A equipa espanhola Caja Rural-Seguros RGA apresentou queixa à Guardia Civil, considerando-se vítima da divulgação "parcial, tendenciosa e descontextualizada" de um boletim de ocorrência policial contido no processo judicial da Operação Ilex contra o doping, a qual resultou na suspensão de Miguel Ángel López.
Durante a Volta a Espanha deste ano, foi enviado anonimamente um documento em PDF de 23 páginas a diversos meios de comunicação social, a todas as equipas na prova e a outros organismos espanhóis e internacionais, como a UCI, a Agência Espanhola Antidopagem (CELAD) e a Agência Mundial Antidopagem (AMA). A intenção deste envio anónimo era vincular a equipa com sede em Navarra com o doutor Maynar, principal réu da Operação Ilex, que a Guardia Civil está a levar a cabo e na qual está a ser investigada uma alegada rede de dopagem supostamente dirigida por este professor da Universidade da Extremadura e médico desportivo (aliás, já foi sancionado com uma pena de 10 anos pela Federação Portuguesa de Ciclismo por prescrever substâncias proibidas a ciclistas da antiga equipa LA-MSS).
Segundo o jornal espanhol El País, nesse PDF de 23 páginas (com o título "Team organized doping", havia transcrições de conversas e audios de WhatsApp datadas de 2021 e 2022 que revelam o contato de vários ciclistas da Caja Rural-Seguros RGA com Marcos Maynar, com mensagens sobre treinos e produtos para melhorar o desempenho desportivo.
Os documentos - selecionados para indicar apenas ciclistas da equipa espanhola, e nos quais alguns estavam riscados - já estão incluídos na Operação Ilex e nos mesmos aparece o nome do venezoelano Orluis Aular e de outros três ciclistas cuja identidade não foi revelada. O envio anónimo deste documento aconteceu no dia 7 de Setembro e no dia seguinte Aular não esteve na linha de partida da 13ª etapa da Volta a Espanha por uma "indisposição", segundo a equipa.
"Através destas conversas e segundo as palavras tanto de Maynar como dos ciclistas, os investigadores da Guardia Civil concluíram que o contato entre as duas partes foi estabelecido por Juan Manuel Hernández, manager e responsável desportivo da equipa", escreveu Carlos Arribas no El País. Segundo ele, os primeiros relatórios policiais sugerem que estas informações vieram a público por um responsável insatisfeito de uma equipa por ter ficado de fora da Volta a Espanha.
Após esta notícia ter sido divulgada em Espanha, a equipa navarra reagiu emitindo um comunicado oficial, na qual indica que o documento foi enviado "com o objetivo de prejudicar a reputação da Caja Rural-Seguros RGA. A informação que aparece refere-se a uma pequena parte de um procedimento judicial de investigação de eventuais crimes contra a saúde pública e o desporto em que nem a equipa nem nenhum dos seus membros aparecem implicados".