Cada vez há mais pessoas a andar de bicicleta e apesar de a maioria optar por voltas curtas perto de casa, há quem se aventure em locais mais distantes e também há quem não prescinda de levar a bicicleta durante as férias ou ao fim de semana. Embora em Portugal os suportes para o tejadilho sejam os mais vendidos, não são os mais polivalentes e seguros. Primeiro, porque exigem algum esforço para colocar a bicicleta em cima do automóvel, segundo porque temos de nos lembrar constantemente de que não podemos estacionar em garagens, locais com toldos nem em parques subterrâneos, e terceiro, porque o consumo do automóvel é maior.
A OPÇÃO MAIS ERGONÓMICA
O suporte de bicicleta para bola de reboque é a opção ideal e é a mais usada em toda a Europa, embora em Portugal não seja sobretudo por motivos financeiros - são mais caros - e a legislação não é muito favorável. Em todo o caso, é claramente a melhor opção para transportar bicicletas mais pesadas ou ebikes, porque o esforço requerido é mínimo.
Outro ponto a favor deste sistema é a aerodinâmica. Ao contrário dos suportes de tejadilho, onde as bicicletas ficam expostas ao vento, os modelos de bola de reboque ficam protegidos e no "cone aerodinâmico" do carro quando este está em andamenrto, reduzindo a resistência ao ar, o consumo de combustível e o ruído durante a condução.
Além disso, muitos suportes de bicicletas para bola de reboque são extremamente fáceis de usar, como iremos demonstrar neste teste. Antigamente eram precisas duas pessoas para instalar estes sistemas, mas os atuais são muito intuitivos, mais leves e rápidos e só precisam de uma pessoa. Como este teste se centra em modelos de gama alta, cumprem a legislação europeia na íntegra e nenhum tem grandes falhas, excepto o Spinder, que, pelo menos no nosso teste, falhou em alguns aspetos.
DICA INTRODUTÓRIA
Quanto ao preço destes produtos, os modelos que testámos não são propriamente baratos, mas se fizeres uma busca mais ativa nos sites, encontrarás descontos de 17% ou mais.
No entanto, ressalvamos que o preço não é o único aspeto a ter em conta. Deves analisar se o suporte e o veículo são compatíveis e se o suporte e a bicicleta conjugam bem. Nem todos são universais e há quem se esqueça de analisar este pormenor antes de comprar. Quem tiver dúvidas, o melhor é perguntar num estabelecimento especializado, dado que há inúmeros pormenores a ter em conta, como as fitas que seguram os pneus, a influência do tamanho dos quadros, a largura dos pneus, etc. E se tiveres um quadro de carbono, sugerimos usar sempre proteção adicional. Nota que há inúmeros acessórios à venda em separado, como fitas mais largas, esponjas de proteção de quadros de carbono, extensões para carris, rampas de carga, etc. Por isso mesmo salientamos que convém ir a uma loja especializada.
UEBLER I21 Z
PREÇO: 887 €. PONTUAÇÃO: Muito bom.
O suporte da Uebler é o melhor deste comparativo, mas com uma margem escassa face ao modelo que testámos da Thule. Ganhou este comparativo sobretudo devido à facilidade de montagem e ao seu inovador sistema de bloqueio da bola de reboque, que evita erros de instalação.
Tem poucas falhas a nível geral. O seu design é minucioso, as bicicletas ficam bastante seguras, mantendo as rodas e os quadros fixos no suporte (embora não seja recomendável montar bicicletas muito grandes). Apesar de as calhas serem largas, são um pouco curtas em algumas bicicletas.
No entanto, este é um pormenor que só afeta quem tem bicicletas grandes. O i21 Z60 é um dos melhores durante a condução. É muito estável e as bicicletas não batem umas nas outras, inclusive em alta velocidade ou quando passamos por cima de lombas.
- O melhor: Suporte premium, seguro, leve e com bloqueio da bola de reboque.
- A melhorar: Preço elevado e carris um pouco curtos para bicicletas grandes.
THULE EASYFOLD 3
PREÇO: 949,95 €. PONTUAÇÃO: Muito bom.
Este suporte da Thule é caro e pode ser facilmente montado na bola de reboque por alguém com alguma robustez física.
O sistema que prende as rodas nas calhas é muito bom e os suportes para o quadro da bicicleta são estáveis e robustos. Os carris para os pneus têm as medidas ideais e garantem um apoio seguro.
Inclusivé durante os testes de condução, o suporte da Thule demonstrou ser bastante seguro, embora tenha oscilado um pouco. Não é grave e os valores estão dentro da norma, portanto não valorizámos muito este aspeto. O único inconveniente é que as bicicletas ficam demasiado perto, portanto podem chocar e provocar danos.
- O melhor: Bons acabamentos, sistema seguro, fixação das bicicletas eficaz.
- A melhorar: O suporte é caro e pesado, e as bicicletas ficam demasiado juntas.
