto. Em todo o caso, também destacamos o generoso diâmetro do tubo diagonal e a altura da forqueta.
TRANSMISSÃO MULLET
Os grupos monoprato para gravel, equipados com cassete de BTT têm uma designação própria: mullet. De facto, esta escolha é ideal para quem gosta de competir e precisa de um prato muito grande para rolar rapidamente e manter uma desmultiplicação traseira suficientemente ampla para permitir enfrentar subidas inclinadas. Além disso, esta é uma opção também a ter em conta para todos aqueles que não estão em boa forma, ou que levam os alforges carregados, embora aqui a sugestão seja colocar um prato dianteiro mais pequeno.
A Asket CF LTD vem montada com manetes e cranques Sram Force AXS (monoprato de 40 dentes), embora o desviador, cassete 10-52 e corrente sejam Sram XO de BTT, com tecnologia T-Type Eagle. Portanto tem uma variedade enorme de desmultiplicações, além de a passagem das mudanças ser eletrónica e sem fios.
Em todo o caso, ficámos com a ideia de que a passagem das mudanças foi mais lenta do que outros grupos que tivemos a oportunidade de testar e tivemos problemas com a entrada da corrente no terceiro maior carreto. Quanto às manetes, têm um design agradável, proporcionando potência de travagem e modulação.
MONTAGEM DE LUXO
Quando compramos uma bicicleta nova, geralmente temos a tendência de a comparar com outras. Há também que pense logo que componentes pode substituir para a melhorar. Depois de analisarmos tudo, chegámos a uma conclusão: não mudaríamos nada! Porquê? Porque vem montada com rodas e componentes que estão presentes em bicicletas que custam mais alguns milhares de euros.
As rodas são um dos melhores modelos da DT Swiss para gravel, as GRC 1100 Dict, que combinam leveza e fiabilidade. Têm rolamentos cerâmicos, aros em carbono com perfil aerodinâmico, raios planos de entrada direta e cepo Ratchet XP com um som viciante. O guiador e o espigão de selim, ambos em carbono, são da conhecida marca Easton.
No caso do guiador, tem 44 cm de largura na zona das manetes e 51 na parte inferior, uma aposta clara da Ghost no conforto e, sobretudo, no controlo em termos de condução. As mangueiras dos travões hidráulicos estão montadas pela parte externa do guiador, mas não aproveita nenhuma das guias existentes, o que, do nosso ponto de vista, é algo a rever. E se achas o guiador demasiado largo, ensinamos um truque: roda as manetes ligeriamente para dentro e assim encurtas o apoio das mãos alguns centímetros.
Os pneus Continental Terra Trail são compatíveis com o sistema tubeless, têm 45 mm de largura e tacos de tamanho médio, para um bom controlo em terreno técnico. As rodas estão equipadas com válvulas tubeless, portanto basta adicionar líquido selante. Quanto ao selim, trata-se do Fizik Terra Argo X5, um modelo offroad confortável que não possui carris em carbono.
Durante os primeiros quilómetros do teste ficámos surpreendidos com o facto de ser tão leve e, ao mesmo tempo, tão estável, duas características por vezes tão antagónicas.
É sobretudo em voltas longas que estas duas mais-valias sobressaem. Além disso, o conforto proporcionado pelas escoras onduladas é visível, absorvendo parte do movimento vertical da bicicleta quando andamos em terreno irregular. Também o espigão de selim e os pneus de 45 mm ajudam a manter esta Asket CF tão eficaz.
Quanto à rigidez, está no ponto certo. Se pedalarmos vigorosamente, a bicicleta não torce e quando curvamos não notamos falta de precisão no triângulo dianteiro ou traseiro.
Quanto ao perfil do ciclista ideal para esta bicicleta, a resposta é óbvia: uma percentegam muito elevada dos ciclistas não precisa de uma bicicleta de gravel de competição, os demais são candidatos perfeitos para aproveitar as suas mais-valias.
DADOS | |
Preço | 6.699€ |
Peso | 8,27 kg |
Grupo | Sram XO Eagle AXS/Force AXS |
Rodas | DT Swiss GRC 1100 Dicut |
Geometria | Ideal para longas distâncias |
GEOMETRIA
Tem um ângulo de direção e uma distância entre eixos focados no controlo e na estabilidade, e embora os valores do tubo superior e o reach - mais compridos do que o habitual - nos possam levar a pensar que se trata de uma bicicleta de gravel destinada a competição, o seu curto avanço compensa e, inclusive, proporciona uma manobrabilidade maior. O quadro está preparado para montar pneus até 50 mm - apesar de vir com uns de 45 mm - e na forqueta até podemos colocar um de 55 mm. Estas medidas adaptam-se às novas tendências do gravel, ou seja, pneus mais largos para melhorar a absorção, a tração e a aderência em curva.
Pontos positivos: estabilidade, conforto, leveza e preço justo. Componentes e transmissão de gama alta. 17 roscas para fixação de porta-bidons e alforges. Compatível com suspensão dianteira.
Pontos a melhorar: Copos do pedaleiro Press Fit, em vez de rosca. Passagem de mudanças algo lenta. Mangueiras externas no guiador.