A última geração da Oiz foi lançada em 2018. Ao longo destes anos, este modelo foi um autêntico sucesso de vendas, tanto em XC como em XCM e esteve disponível tanto na sua vertente mais racing com 100 mm de curso como na versão de Trail ou Down Country com 120 mm, denominada TR.
Agora, a Orbea decidiu remodelar mais uma vez este modelo e posicioná-lo como um dos mais avançados do momento. E embora à primeira vista possa parecer que não existem alterações substanciais (a parte mais visível é a cablagem totalmente oculta e alguns ajustes), na realidade estamos perante uma Oiz completamente nova e mais audaciosa.
Tem uma geometria mais moderna, cablagem mais oculta e integrada, bloqueio na direção e mais curso disponível.
120 MM DE CURSO
Talvez o aspeto mais importante seja a aposta a cem por cento nos 120 mm de curso à frente e atrás, como já acontece na Rockrider 920 ou na nova Scott Spark. A cinemática desta bicicleta está perfeitamente desenhada em redor deste curso, aliada a um peso baixo e a uma geometria acertada. Assim, podemos aproveitar muito melhor os trilhos de XCO, XCM e DC sem os limites que os 100 mm de curso impunham.
Desta forma, já não existem duas Oiz como na geração anterior, uma com 100 mm de curso e uma montagem mais leve e outra com 120 mm e componentes mais robustos. Agora, só existem modelos de 120 mm e a marca assegurou que já não voltará a produzir versões com menos curso.
O sistema de amortecimento continua a ser o mesmo e mantém o nome UFO, mas sofreu ligeiras alterações, sobretudo no link que tem uma relação peso/rigidez superior.
Isto significa que a eficácia de pedalada é muito boa, combinada com uma absorção adicional. Além disso, a Orbea confia no sistema de amortecimento com três posições (aberto, compressão intermédia e bloqueio total), permitindo que se adapte ao tipo de terreno e às circunstâncias.
Como curiosidade, estas bicicletas trazem de origem bloqueios Fox do tipo "push to unlock" em vez dos habituais "push to lock". Esta decisão não tem a ver com falta de stock, mas sim com a intenção de evitar as limitações dos bloqueios remotos da Fox nos quais muitas vezes ao abrir o sistema hidráulico, parece que não recupera o suficiente.
O link não foi a única peça alvo de uma remodelação total. Embora todo o quadro seja novo, aparentemente o triângulo traseiro é mais parecido ao anterior, mas na verdade também foi profundamente modificado e as suas formas foram redesenhadas, de modo a aumentar a rigidez global cerca de 12%. No entanto, os engenheiros da marca tiveram o cuidado de não tornar o novo quadro demasiado rígido, pois o objetivo também é proporcionar conforto, facilidade de condução, tração e acelerações rápidas.
As escoras são um pouco maiores e a distribuição das camadas de carbono foi modificada. Agora estão estruturadas no plano horizontal em vez de vertical, com uma união mais robusta do link, de modo a aumentar a rigidez.
Aliás, as escoras traseiras formam parte de uma estrutura que a Orbea apelida de Power Spine, na qual, juntamente com o pedaleiro, tubo diagonal e testa da direção, formam um conjunto em que a rigidez foi maximizada, especialmente ao nível da torção, para resistir às nossas tentativas de vergar a bicicleta quando aceleramos numa rampa ou num sprint.
O peso do novo quadro ronda os 1.750 gramas no tamanho M, mas estivemos nas instalações da marca e pesámos um que registou 1.739g com amortecedor!
O peso mencionado corresponde à versão de carbono OMX topo de gama. Há também a versão OMR com um peso inferior a 2 kg, o que não deixa de ser um excelente valor e há ainda uma terceira versão em alumínio Hydro.
Também foi possível pesar a bicicleta que está a ser usada pelo Gestor de Produto Ander Corral que acusou na balança 9.98 kg com pedais e grade de bidon (no tamanho M).
Sendo um quadro totalmente novo, tem uma multiplicidade de novos detalhes, e um dos mais marcantes é a sua direção integrada com batente de rotação para evitar danos no quadro em caso de queda. Introduziram os cabos através do copo superior da direção, como já vimos muitas vezes noutras bicicletas, mas onde a Orbea passou muitas horas de trabalho foi a desenvolver soluções para resolver os problemas do dia-a-dia em termos de manutenção, uma vez que um dos inconvenientes habituais deste tipo de direção é encontrado na altura de efetuar o processo de limpeza e lubrificação, ou pior, quando chegar a altura de substituir os rolamentos, especialmente o superior. Por esta razão, por um lado, foi dada muita atenção ao isolamento do interior da direção, com uma vedação meticulosa na qual, por exemplo, temos diferentes peças de borracha para cobrir os orifícios, dependendo do número de cabos que a nossa bicicleta tem.
Também recorreram à instalação de um rolamento superior muito mais caro. Os rolamentos Enduro topo de gama garantem que se o tempo inclemente (ou água pressurizada) for capaz de passar a primeira barreira, este rolamento ainda tem as suas próprias armas de defesa.
