A corrente da bicicleta é, metaforicamente, como é óbvio, como se fosse o óleo do motor do nosso automóvel. Todos sabemos que o motor só funciona se tiver o óleo recomendado pelo fabricante, certo? Nas correntes das bicicletas acontece algo parecido, ou seja, não podemos colocar uma qualquer, mesmo que seja apta para o número de velocidades da nossa bicicleta. Deves seguir estes princípios básicos para garantir que a tua transmissão funciona em boas condições e evitar problemas futuros.
SUBSTITUIÇÃO PERIÓDICA
Com o passar dos quilómetros, a corrente vai-se alongando e isto é provocado devido à tensão a que está submetida constantemente. No caso das bicicletas elétricas - devido ao torque do motor - o problema é ainda maior. E quando a corrente alonga demasiado, como se diz na gíria das bicicletas, fica demasiado grande para os espaços que existem entre os dentes dos carretos e das cremalheiras, começando a apoiar mal, desgastando-os prematuramente.
Não existe uma regra exata que defina quando é que devemos substituir a corrente, pois isso depende do uso, da limpeza e lubrificação que costumas fazer na tua corrente e das condições atmosféricas da zona onde resides e pedalas (se moras perto do mar, a substituição será mais frequente devido ao salitre). Mas em regra, no caso das bicicletas de BTT ficou instituído pela indústria que se deve mudar entre os 1.200 e os 1.500 km, enquanto no caso das e-Bikes entre os 800 e os 1.000 km. Em todo o caso, é melhor comprovar se a corrente se alongou através de uma ferramenta específica (que poderás comprar em qualquer loja de bicicletas), identificando nesse preciso momento se de facto é preciso substituí-la. Por vezes, a corrente ainda aguenta mais algumas centenas de quilómetros.
AS VELOCIDADES CORRETAS
Antigamente era tudo mais fácil, porque a mesma corrente servia para cassetes de 6, 7 e 8 velocidades, mas agora tudo está um pouco mais complicado. Atualmente há cassetes de 10, 11 e 12 velocidades que têm um espaçamento entre carretos mais curto, porque são montadas em cubos com cepos que têm basicamente o mesmo comprimento. Isto fez com que as correntes sejam cada vez mais estreitas.
Por este motivo, tens de montar uma corrente que corresponda ao número de velocidades da tua cassete: se a tua cassete é de 11 velocidades, tens de montar uma corrente de 11 velocidades. Podes montar uma corrente para um número de velocidades superior (ou seja, de 12 velocidades neste caso), mas não vai ficar a funcionar a 100%.
SE OPTARES PELA MESMA MARCA SERÁ 100% COMPATÍVEL
Montar correntes de marcas diferentes da transmissão (ou seja, que não sejam da Shimano ou da SRAM) é algo usual no nosso mercado. Aliás, há marcas de altíssimo nível, como a KMC, a Taya ou a Connex que produzem correntes compatíveis, no entanto, devido ao exclusivo e patenteado design dos dentes das cassetes da SRAM e da Shimano, só assegurarás a máxima compatibilidade, durabilidade e ausência de ruídos parasitas se montares correntes da mesma marca que a transmissão.
Se olhares para o design dos elos das correntes das diferentes marcas, verás que são diferentes, tanto na parte interna como externa. As correntes da Shimano, por exemplo, têm de ser montadas numa posição concreta, com uma das faces para o lado externo, tal como as novas correntes Flattop dos grupos SRAM Eagle.
O BARATO SAI CARO?
Este provérbio popular faz sentido na maioria das situações. Certamente já ouviste dizer que "se colocares uma corrente SLX, é como se fosse uma XT, mas custa metade". Ouvimos isto inúmeras vezes, mas esta é, digamos assim, uma meia verdade, porque se olhares para as características das correntes de gamas díspares, há grandes diferenças. As de gama alta são submetidas a tratamentos de endurecimento (a Shimano usa o Sil-Tec, ou cromados) e anticorrosão (aço inoxidável), que aumentam a vida útil da corrente.
Não só são mais resistentes ao alongamento, mas também mantêm a suavidade de funcionamento durante mais tempo, adiando o desgaste das cremalheiras e dos carretos. Os tratamentos de endurecimento como o cromo ou níquel costumam ter cores vivas, como o prateado, o dourado ou o arco-íris. Este é um bom truque para identificar as correntes de boa qualidade.
CORRENTES DE 12 VELOCIDADES. QUAL É A QUE DEVO COMPRAR?
