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Teste Scott Addict eRide 10 (com vídeo)

Nunca subiste a Serra da Estrela de bicicleta ou a Senhora da Graça? Costumas sofrer muito nas subidas das tuas voltas domingueiras? Esta Addict eRide pode ser a solução para ti, abrindo um leque de possibilidades que até agora desconhecias…

Carlos Pinto. Fotos e vídeo: Pedro Lopes

6 minutos

Teste Scott Addict eRide 10 (com vídeo)

O que é, afinal, o ciclismo? Depende do ponto de vista. Para muitos de nós, o ciclismo é uma atividade física que nos permite desfrutar da natureza, ultrapassar os nossos limites fazendo desporto e, ao mesmo tempo, permite socializar com os nossos companheiros de pedaladas. Mais do que uma atividade física o ciclismo é um estilo de vida inclusivo em que a troca de experiências gera amizades que podem durar uma vida inteira.

Mas nem todos, por indisponibilidade de tempo para treinar, por problemas de saúde, excesso de peso, pela idade ou por qualquer outro motivo, têm a possibilidade ou a capacidade de seguir o ritmo do seu grupo de amigos nas subidas. Muitos, pura e simplesmente não participam nas voltas de grupo quando sabem que o acumulado de subida vai ser grande, temendo ficar para trás ou não ter energias para o regresso.

 

A partir de agora, isso acabou. A Scott Addict eRide 10 é um dos exemplos de bicicletas que chegaram precisamente com o propósito de nos ajudar a cumprir os nossos sonhos, quer seja subir a mítica subida à Senhora da Graça, a longa tirada até à Serra da Estrela ou pura e simplesmente aquilo que nos apareça pela frente nas nossas voltas.

Com um design elegante e competitivo, a Addict eRide 10 é uma bicicleta elétrica que não se assemelha em nada às típicas eBikes e que se comporta tal e qual uma bicicleta de estrada convencional.

VÊ AQUI O VÍDEO:

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MAIS DO QUE APARENTA

Só os mais atentos vão perceber que se trata de uma bicicleta elétrica, e mesmo assim muitos ficarão na dúvida. Como o quadro não ostenta sinais visíveis da existência de um motor e de uma bateria, a descrição é a palavra de ordem nesta Scott. Além disso, não existem tubos exageradamente sobredimensionados, sendo o quadro em tudo semelhante ao Addict que todos conhecemos.

O quadro é fabricado em fibra de carbono HMX, tal como a forqueta e toda a cablagem está oculta, para um design limpo e homogéneo. A geometria é neutra, com uma posição de condução mais virada para o endurance, de modo a pedalarmos durante mais horas sem desconforto.

A transmissão desta versão eRide 10 foi confiada ao conhecido grupo eletrónico Shimano Ultegra Di2, o qual mantém as mudanças sempre afinadas e a motorização Mahle de 460Wh tem 40Nm, um torque baixo, mas suficiente para este tipo de bicicletas.

 

O motor está colocado na roda traseira, a qual tem um enraiamento especial e a bateria está integralmente escondida dentro do tubo diagonal. Para a carregar, a Scott desenvolveu um sistema inteligente, discreto e eficaz: na parte inferior do tubo vertical existe uma pequena comporta devidamente tapada, a qual inclui uma cobertura magnética da mesma cor do quadro. É praticamente impercetível.

Da lista de periféricos sobressai, como é tradição na Scott, a marca Syncros, sobretudo nas rodas Capital 1.0 – de perfil médio – no cockpit, no espigão e no selim. Quanto aos pneus, foram escolhidos os soberbos Schwalbe One de 30 mm com parede lateral castanha, a mesma cor do selim. Aliás, a decoração está muito bem escolhida, pois o cinza do quadro, o castanho do selim e lateral dos pneus, bem como a tonalidade psicadélica dos logotipos fazem com que este pack seja dos mais bonitos à venda no mercado.

DETALHES

Belcarra 

 

O selim Syncros Belcarra 2.0 que vem de origem nesta Addict é a versão com canal central – existe outra versão com abertura – e destina-se a quem adota uma posição mais neutra, não tão agressiva. Enquadra-se perfeitamente no perfil desta bicicleta, devido à sua geometria endurance e ao facto de neste tipo de bicicletas permanecermos mais tempo sentados do que numa bicicleta tradicional. A base é em fibra de vidro reforçada com nylon e apenas está disponível numa medida: 250x130.

Motor Mahle 

 

O motor tem um torque adequado a este tipo de bicicletas elétricas – 40Nm – estando, obviamente, limitado a 25 km/h.  Possui três níveis de assistência e é possível descarregar uma aplicação para monitorizar e personalizar ao nosso gosto bem como fazer updates de software. Por seu lado, a bateria está localizada no tubo diagonal. Tem 36V e 208 WH. Este modelo pode levar um kit de extensão de energia Range Booster, que poderás comprar num dos agentes Scott oficiais.

Cockpit 

 

Uma bicicleta elétrica de estrada sem cablagem visível parece ser algo futurista. Mas não é! A Scott já disponibiliza e nesta versão eRide 10 a configuração ficou espetacular. Mais uma prova de que as bicicletas elétricas de estrada não precisam de criar anticorpos entre a geração que ainda não acredita na potencialidade deste tipo de velocípedes.

