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Diretor técnico da Vuelta sugere abandono da Israel-Premier Tech

Os protestos dos ativistas pró-Palestina estão a colocar em risco não só a segurança dos ciclistas como a verdade desportiva. "Em algum momento teremos de valorizar se devemos proteger uma prova internacional, como a Volta a Espanha, ou uma equipa", referiu Kiko García, diretor técnico da Vuelta. No entanto, a equipa israelita já anunciou que não vai abandonar a prova.

Ainara Hernando (Bilbao). Foto: Tommaso Pelagalli (Sprint Cycling Agency)

Diretor técnico da Vuelta sugere abandono da Israel Premier Tech
Diretor técnico da Vuelta sugere abandono da Israel Premier Tech

Ontem, após a neutralização da etapa devido aos protestos dos ativistas pró-Palestina, todos os jornalistas cercaram Kiko García, diretor técnico da Volta a Espanha. "Só há uma solução e todos sabemos qual é. Que a própria equipa de Israel perceba que estando aqui não facilita a segurança", referiu García. "Após a primeira passagem pela meta vimos logo que era praticamente incontrolável e que tínhamos de fazer algo. Havia duas opções: parar a corrida ou tentar agradecer aos inúmeros fãs bascos presentes com o maior espetáculo possível até onde fosse possível". 

A decisão foi "anotar os tempos a três quilómetros da meta. Para nós, esta foi a melhor solução. Sem vencedor de etapa, porque era muito complicado por ser em descida", referiu o técnico. 

Kiko García referiu ainda que "quero crer que hoje será mais complicado", mas relembrou que "sabemos que se não reagirmos, se não houver alterações, os protestos vão continuar. Temos a obrigação de seguir o regulamento e a participação da equipa é obrigatória. Quem tem de decidir abandonar não somos nós. O nosso trabalho é tentar proteger os ciclistas, as equipas e a corrida. E é isso que estamos a fazer. Acredito que devido a estes factos, alguém vai reagir". 

O responsável da Vuelta salienta que a organização está de pés e mãos atadas. "Falámos com a UCI mesmo antes da Volta a Espanha começar, porque sabíamos que havia pessoas a organizar os protestos. Até agora não houve alterações e esperamos que sejam tomadas medidas rapidamente". 

"Tomámos a melhor decisão e após falarmos com as equipas, elas também concordam. Queremos zelar pela segurança sem perder mais que três quilómetros de espetáculo."

E qual será o futuro desta edição da corrida? A prova prossegue hoje na Cantábria e depois segue em direção às montanhas das Astúrias: La Farrapona e o Angliru. "Não me atrevo a antecipar nada porque não sei o que vai acontecer. É muito complicado. Não nos podemos colocar na pele das pessoas. Sabemos que a situação vai continuar enquanto a situação desportiva e o regulamento não forem alterados. Como diretor técnico, organizador e funcionário da Unipublic, a nossa obrigação é tentar zelar pelo bem estar dos ciclistas e tentar que o espetáculo continue. Em algum momento teremos de valorizar se devemos proteger uma prova internacional, como a Volta a Espanha, ou uma equipa. Não podemos fazer nada para além do nosso trabalho". 

Questionámos acerca da reunião com os ciclistas antes do início da etapa e Kiko García explicou o que foi debatido. "Tivemos esta reunião para tranquilizar os ciclistas, dando a garantia que as forças da ordem nos iriam ajudar. Sabíamos que havia a possibilidade de antecipar o problena. Creio que tendo em conta tudo aquilo que aconteceu, conseguimos resolver bastante bem, mas não podemos dizer que estamos satisfeitos". 

Perguntámos se a equipa israelita iria continuar até Madrid. "Não posso assegurar porque não depende de mim. Têm de perguntar a eles. Não podemos tomar nenhuma decisão nesse sentido, nem ativa nem passivamente. Seguimos um regulamento. Por exemplo, quem é que pode expulsar o Maccabi da Euroliga? Tem de ser a federação internacional, é isso que está nos estatutos. Falámos com eles muito antes de isto acontecer e referimos que estávamos preocupados. Só há uma solução para que isto volte à normalidade, mas essa decisão não podemos ser nós a tomar".

Em jeito de conclusão, Kiko García revelou que "ontem à noite estive até altas horas a falar com o diretor geral da equipa Israel-Premier Tech, explicando a situação. Agora, mais do que nunca, precisamos da ajuda da polícia. Temos de ter a consciência de que isto é muito complicado. Pouco mais posso fazer". 

ISRAEL-PREMIER TECH RECUSA ABANDONAR A PROVA

A equipa israelita emitiu um comunicado onde refere que não vai abandonar a Volta a Espanha, salientando que "qualquer outra decisão poderia supor um precedente perigoso no ciclismo, não só para a Israel-Premier Tech, como para todas as equipas". 

A equipa refere que respeita o direito de protesto, sempre que seja de modo pacífico e não comprometa a segurança do pelotão. No mesmo comunicado, a equipa reitera a intenção de chegar a Madrid. 

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