Neste artigo vamo-nos focar nas transmissões de 12 velocidades, as mais vendidas atualmente no BTT. Na listagem poderás encontrar certamente a corrente ideal para ti.
KMC DLC12
Esta corrente é a mais consagrada da KMC e possui o famoso acabamento Diamond Lile Coating, que reduz a fricção, melhorando assim a sua durabilidade e a funcionalidade. Além disso, se queres dar um toque colorido à tua transmissão, esta corrente combina elos pretos e coloridos.
Tratamento de endurecimento: DLC Tech
Tratamento antifricção: X-Bridge
Pinos ocos: Não
Elo rápido: MissingLink
Preço aproximado: 120 €
KMC e12 Turbo
A KMC foi das primeiras marcas a desenvolver correntes específicas para bicicletas elétricas. São mais resistentes (especialmente no link) e têm um design específico. Esta corrente está disponível em quatro cores distintas e está disponível, como o nome indica, na versão de 12 velocidades para elétricas.
Tratamento de endurecimento: Cromado
Tratamento antifricção: X-Bridge
Pinos ocos: Não
Elo rápido: MissingLink
Preço aproximado: 72 €
KMC e12 Turbo EPT
O tratamento EPT adiciona resistência contra a corrosão em circunstâncias de humidade, chuva e alta salinidade. A KMC também tem uma versão EPT para bicicletas elétricas de 12 velocidades, estando disponível em prateado.
Tratamento de endurecimento: EPT
Tratamento antifricção: X-Bridge
Pinos ocos: Não
Elo rápido: MissingLink
Preço aproximado: 68 €
KMC X12
Um dos principais atributos desta corrente da KMC é a variedade de cores disponíveis (seis combinações diferentes). É compatível com Shimano, SRAM e qualquer outra transmissão de 12 velocidades, além disso o seu espectro de utilização é amplo, desde o XC até ao DH, embora não seja especificamente recomendada para bicicletas elétricas.
Tratamento de endurecimento: Cromado
Tratamento antifricção: X-Bridge
Pinos ocos: Não
Elo rápido: MissingLink
Preço aproximado: 39 €
KMC X12 EPT
Esta versão da X12 tem um tratamento adicional anticorrosão EPT, o qual aumenta a durabilidade da corrente, tornando-a especialmente indicada para suportar condições de elevada humidade (inclusivé chuva intensa) e de elevada salinidade (ideal para quem mora perto das zonas costeiras). No entanto, só está disponível numa opção em termos de côr: prateado.
Tratamento de endurecimento: EPT
Tratamento antifricção: X-Bridge
Pinos ocos: Não
Elo rápido: MissingLink
Preço aproximado: 45 €
SHIMANO XTR
Esta é a corrente topo de gama da Shimano e é relativamente acessível se tivermos em conta de que é das mais leves, graças aos elos ocos. Além disso, possui o tratamento exclusivo Sil-Tec que melhora a durabilidade e exponencia a suavidade na passagem das mudanças. Tem outro pormenor adicional: a placa interior é maior, para melhorar a retenção, evitando assim saídas de corrente.
Tratamento de endurecimento: Sil-Tec/Cromoduro
Tratamento antifricção: Hyperglide+
Pinos ocos: Sim
Elo rápido: Quick Link
Preço aproximado: 74,99 €
SHIMANO DEORE XT
Tal como a corrente XTR, também possui o tratamento Sil-Tec bem como o tratamento Cromoduto. Além disso, as placas interiores também são maiores para melhorar a retenção, embora neste caso não tenha elos ocos, por isso é ligeiramente mais pesada (mais 10 gramas), embora seja mais barata.
Tratamento de endurecimento: Sil-Tec/Cromoduro
Tratamento antifricção: Hyperglide+
Pinos ocos: Não
Elo rápido: Quick Link
Preço aproximado: 44,90 €
SHIMANO SLX
Esta corrente é muito parecida à Deore XT no que ao design e peso diz respeito. Mas a grande diferença face à XT é a ausência do tratamento Cromoduro dos elos interiores, em contrapartida os elos exteriores têm o tratamentro Sil-Tec.
Tratamento de endurecimento: Sil-Tec
Tratamento antifricção: Hyperglide+
Pinos ocos: Não
Elo rápido: Quick Link
Preço aproximado: 39,90 €
SHIMANO DEORE
Esta é a corrente mais barata da Shimano (para 12 velocidades) e possui basicamente o mesmo design das correntes superiores da marca, sendo compatível com as transmissões de gamas superiores. Pesa o mesmo do que uma corrente Deore XT e SLX, mas não possui o tratamento Sil-Tec nos elos exteriores nem o Cromoduro nos elos interiores.
