A categoria reservada às bicicletas elétricas superleves ainda não tem limites definidos. A BH enquadra-se neste segmento através desta iLynx, a qual possui uma bateria de longo alcance e um motor leve, mas potente.
Em teoria, estas ebikes leves têm menos capacidade de propulsão, uma autonomia menor e quadros muito mais leves do que os tradicionais, mas a BH desenvolveu uma visão um pouco mais particular destas bicicletas. Entre as poucas que podemos encontrar hoje neste segmento recém-nascido (como a Orbea Rise, Specialized Turbo Levo SL ou a Trek e-Caliber), com o modelo iLynx optaram por uma bateria de 540 Wh e um motor que atinge até 65 Nm. Isto faz dela a bicicleta com a maior capacidade de motor e bateria entre as bicicletas elétricas ligeiras.
540 Wh de capacidade de bateria pode não parecer um valor muito confortável, considerando que hoje em dia é habitual encontrar níveis de 625 Wh e superiores; mas no contexto desta iLynx, com um peso inferior ao de uma bicicleta elétrica "normal" e com características de pedalada e rolamento muito elevadas, estamos perante um "Jumbo" em termos de autonomia, sendo muito superior aos seus rivais diretos, cujos números variam entre 250-360 Wh. Não se deve esquecer que a maioria das ebikes de BTT atuais, especialmente as primeiras gerações, têm um alcance de 500 Wh, tornando-a uma das com maior autonomia no mercado, e melhorando o seu peso e qualidades dinâmicas.
O MOTOR ATINGE 65 NM DE BINÁRIO E ASSISTE ATÉ ÀS 110 RPM
A BH anuncia que com esta bicicleta é possível percorrer até 130 km apenas com esta bateria interna e até 175 km se ligarmos a bateria adicional XPro. Quanto a esta última, é provavelmente a melhor em termos de conceção de todas as que vimos, simulando perfeitamente um bidon normal e dispensando o cabo característico que todos elas necessitam para ligar a bateria ao quadro.
Para tal, é necessária uma grade especial (e respetiva instalação) que é compatível com um bidon normal, embora neste caso os conectores estejam expostos por não terem uma tampa de borracha para os cobrir, um aspeto que poderia ser melhorado. Esta bateria também vem de série nos dois modelos mais caros. Não podemos confirmar as autonomias anunciadas pela BH, uma vez que estas são calculadas em condições ideais que não podemos replicar no nosso campo de testes, com declives muito variáveis e condições exigentes, mas é claro, com a iLynx pedalámos sempre completamente despreocupados, chegando a casa com mais de um terço da bateria interna depois de uma manhã inteira a pedalar.
GAMA COMPLETA
Esta bicicleta completa a extensa gama de ebikes de BTT de longo curso da BH, como a Xtep e a AtomX para Trail e Enduro (de 140 a 160 mm de curso e com motores Brose S-Mag e Shimano EP8), e fá-lo precisamente com base na ideia de que nem todos os que querem uma bicicleta elétrica procuram uma geometria e um comportamento para downhill e reforçado em termos de componentes (que predomina hoje em dia), razão pela qual desenvolveram este modelo tão semelhante na capacidade de rolar e subir à sua parente sem motor Lynx.
Assim, a iLynx foi desenvolvida com base na sua irmã não elétrica. Aliás, o seu desenvolvimento foi realizado em paralelo e adota o novo conceito de amortecimento traseiro com o pivot no tubo do selim (e não no tubo superior como a Lynx anterior), e requer uma extensão do amortecedor. Tem também um eixo sobredimensionado no pivot principal, o pivot das escoras inferiores, o que a torna muito rígida neste ponto crucial.
A versão testada tem 120 mm de curso em ambas as suspensões, pelo que é quase idêntica à Lynx Race LT concebida para downcountry, uma mentalidade que se enquadra perfeitamente no uso recreativo de uma eMTB. Dos quatro modelos à venda, todos, exceto o topo de gama, têm este curso. O mais caro tem 100 mm, com um conjunto de componentes também mais concentrado na leveza. Esta 8.4 é a segunda do catálogo, com um peso de 18,26 kg (tamanho M, sem pedais e bateria adicional).
MOTOR PRÓPRIO 2ESMAG
O motor 2ESMAG já é conhecido por ser o mesmo que é utilizado nas suas bicicletas elétricas de Gravel, como a Core Carbon, e é também utilizado nas suas bicicletas de estrada motorizadas, o que já indica o tipo de desempenho que tem como objetivo.
