Conselhos de compra

TESTE: Trek Procaliber 9.7

Estás à procura de uma nova bicicleta, mas não sabes se deves comprar uma suspensão total ou uma rígida? Este artigo pode ajudar-te a decidir, porque esta é talvez a bicicleta de XCO semirrígida mais confortável do mercado.

Carlos Almeida Pinto. Fotos: Luís Duarte

5 minutos

Testámos a Trek Procaliber 9.7

A nova Trek Procaliber de terceira geração deixou de ter o sistema IsoSpeed na junção entre o tubo superior, vertical e escoras e passou a ter um muito mais simples – chamado Isobow - que permite ao tubo vertical fletir de modo controlado, ajudando a filtrar as vibrações.

 

Este novo sistema, como dispensa o elastómero e a respetiva articulação, torna o quadro mais leve e requer menos manutenção. Não é marketing, é a realidade, como comprovámos ao longo das semanas de teste. O segredo reside no carbono OCLV e na enorme abertura entre o tubo vertical e o tubo horizontal.

 

O quadro é mais leve – passou de 1.350 gramas para 1.150 gramas – e a bicicleta completa nesta montagem que testámos pesa 11,06 kg no tamanho XL, alcançando facilmente os 10,5 kg no tamanho M, já com líquido selante nos pneus e espigão de selim telescópico. Este valor é incrível numa bicicleta que custa pouco mais de 4.000 euros e que tem um comportamento irrepreensível.

Nunca testámos uma semirrígida com este grau de conforto

MONTAGEM IRREPREENSÍVEL

A Procaliber é uma bicicleta de XCO, XCC e Maratonas pronta para competir. O quadro é fabricado no luxuoso carbono OCLV, mas também as rodas e o cockpit são fabricadas neste material.

Quanto ao cockpit, trata-se do elegante Bontrager RSL cujo comprimento do avanço difere consoante o tamanho do quadro. Neste caso tem 90 mm o que, graças ao tubo superior mais comprido faz com que tenhamos uma posição de condução apta para competir, mas não demasiado agressiva. Aliás, encaixámos na perfeição nesta bicicleta, algo que nem sempre acontece quando as bicicletas são vendidas com cockpits integrados de origem.

 

As rodas são as fantásticas Bontrager Kovee Elite 30 em carbono, com sistema Tubeless Ready. Basicamente estas rodas (que pesam 1593g) têm o mesmo perfil das mais caras Kovee RSL, mas estas aguentam melhor as agruras do BTT puro e duro e têm na mesma garantia vitalícia. Se comprares esta bicicleta, sai da loja já com selante da própria marca e podemos desde já adiantar que não sofremos qualquer furo durante todo o teste.

Na montagem também destacamos a transmissão eletrónica sem fios Sram GX Eagle AXS, com uma cremalheira de 34 dentes e uma cassete 10-52. Nunca sentimos que a transmissão fosse curta em ambiente de XC, mas em maratonas mais rolantes, sobretudo aquelas onde queremos aumentar o andamento nas descidas, uma cremalheira de 36 ou 38 dentes poderá ser a melhor opção.

 

Quanto à suspensão, trata-se de uma RockShox SID com mola Debon Air e 120 mm de curso. Este aumento de curso – antes tinha 100 mm – faz toda a diferença, sobretudo em trilhos repletos de raízes ou pedras, pois garante mais disponibilidade. Raramente esgotaremos o curso e no fundo, como temos mais curso, ganhamos em termos de confiança, sobretudo em trilhos técnicos.

 

Como não podia deixar de ser, inclui um espigão de selim telescópico Bontrager Line que, embora não seja leve, nos ajuda a adotar uma posição ideal nas descidas mais verticais ou nos trilhos mais difíceis.

 

Acresce o facto de, no lado esquerdo do guiador, podermos controlar o espigão e o bloqueio da suspensão num controlo remoto bastante prático. Não podemos também deixar de mencionar os punhos em espuma de alta qualidade e os travões SRAM Level Bronze de quatro pistões, que garantem uma travagem de nível muito elevado.

 
 

O novo sistema Isobow é mais eficiente do que o anterior Isospeed e é mais leve.

 

 

 

PINÇA DE TRAVÃO FLUTUANTE

À primeira vista nem damos por ela, mas a pinça de travão traseira está alojada no próprio eixo da roda, flutuando e amortecendo as vibrações, mas sem contaminar a travagem. Não é um sistema novo, mas vale a pena ser mencionado. Este sistema também está presente na Supercaliber.