Tratamento de endurecimento: Não
Tratamento antifricção: Hyperglide+
Pinos ocos: Não
Elo rápido: Quick Link
Preço aproximado: 36,90 €
SRAM XX SL EAGLE TRANSMISSION
As transmissões T-Type da SRAM exigem a utilização de correntes específicas, com design Flattop (tecnologia herdada dos grupos de estrada) e só são compatíveis com este tipo de transmissões. A luxuosa corrente do grupo XX SL incorpora pinos ocos e placas perfuradas para a máxima leveza, com acabamentos em níquel/prata. Não são compatíveis com ebikes.
Tratamento de endurecimento: Cromado
Tratamento antifricção: Flattop
Pinos ocos: Sim
Elo rápido: Power Lock
Preço aproximado: 180 €
SRAM XX EAGLE TRANSMISSION
Esta corrente é compatível com ebikes. Ao contrário da XX SL, as placas não são perfuradas, embora os pinos sejam ocos. O seu design Flattop só é compatível com transmissões T-Type, mas em contrapartida é compatível com todos os grupos da nova gama Transmission.
Tratamento de endurecimento: Cromado
Tratamento antifricção: Flattop
Pinos ocos: Sim
Elo rápido: Power Lock
Preço aproximado: 150 €
SRAM X0 EAGLE TRANSMISSION
Esta corrente está especialmente indicada para ebikes e é extremamente resistente. Enquadra-se no ecossistema de transmissões T-Type com desig Flattop. Tem pinos maciços, acabamento escurecido Dark Polar graças a um cromado especial que inclui revestimento PVD (Physical Vapor Deposition), que exponencia a sua durabilidade.
Tratamento de endurecimento: Cromado PVD
Tratamento antifricção: Flattop
Pinos ocos: Não
Elo rápido: Power Lock
Preço aproximado: 120 €
SRAM XX1 EAGLE
A corrente topo de gama da SRAM até à chegada da gama Transmission continua a proporcionar uma elevada durabilidade graças ao cromado de alta resistência, que reduz o alongamento. Além disso, é leve graças aos pinos ocos. Está disponível com vários acabamentos: arco-íris, dourado, prateado, PVD...
Tratamento de endurecimento: Hard Chrome PVD
Tratamento antifricção: Flow Link. X -Sync
Pinos ocos: Sim
Elo rápido: Power Lock
Preço aproximado: 100 €
SRAM X01 EAGLE
A X01 é ligeiramente mais barata do que a XX1 e permite a quem tem transmissões Eagle clássicas beneficiar da leveza dos pinos ocos e da durabilidade proporcionada pelo seu tratamento cromado de elevada resistência, embora não tenha os acabamentos característicos da versão superior nem o revestimento PVD.
Tratamento de endurecimento: Hard Chrome
Tratamento antifricção: Flow Link. X -Sync
Pinos ocos: Sim
Elo rápido: Power Lock
Preço aproximado: 72 €
SRAM GX EAGLE TRANSMISSION
É a corrente mais barata para as novas transmisões T-Type da SRAM e é compatível com bicicletas elétricas. Podemos montar esta corrente em qualquer um dos grupos Transmission disponíveis no mercado.
Tratamento de endurecimento: Cromado
Tratamento antifricção: Flattop
Pinos ocos: Não
Elo rápido: Power Lock
Preço aproximado: 60 €
SRAM GX EAGLE
Esta é uma das correntes mais utilizadas por quem tem transmissões Eagle tradicionais, devido ao seu preço (bastante mais barata do que os modelos superiores) e ao funcionamento. Uma das suas desvantagens é a menor durabilidade se compararmos com as correntes mais caras e o peso, dado que usa pinos maciços.
Tratamento de endurecimento: Não
Tratamento antifricção: Flow Link
Pinos ocos: Não
Elo rápido: Power Lock
Preço aproximado: 36 €
SRAM NX EAGLE
Tem um acabamento diferente e é ligeiramente mais pesada do que a corrente GX, mas em contrapartida é a corrente Eagle mais barata. Se tens uma transmissão Eagle clássica e queres gastar o mínimo possível, esta é a melhor opção, embora a diferença de preço face à GX seja mínima.
Tratamento de endurecimento: Não
Tratamento antifricção: Flow Link
pinos ocos: Não
Elo rápido: Power Lock
Preço aproximado: 32 €