Com um corpo muito compacto em termos de dimensões, leve (2.200 g) e visualmente discreto, a sua potência é de 65 Nm, longe dos 75-85 Nm frequentemente encontrados nos motores mais potentes, mas um pouco superior ao adotado por outros fabricantes neste segmento (exceto o motor Shimano da Orbea Rise, que corresponde a este valor).
DEVIDO À SUA ESTÉTICA E AO SILÊNCIO DO SEU MOTOR, PODE SER CONFUNDIDA COM UMA BICICLETA CONVENCIONAL
E isto é algo que se torna claro se tentarmos usar os modos de assistência mais elevados, empurrando com bastante entusiasmo até ao limite da velocidade de corte de assistência (25 km/h) se a inclinação do terreno não for muito íngreme. Algo que a aproxima de uma bicicleta sem motor é o seu Factor Q, de apenas 163 mm, fazendo com que a posição das nossas pernas seja muito boa para subir.
Onde a BH também pensou de forma diferente das outras marcas foi na inclusão de um visor no guiador em vez de ter um conjunto de LED como fazem nas suas bicicletas de estrada/Gravel, por isso aqui assemelha-se mais de uma eMTB convencional. Além disso, o X-Display (também feito pela marca) é generoso em tamanho, muito legível e com muita informação.
TECH INFO:
Não só o motor foi desenvolvido pela BH, mas também todo o seu software e firmware. Os menus são alguns dos mais claros que podemos encontrar, perfeitamente explicados e em diversas línguas. Uma particularidade deste motor é que está configurado para nos oferecer um total de 4 modos principais de assistência (Eco, Eco+, Sport e Boost), mais um extra que ajusta automaticamente a propulsão do motor. O último pode ser ajustado de duas maneiras: a primeira, que vem de série, responde ao torque que exercemos nos pedais, ou seja, com mais potência quanto mais força e cadência aplicarmos, assumindo que queremos ir mais rápido ou ultrapassar uma inclinação com maior velocidade. A segunda responde à nossa pulsação, aumentando a assistência, assumindo que estamos a utilizar a bicicleta de forma mais intensiva. Para este último, precisamos de ligar a nossa banda do monitor do ritmo cardíaco via Bluetooth. No início é um pouco complicado alternar entre tantos modos e pode parecer que há demasiados, pois os saltos de um para o outro são pequenos. No entanto, os quatro modos principais são totalmente configuráveis em percentagem de assistência e aceleração.
Podemos personalizar tanto os modos de visualização como de assistência. O motor da iLynx tem uma entrega de assistência gradual, passo a passo, e desde o início não sentimos um pico de energia repentino que é característico de outras bicicletas elétricas.
Enquanto no início sentimos que a entrega de torque do motor era talvez um pouco subtil, quando rolámos em trilhos com pouca aderência descobrimos que era uma grande vantagem quando se tratava de arrancar numa encosta íngreme, uma vez que impede a roda traseira de escorregar. No entanto, descobrimos o contrário quando se pára de pedalar. O 2ESMAG tem um pequeno atraso quando deixamos de pedalar, entre meio segundo e um segundo em que continua a empurrar e depois corta a seco. Em muitas ocasiões este impulso residual surgiu num momento em que queríamos que a bicicleta perdesse alguma velocidade para a colocar em locais difíceis, por exemplo, ao entrar numa curva muito apertada. Com o tempo habituámo-nos a antecipar o seu comportamento.
Bateria XPro
Com um design semelhante ao de um bidon normal, a bateria adicional passa despercebida na iLynx, especialmente porque o cabo é pouco visível. Até que a bateria interna tenha sido consumida, o motor não a solicita, mesmo que esteja ligada à corrente. Pesa menos de um quilo, 970 g, cerca de 200 g a mais do que um bidon cheio de água.
A iLynx é uma bicicleta muito agradável de utilizar se estivermos à procura de uma “todo-o-terreno” que não precise de entrar em terrenos muito difíceis, e graças à suspensão de 120 mm e à geometria moderna e equilibrada é bastante segura e previsível no terreno técnico.
No geral, achámos a bicicleta fácil de manusear em terreno sinuoso. Neste sentido, os 120 mm de curso estão à altura da tarefa e suavizam os obstáculos quando entramos em terreno mais acidentado. As limitações desta bicicleta são impostas sobretudo pelos seus pneus demasiado frágeis (120 TPI) que, para além de serem fáceis de furar, têm um piso muito baixo e pouca aderência.
É FÁCIL CHEGAR A MAIS DE 100 KM SE PEDALARMOS NAS ASSISTÊNCIAS BAIXAS.