 

GEOMETRIA ACERTADA

Já referimos que com esta bicicleta nos sentimos super bem. Parece que encaixámos na perfeição, fruto da sua geometria acertada, nem demasiado agressiva, nem super relaxada. E isso quer dizer o quê em termos de valores? Quer dizer que o ângulo de direção foi reduzido face à versão anterior, passando de 68,8 para 67º, o Reach passou de 450 para 460 no tamanho L, o tubo de selim ficou mais vertical (passou de 73,8 para 74,3º) e no cômputo geral a bicicleta ficou mais comprida entre eixos e está mais estável.

Isso reflete-se num comportamento previsível, amigável, fiável. Tem tanta estabilidade que podemos arriscar mais nas zonas técnicas e tem tudo o que precisamos para enfrentar qualquer desafio com aprumo. É muito leve e rápida em trilhos maioritariamente planos, explosiva nas subidas (graças ao baixo peso das rodas, suspensão, quadro e cockpit) e eficiente nas descidas.

 

Atrevemo-nos a dizer que está a meio caminho entre as rígidas tradicionais e as bicicletas de suspensão total de baixo curso, aproximando-se ligeiramente mais destas do que das primeiras.

AVALIAÇÃO FINAL

Temos de confessar que antes de iniciarmos o teste a esta Procaliber, estivemos a testar durante vários meses uma bicicleta de suspensão total. Portanto, iniciámos este teste algo convictos de que teríamos de ter um pouco de mais “cuidado” nas descidas técnicas, cheias de pedra e que teríamos de reduzir a velocidade naquelas descidas rápidas que geralmente fazemos a dar o máximo. Não podíamos estar mais enganados. Esta bicicleta surpreendeu-nos pela positiva e até consideramos que em alguns tipos de percursos é melhor do que a Supercaliber, sobretudo nos que têm muitas subidas ou são mais rolantes. E se não tens muita paciência para grandes manutenções, opta mesmo por esta Procaliber.

 

DETALHES A TER EM CONTA

  • O cockpit fabricado numa só peça em carbono é muito leve, ajuda a filtrar as vibrações e proporciona um look racing. 
  • O Isobow é, de certa forma, um prolongamento das escoras traseiras até ao tubo superior. Faz lembrar o design das Corratec Superbow dos anos 90, mas este novo sistema da Trek é muito mais eficiente. 
  • A SRAM está presente nesta bicicleta na íntegra, começando nos travões Sram Level, passando pela transmissão eletrónica e terminando na suspensão RockShox SID, que também pertence ao mesmo grupo. 
  • Embora estejam quase impercetíveis, se olharmos com cuidado para a parte inferior do tubo superior, podemos encontrar furações para colocar uma bolsa com um kit anti furos. 
  • De origem vem montada com pneus Bontrager Sainte-Anne RSL XR na medida 29x240”. São leves, têm tacos de meia altura, para rolarem com eficácia e para XC são uma boa opção. No entanto não são os mais indicados para piso enlameado. 
  • No lado esquerdo do manípulo o controlo remoto tem dois manípulos. Um serve para controlar o espigão de selim telescópico, enquanto o outro bloqueia/desbloqueia a suspensão. 
 

O melhor: Montagem. Qualidade geral. Comportamento e fiabilidade.

A melhorar: Não tem bloqueio da rotação do guiador. Pouca variedade de cores.

 

FICHA TÉCNICA

Quadro: Carbono OCLV
Suspensão: RockShox Sid, 120 mm
Pedaleiro: Sram GX Eagle, 34 dentes
Desviador: Sram GX Eagle AXS
Manípulo: SRAM AXS Pod
Cassete: SRAM Eagle XS-1275, 10-52 12 velocidades
Corrente: SRAM GX Eagle
Travões: SRAM Level Bronze
Direção: FSA IS 2
Avanço e guiador: Cockpit Bontrager RSL Carbon
Punhos: ESI Chunky
Selim: Bontrager Verse Short Elite
Espigão: Bontrager Line (telescópico)
Rodas: Bontrager Kovee Elite 30
Pneus: Bontrager Sainte-Anne RSL XR, 29x2.4             
Peso: 11,06 kg (tamanho XL sem pedais)
Tamanhos: S a XL
Preço: 4.009€

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