Central 

 

A central de comando do sistema elétrico está situada na parte superior do tubo horizontal, perto da direção. Neste prático sistema, baseado num sistema de cores, podemos ver o estado do sistema, mudar de modo de assistência à pedalada (bastando para tal carregar com o dedo até mudar de cor) e confirmar o estado de carga da bateria. É um sistema eficaz, mas requer que em andamento por vezes tenhamos de olhar para o tubo superior. Futuramente uma solução poderá passar por colocar este sistema mais perto do campo de visão natural, ou seja, na zona do avanço ou guiador, embora mantendo o aspeto discreto e minimalista.

Quadro

 

A posição de condução da Addict eRide 10 é muito confortável e permite-nos pedalar durante longas horas. O quadro em si é leve, com acabamentos de altíssimo nível e a decoração (logotipos) é soberba, mudando de tonalidade consoante a direção da luz. Uma autêntica obra de arte que não deixa ninguém indiferente.

COMO É QUE SE COMPORTA EM ANDAMENTO?

Na estrada é surpreendente. Ao contrário do que se possa pensar, as sensações de condução são em tudo iguais às de uma bicicleta tradicional de estrada, mas tem a vantagem de proporcionar uma ajuda extra – se assim o quisermos – até aos 25 km/h. Ou seja, se preferirmos ir pedalar com o sistema desligado, podemos fazê-lo sem qualquer problema e sem atrito.

A bicicleta pesa 11,50 kg no tamanho L, rolando muito bem (conseguimos manter velocidades médias a rolar entre os 30 e os 40 km/h) e só notaremos nas subidas – devido ao peso – que o motor pode ser o nosso maior aliado. Como tem uma distância entre eixos compacta, tem uma excelente maneabilidade, permitindo curvar com grande à-vontade, mesmo em zonas apertadas. Embala bastante bem e o peso extra na secção traseira ajuda a aumentar a velocidade em descida, mas nada que nos coloque em perigo. Aliás, esta Addict transmite muita confiança.

 

Os travões hidráulicos Ultegra, os discos de 160 mm e os 30 mm dos pneus Schwalbe garantem que a segurança está em primeiro lugar. Aliás, os pneus são tão aderentes e proporcionam tanto conforto que chegámos a abusar um pouco nas curvas e contracurvas das nossas descidas favoritas. Nunca sentimos receio de perder a tração ou cair e em travagens mais bruscas todo o sistema funciona exemplarmente.

Quanto ao sistema de assistência à pedalada Mahle, é muito intuitivo, extremamente simples de usar e nota-se a diferença dos níveis. Não tem um arranque explosivo, o que é ótimo, pois não nos coloca em perigo, conferindo um apoio mais ntural. Praticamente ninguém com quem andámos descobriu que se tratava de uma bicicleta elétrica, até porque o motor é bastante silencioso e só quando parámos para o tradicional café é que alguns repararam que o cubo traseiro não tinha as dimensões tradicionais.

 

Com uma carga completa, é possível fazer mais de 115 km com uma altimetria superior a 1.900 metros, mas tal depende, obviamente, do nosso peso, do vento e de inúmeros fatores. Obviamente se andarmos mais em estradas planas e sem vento contra, o motor pouco ajudará (pois só apoia até aos 25 km/h), mas em dias de vento frontal, em que a média baixa muito, é uma ajuda preciosa. Bem como quando as nossas voltas incluem muito acumulado de subida. Ter a ajuda do motor permite-nos gerir melhor a nossa energia, podendo depois optar se queremos chegar a casa um pouco mais frescos ou se, pelo contrário, queremos fazer uma volta mais longa e com mais acumulado.

Esta bicicleta abre-nos assim mais possibilidades – chegar mais longe e mais alto – sabendo que, mesmo que a bateria acabe, ela nos permite continuar a pedalar até chegarmos a casa. E tu, já experimentaste uma bicicleta destas?

 

O VEREDITO

Bonita, discreta – nem notamos que estamos perante uma bicicleta elétrica – e com uma sensação natural de condução, a Adddict eRide 10 é uma bicicleta polivalente que nos abre um leque de possibilidades, caso o acumulado de subida seja o nosso calcanhar de Aquiles. Temos sempre de pedalar e suar, mas o motor Mahle está lá para nos dar uma ajuda extra quando a pendente nos faz subir o ritmo cardíaco.

PONTUAÇÃO: 9,4

Estabilidade: 10
Travagem: 10
Conforto: 9
Cicloturismo: 10
Competição: 8
 

FICHA TÉCNICA

Quadro: Carbono HMX
Forqueta: Carbono HMX
Tamanhos: XS a XL
Cranques: Shimano Ultegra 50-34
Desviador F: Shimano Ultegra Di2
Desviador T: Shimano Ultegra Di2
Manetes: Shimano Ultegra Di2
Corrente: Shimano Ultegra Di2
Rodas: Syncros Capital 1.0
Cassete: Shimano Ultegra 11-32
Pneus: Schwalbe One 700x30c
Travões: Shimano Ultegra Di2
Guiador: Syncros Creston iC Compact
Avanço: Syncros RR iC
Espigão: Syncros Duncan 1.0 Aero
Selim: Syncros Belcarra Regular 2.0
Peso total: 11,50 kg (tamanho L)
Preço: 6.699,99 euros
Distribuidor: Stand Jasma

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