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Em breve, todos usaremos travões com sistema ABS

Os sistemas ABS que estamos a testar nas bicicletas das gamas 2020 vieram para ficar e permitem travar "à pele", gerindo a travagem e a aderência do pneu.

Iván Mateos

Em breve, todos usaremos travões com sistema ABS
Em breve, todos usaremos travões com sistema ABS

Sempre que aparece uma inovação tecnológica surgem sempre vozes discordantes que colocam em causa a sua verdadeira utilidade. Será que um novo produto é, na verdade, uma necessidade ou o fruto do marketing? Na maioria das situações, é considerado um avanço real em termos tecnológicos, mas também é conotado como uma invenção sem benefícios reais e cujo objetivo é o lucro económico. Já vimos isto acontecer centenas de vezes ao longo da história do BTT e hoje em dia ainda há quem se oponha aos pedais automáticos, à suspensão ou às rodas 29", apesar de essas tecnologias terem demonstrado as suas verdadeiras vantagens.

Uma nova tecnologia que está a causar uma autêntica mudança nos últimos tempos é o sistema ABS para eBikes. Segundo as estatísticas, cerca de 60% dos acidentes com ebikes em estrada estão relacionados com a travagem e a perda de controlo da roda dianteira. Nas últimas décadas vimos surgirem diferentes dispositivos encarregados de "moderar" a travagem das nossas bicicletas, desde que apareceram os travões do tipo V-brake. A intenção é a mesma que a atual, ou seja, evitar o bloqueio da roda dianteira como medida de segurança para evitar acidentes, procurando manter o contato da roda com o terreno

En breve, todos frenaremos “a muerte” y sin miedo a derrapar

Um travão tem de ter potência suficiente para parar a bicicleta rapidamente, mas evitando, na medida do possível, o bloqueio involuntário da roda, que pode ocasionar uma perda de aderência e assim provocar uma queda. Neste aspeto também entra em jogo a perícia e a técnica de travagem do biker, mas perante um imprevisto e um susto podemos reagir pressionando instintivamente os travões, e neste caso seria excelente ter um sistema que evite bloquear a roda, ou seja, um ABS (Anti Block System)

Como funciona o ABS?

O ABS é utilizado em veículos a motor desde a década de 70, e a Bosch foi a pioneira em termos de design. O sistema impede o bloqueio total da roda, evitando a derrapagem e a perda de aderência e controlo. Pode realizar-se através de um procedimento mecânico, controlando a pressão da travagem, ou eletrónico, numa travagem em seco, se a roda bloqueia (com o travão bloqueado), o sistema liberta a roda apenas o suficiente para conservar a aderência no terreno

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Na década de 90, com o surgimento dos travões do tipo Cantilever, aconteceu o contrário: era necessário aumentar o seu poder de travagem, e foram instalados potenciadores que multiplicaram o movimento de alavanca, como os Force40 da Cannondale, ou os Tektro Power Force. Os travões daquela época travavam muito pouco, e não precisavam de ABS. 

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Com a chegada dos V-brakes, a capacidade de travagem das BTT deu um salto exponencial e algumas marcas, como a Shimano, lançaram em 2007 moduladores para evitar bloqueios na roda dianteira, como o Power Modulator. Não era mais do que uma mola instalada no cabo, a qual, após uma travagem com uma determinada força, "absorvia" parte da pressão aplicada na manete.  

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Algumas marcas desenharam as suas próprias versões, como os calços SABS Anti-Lock para V-brake, que apareceram em 2012. Consistiam num sistema mecânico muito similar a um ABS, que após superada uma determinada força de travagem criava uma vibração que separava as pastilhas do aro e as voltava a juntar, até 23 vezes por segundo, evitando o bloqueio total. 

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A chegada das eBikes fez com que ciclistas de nível técnico discreto e com pouca experiência tivessem acesso ao BTT, o que levou à necessidade de desenvolver sistemas de segurança ativa. A empresa catalã Akrovalis lançou em 2016 o Outbraker, um sistema mecânico compatível com qualquer marca de travões de disco do mercado. O Outbraker é colocado na bicha do travão e dissipa o excesso de pressão do fluido (ponto que é regulável para que atue antes ou depois), evitando o bloqueio total da roda. Algumas marcas, como a Lobito, instalam-no de série nas suas bicicletas.

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A Bosch apresentou em 2018 o seu sistema de ABS para e-Bikes de cidade, desenvolvido com a Magura. O sistema eletrónico externo, equipado com sensores nas pinças dos travões e com uma unidade central colocada na direção, é capaz de gerir a pressão da travagem. 

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Mas as grandes inovações que nos fazem prever o futuro dos sistemas de travagem chegaram este ano. A empresa Trefecta desenvolveu juntamente com a Bluebrake um sistema eletrónico de controlo ABS integrado dentro do quadro da bicicleta. Utiliza sensores nos travões de disco que fazem leituras 100 vezes por segundo e detetam situações perigosas, atuando no controlo da pressão hidráulica do travão dianteiro para garantir uma travagem progressiva.

Estamos perante a antecâmara da próxima evolução dos sistemas de travagem? Provavelmente sim, porque embora olhemos para estas evoluções com algum receio, a eletrónica é o presente e o futuro. Além disso, o objetivo é que as nossas bicicletas sejam cada vez melhores, mais seguras e que provoquem experiências inigualáveis.