O vencedor da Volta a França de 2006, Oscar Pereiro, faz parte da estrutura da Unipublic, empresa que organiza a Volta a Espanha. E agora, passados alguns dias do fim da Vuelta mais conturbada da história, fez uma longa reflexão sobre tudo o que viveu nas últimas semanas.
"Agora estou melhor, mas estive muito chateado. Provavelmente foram os piores 15 dias da minha vida. Tanta pressão, tanta impotência... durante tanto tempo. Nunca vivi nada assim"
O ex-ciclista galego de 48 anos esteve no programa "El Chiringuito" e confessou ter passado um autêntico inferno.
"Fomos insultados e não há nenhum trabalhador nesta estrutura que esteja a favor do que está a acontecer em Gaza. E simplesmente por estarmos a fazer o nosso trabalho e querer levar avante uma corrida parecíamos o inimigo número um. Nós também queremos a paz no mundo. Fomos chamados de assassinos, genocidas e vendidos. Cuspiram e atiraram urina na nossa direção, empurraram ciclistas. Segundo eles, nós eramos os maus da fita e estávamos a encobrir o que se estava a passar. Mas encobrir o quê? O que é que poderíamos fazer? Absolutamente nada!"
Oscar Pereiro esteve bastante emocionado durante toda a conversa e mostrou grande solidariedade com todos os elementos da organização que tudo fizeram para que a Volta a Esoanha chegasse a Madrid.
"Sentimos que nos deixaram abandonados à nossa sorte. A UCI não dizia absolutamente nada. O COI também ficou calado. Políticos deste país, ex-ministros e deputados estavam na via pública a cortar a estrada, a tentar atropelar ciclistas. O Ministro do Interior aplaudiu, dizendo que a manifestação era pacífica. O Primeiro Ministro também. Estas pessoas vieram aqui ver se era pacífico ou não? Eu vi que não. Em Madrid, 22 polícias ficaram feridos e nem sequer carregaram sobre os manifestantes, porque a ordem era precisamente essa. E este país pensa que vai organizar um Mundial de Futebol? A Volta a Espanha não conseguiu terminar em Madrid porque alguém decidiu boicotá-la."
No final, Pereiro lançou um desafio aos governantes.
"Vamos ver se o Governo tem a coragem de impedir a seleção espanhola de jogar o Mundial se Israel participar".