Esta filosofia é passada para outras partes da bicicleta, tais como o eixo principal do braço oscilante, onde encontramos uma junta de vedação dupla (o próprio rolamento e uma junta de borracha com um rebordo duplo à sua volta) para aumentar a proteção da mesma forma, precisamente numa área que leva muito castigo da lama e da pistola de água pressurizada. Não esqueçamos, de facto, que as bicicletas Orbea não são concebidas, desenvolvidas e testadas na ensolarada Califórnia, mas sim no País Basco.
Voltando à direção, o sistema de bloqueio de rotação Spin Lock foi desenhado em conjunto com o avanço de modo a criar um "bloco" sólido e mais homogéneo. Assim, todo o conjunto, incluindo os espaçadores da direção e o próprio copo superior limitam a rotação a 164º. A união entre estas peças é muito específica - muito similar ao do sistema Knock Block da Trek -, mas no caso da Orbea podemos instalar sem qualquer problema outro avanço, mas nesse caso perderemos a função de bloqueio de rotação.
E quanto ao avanço, tem um ângulo de 10 graus negativos e é fabricado nas seguintes medidas: 60, 75 e 90 mm (consoante o tamanho da bicicleta).
Podemos montar duas grades de bidon em todos os tamanhos do quadro, incluindo o S. Na Oiz anterior, os tamanhos pequenos só podiam transportar uma grade.
Todos nós somos fãs de produtos leves, mas em muitas ocasiões a leveza está associada a um material mais frágil a longo prazo e a mais preocupações. A Orbea optou por rolamentos e sistemas de qualidade que oferecem a maior fiabilidade possível, tais como o pedaleiro de rosca. Além disso, o quadro tem garantia vitalícia.
Como curiosidade, o travão traseiro tem uma fixação do tipo Flat Mount nos quadros fabricados em carbono OMX enquanto nos quadro em carbono OMR e nos Hydro de alumínio, a fixação é do tipo Post Mount. O motivo desta decisão tem a ver principalmente com o facto de que à medida que descemos na gama de preço, não é possível encontrar travões para Flat Mount mais baratos no mercado.
GEOMETRIA MODERNA
A geometria foi otimizada em conjunto com o curso e foi atualizada, talvez sem valores extremos. Por exemplo, tem um ângulo de direção de 67º e um ângulo de selim de 76,5º, e de acordo com o que vimos noutros lançamentos da marca, como na última Rallon ou Occam, em geral a bicicleta é mais comprida e baixa. Por exemplo, o Reach tem apenas 450 mm no tamanho M, cerca de 25 mm a mais do que a Oiz XC e a testa da direção tem somente 90 mm (no tamanho M) para compensar a altura da suspensão de 120 mm e continua a ter o guiador muito baixo. As escoras têm 432 mm de comprimento, o que é notável.
TESTE NO TERRENO
Nos dois dias que passámos a testar a nova Oiz (mais de 100 km e mais de 3.500 metros de acumulado) ficou claro que os 120 mm de curso são perfeitamente compatíveis com ritmo de competição, mais ainda numa bicicleta com um quadro tão leve e com as novas rodas Oquo. A nova geometria, concebida para ser mais divertida e estável, especialmente em descida, consegue também uma distribuição de peso mais centrada sobre o pedaleiro da bicicleta, o que se traduz em última análise num melhor desempenho ao longo dos quilómetros (e das horas).
Acrescente-se à equação o novo design mais limpo e elegante, mais protegido para menos preocupações de manutenção, e temos uma bicicleta de XC bem equilibrada, de última geração, capaz de manter o seu título de campeã de vendas.
A nova geometria - que está a ser adotada por várias marcas - não permite um "ataque" tão vigoroso nas subidas, mas não a torna lenta nem preguiçosa. Muito pelo contrário, e agora contamos com a ajuda de um novo par de rodas Oquo M30 Team (que pesam 1.430g) que rolam bastante bem. A Oquo é a nova marca de rodas "Premium" da Orbea.
Embora o ângulo de direção aberto e a utilização de avanços mais curtos possa ser algo que os riders mais tradicionais de certa forma receiam, como esta Orbea conta com um tubo de selim mais vertical e um Reach mais comprido, isto faz com que consigamos pedalar com um bom apoio sobre o eixo dianteiro.
A distribuição do peso é mais centrada sobre o pedaleiro da bicicleta, o que na prática traduz-se num melhor comportamento geral. Os pneus Maxxis Rekon Race 2.4" encaixam muito bem nos objetivos desta bicicleta pois são roladores, confortáveis e muito estáveis.
ONZE OIZ
No total, há onze versões da Oiz, quatro em carbono OMX topo de gama (a partir de 6.299€), quatro em carbono OMR (a partir de 3.999€) e três em alumínio Hydro (a partir de 2.799€).
Todas têm cores diferentes e existe a possibilidade de personalizar através do conceito MyO.
Poderás saber mais detalhes em www.orbea.com.