Está equipada com travões Shimano Deore XT de duplo pistão com discos de 203 mm que travam com tal potência que empurram rapidamente o Ardent Race e o Ikon para o limite da sua capacidade de travagem. Pneus mais reforçados e um pneu dianteiro um pouco menos rolante seria uma melhoria lógica. Claro, estes Maxxis lembram-nos constantemente o ADN de corrida em que esta bicicleta se baseia, com uma pedalada bastante fácil e enérgica, mesmo quando nos atrevemos a pedalar sem assistência.
Se isto acontecer, os mais de 18,5 kg deste modelo (com pedais e bidon) não são obviamente uma "pena", mas graças a esse carácter mais típico de uma confortável bicicleta XC do que uma bicicleta Trail, significam que a iLynx pode rolar com alguma facilidade. Em caso de ficar sem bateria - o que não é muito fácil com esta bicicleta – podemos ficar descansados, pois podermos pedalar em direção a casa sem ajuda, se o terreno não for demasiado exigente e se não estivermos com muita pressa.
O melhor.
- Uma estética que se assemelha a uma bicicleta não elétrica.
- Autonomia recorde.
- Manuseamento ágil.
- Extensor de autonomia incluído.
A melhorar
- Atraso no corte do motor.
- Conector da grade de bidon sem tampa.
- Pneus.
DESTAQUES
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Se há uma coisa que faz sobressair as bicicletas de suspensão total da BH é a qualidade dos seus sistemas de amortecimento traseiro, atingindo valores de Antisquat e Brake Jack apreciáveis. Nesta iLynx a secção traseira funciona realmente muito bem.
- Embora neste tipo de ebike leve a utilização ou não de display seja algo discutível, gostamos do modelo fornecido pela clareza da apresentação dos dados e pela sua margem de personalização. Graças à cablagem interna da iLynx no copo de direção superior, o resultado é muito limpo.
- O comando do espigão de selim impede-nos de acionar os botões do controlo remoto do motor em algumas ocasiões complicadas (no meio de uma descida, por exemplo), e acima de tudo, de aceder ao botão de ignição. A opção de alavanca debaixo do guiador seria mais adequada a esta combinação de controlos.
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O avanço BH FIT está preparado para albergar o seu kit multiferramentas específico no interior. A direção ACROS tem uma rotação limitada de 75° de cada lado.
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O selim PROLOGO e o espigão de selim BIKEYOKE são ambos excelentes, duas peças de alta qualidade comuns nas bicicletas BH.
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O quadro está disponível no programa de personalização de cor BH UNIQUE, com milhares de combinações.
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Apenas a parte saliente do lado esquerdo da bicicleta nos lembra de que estamos a pedalar numa bicicleta elétrica, para além do visor. O motor é um dos mais silenciosos que já testámos.
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Os cranques FSA CARBON têm um acabamento espetacular ao vivo e acrescentam um toque extra de exclusividade. Têm um comprimento de 165 mm.
FICHA TÉCNICA:
[QUADRO] Fibra de carbono. 120 mm. [AMORTECEDOR] Fox Float DPS Performance. [SUSPENSÃO] Fox 34 Factory. 120 mm. [MOTOR] BH 2ESMAG. [BATERIA] R System. 540 Wh. [DISPLAY] BH X Display. [PEDALEIRO] FSA Carbon. 165 mm. 34 d. [DESVIADOR] Shimano XTR. 12 v. [MANÍPULO] Shimano Deore XT. [CASSETE] Shimano Deore XT. 10-51. [CORRENTE] Shimano Deore XT. [TRAVÕES] Shimano Deore XT M8120. Discos 203 mm. [DIREÇÃO] Acros AIF-546 ICR Auto Bloqueável. [AVANÇO] BH FIT integrado 60 mm. [GUIADOR] BH Evo Carbon Riser. 760 mm. [PUNHOS] Ergon GE1-Factory. [SELIM] Prologo Scratch M5 Stn. [ESPIGÃO DE SELIM] Bike Yoke Divine. 125 mm curso. [RODAS] BH Evo C30 Carbon TR. [PNEUS] Maxxis Ardent Race/Ikon. 120 TPI, MaxxSpeed EXO TR. 29x2,35. [PESO] 18,26 kg (tamanho M, sem pedais). [TAMANHOS] S, M e L. [PREÇO] 7.999,90 €. [+INFO] BH Bikes, www.bhbikes.com
Resumindo
- Uma bicicleta elétrica leve com um motor enérgico e muita autonomia.
- As qualidades de pedalada, baseadas nas da sua irmã Lynx sem motor, foram retidas quase na sua totalidade, aproximando-a muito de uma confortável bicicleta de XC e Trail com 120 mm de curso.