ATERA FORZA M
PREÇO: 899 €. PONTUAÇÃO: Muito bom.
No terceiro lugar do comparativo ficou o novo suporte Atera Forza M. Há alguns detalhes que acabaram por impossibilitar a vitória no teste: durante os testes de condução, o suporte oscilou na zona do engate da bola de reboque e como tem calhas curtas, quando usámos bicicletas grandes a roda dianteira moveu-se mais.
No entanto, estes movimentos não são preocupantes - os valores estão dentro do aceitável -. Mesmo assim, tivemos de ter isso em conta e a pontuação final foi penalizada. Além disso, o manual de instruções podia ser mais detalhado, dado que se apoia demasiado em imagens. Tirando isso, este suporte está bem fabricado e demonstra ser seguro e estável na maioria das situações.
- O melhor: Bons acabamentos, sistema seguro, bom sistema de fixação para bicicletas.
- A melhorar: Suporte caro e pesado, carris curtos, manual com excesso de imagens e poucas informações detalhadas.
YAKIMA JUSTCLICK 2 EVO
PREÇO: 739 €. PONTUAÇÃO: Muito bom.
O suporte da Yakima é sólido e nos testes de condução quase passa despercebido - o suporte e as bicicletas permanecem seguros -, no entanto, notámos algumas oscilações.
Tudo dentro do tolerável. Contudo, também notámos algumas debilidades: embora tenha carris extensíveis, que são uma boa opção para quem tem quadros grandes, as correias são demasiado curtas.
Além disso, os carris têm uma altura desigual, o que pode ser problemático. Ou seja, é bom para a bicicleta, mas para colocar uma ebike temos de a levantar mais alto.
- O melhor: Bons acabamentos, sistema de montagem seguro, calhas extensíveis.
- A melhorar: Correias de fixação das rodas demasiado curtas para bicicletas grandes, carga elevada para a bicicleta.
XLC ALMADA WORK-E
PREÇO: 700 €. PONTUAÇÃO: Bom.
Este suporte destaca-se em muitos aspetos: pode ser ajustado perfeitamente a todos os tamanhos de quadro, embora seja necessário algum tempo. Isto pode ser um pouco chato, mas em contrapartida as bicicletas ficam seguras e suficientemente separadas.
Além disso, o Almada Work-E supera os testes de condução, embora com algumas penalizações na pontuação. Apesar de o sistema de bloqueio da bola ser ajustável, desloca-se horizontalmente no encaixe, e notámos movimentos do suporte durante as travagens e na estrada, sobretudo em zonas com vibrações. No cômputo geral, estas irregularidades estão dentro da margem de tolerância, por isso não são motivo de preocupação.
- O melhor: Conceito bem desenhado, bicicletas seguras, adequado para bicicletas grandes.
- A melhorar: Suporte pesado, alguns materiais não são tão premium.
SPINDER TX2
PREÇO: 649 €. PONTUAÇÃO: Aceitável.
O suporte parece ser bem desenhado, mas não podemos dizer o mesmo do bloqueio da bola de reboque. Embora possa ser ajustado, durante os testes de condução o suporte moveu-se bastante na zona de engate e aproximou-se demasiado do automóvel.
No entanto, as fixações fizeram o seu papel. Em todo o caso, isto afetou a pontuação geral nos testes de condução. Tirando este aspeto, o conceito é bom. Os suportes para o quadro adaptam-se bem à bicicleta e as calhas são aptas inclusive para bicicletas grandes.
- O melhor: Suportes de quadro ajustáveis, carris aptos para bicicletas grandes.
- A melhorar: Suporte pesado, o bloqueio da bola é o seu ponto mais débil.
CONDIÇÕES DE TESTE
Neste comparativo examinámos estes suportes exaustivamente, inclusivé com bicicletas elétricas. Além de testarmos num Mercedes Classe C, onde a montagem das bicicletas e o procedimento geral de colocação das bicicletas foi o principal foco, também testámos todos os suportes numa pista com um Genesis GV70 e com um Skoda Karoq.
Nos testes de condução percorremos um percurso em slalom e fizemos mudanças de faixa a 60 km/h, simulando manobras evasivas bruscas (por exemplo, se nos tivéssemos de desviar de um objeto no meio da estrada). Além disso, fizemos travagens de emergência a partir de 100 km/h, bem como testes em pistas de vibração que, no fundo, recriam zonas em terra batida e lombas na estrada.
Os suportes transportaram bicicletas elétricas das marcas Ghost, Giant, Hepra e Radon em diversas combinações possíveis, com um peso total entre 47 e 50 kg. Isto levou os suportes ao seu limite, como verificámos em alguns casos.
No nosso teste avaliámos os suportes de bicicletas em termos de facilidade de utilização e segurança. Também avaliámos a simplicidade de montagem e o comportamento dinâmico, comprovando a clareza das instruções, bem como a qualidade geral e o conceito de cada modelo.
O foco principal foi a montagem, a colocação das bicicletas no suporte e a fixação das rodas. Também avaliámos a qualidade dos sistemas anti-roubo e o acesso ao porta-bagagens com o suporte carregado.
Para ter aprovação final, cada suporte tinha de ter pelo menos 45 pontos nos testes de condução, caso contrário a pontuação seria negativa. Todos os modelos testados superaram o mínimo estabelecido.
INFORMAÇÃO IMPORTANTE A TER EM CONTA
Se a tua viatura não tem bola de reboque, não há problema. Podes instalar uma - há versões fixas e removíveis - que custam entre 400 e 1150 euros. A opção mais barata é o engate fixo, mas recomendamos os modelos que se desmontam. Além disso, se comprares um automóvel novo podes pedir para vir de origem com um suporte de bola de reboque, que normalmente é mais barato do que se optares por instalar posteriormente.
Nota que a carga vertical é um aspeto muito importante a ter em conta. Deves somar o peso do suporte mais o das bicicletas para ter a certeza de que é compatível. Por exemplo, se comprares um suporte de bicicletas que pesa 25 kg e vais transportar duas bicicletas (cujo peso ronda os 50 kg), a carga vertical mínima do engate deve ser de 75 kg. Pode parecer um pormenor insignificante, mas é extremamente importante em termos de segurança.
CONCLUSÃO
Todos os suportes que testámos superaram os testes e nenhum se soltou da bola de reboque ou deixou marcas nos para-choques dos veículos. Mais do que um simples acessório prático, estes dispositivos são uma peça importante que nos dá liberdade e permite explorar o nosso espírito aventureiro. Permitem a milhões de entusiastas do ciclismo transportar as suas valiosas (e frequentemente caras) bicicletas de forma segura e com estilo até qualquer destino desejado. Também sugerimos que leias um artigo que publicámos e que explica o que diz a lesgislação portuguesa a respeito destes suportes. Clica aqui para ficares a par de tudo.
SUPORTE | UEBLER i21 Z60 - VENCEDOR | THULE EASYFOLD 3 | ATERA FORZA M | YAKIMA JUSTCLICK 2 EVO | XLC ALMADA WORK-E | SPINDER TX 2 |
Preço | 887 | 949,95 | 899 | 739 | 700 | 649 |
Peso | 13,5 kg | 18,5 kg | 18,2 kg | 17 kg | 20,4 kg | 18 kg |
Carga máxima/ Nº de bicicletas | 60 kg/2 | 60 kg/2 | 60 kg/2 | 60 kg/2 | 60 kg/2 | 60 kg/2 |
Suporte montado | Sim | Sim | Sim | Sim | Sim | Sim |
Sistema dobrável | Sim | Parcialmente | Sim | Sim | Sim | Sim |
Anti-roubo | Sim | Sim | Sim | Sim | Sim | Sim |
Velocidade máxima | 130 km/h | 130 km/h | 130 km/h | 130 km/h | 130 km/h | 130 km/h |
Mais informação | www.uebler.com | www.thule.com | www.atera.de | https://yakima-eu.myshopify.com/collections | www.xlc-parts.com | www.spinder.com |
MONTAGEM E USO | ||||||
Qualidade/uso (10 pontos) | 8 | 7 | 8 | 7 | 7 | 5 |
Montagem (10 pontos) | 10 | 10 | 10 | 10 | 8 | 5 |
Manual (0 a 5) | 5 | 4 | 4 | 4 | 4 | 4 |
Processo de carga (10 pontos) | 9 | 9 | 9 | 8 | 8 | 9 |
Fixação das bicicletas (15 pontos) | 12 | 12 | 12 | 11 | 12 | 12 |
Proteção anti-roubo (5 pontos) | 5 | 5 | 5 | 5 | 5 | 5 |
Acesso porta-bagagens (5 pontos) | 5 | 5 | 5 | 5 | 5 | 5 |
Resultado parcial (60 pontos) | 54 | 52 | 53 | 50 | 49 | 45 |
TESTES DE CONDUÇÃO COM CARGA VERTICAL AUTORIZADA | ||||||
Mudança de faixa brusca (30 pontos) | 29 | 27 | 25 | 27 | 25 | 15 |
Teste de vibração (30 pontos) | 28 | 28 | 27 | 28 | 27 | 15 |
Travagem brusca (30 pontos) | 29 | 28 | 29 | 27 | 27 | 15 |
Resultado parcial (90 pontos) | 86 | 83 | 81 | 82 | 79 | 45 |
Pontuação total (150 pontos) | 140 | 154 | 134 | 132 | 128 | 90 |
CLASSIFICAÇÃO | MUITO BOM |
MUITO BOM |
MUITO BOM |
MUITO BOM |
BOM | ACEITÁVEL |