Numa etapa que se sabia decisiva, os ataques começaram praticamente logo desde o início, formando-se um grupo de oito fugitivos: Rafael Reis (Efapel), Joaquim Silva e Pedro Pinto (Tavfer-Measindot-Mortágua), Roniel Campos (Louletano-Loulé Concelho), Vicente García de Mateos e Bruno Silva (Antarte-Feirense), Aleksandr Grigorev (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel) e Juan Diego Alba (Movistar Team).
Dois destes homens tinham missão dupla. Rafael Reis procurava consolidar a primeira posição na classificação por pontos e posicionar-se em lugar adiantado para, mais adiante, ajudar no trabalho coletivo. Bruno Silva visava a classificação da montanha, mas também auxiliar o chefe-de-fila da sua equipa, igualmente na fuga, Vicente García de Mateos.
Rafael Reis venceu as duas primeiras metas volantes do dia e garantiu matematicamente a conquista da camisola verde, desde que termine a corrida, amanhã, em Viseu. Bruno Silva, apesar da oposição de Roniel Campos, passou à frente nas três primeiras contagens de montanha da jornada e deu, desde logo, um passo de gigante para ser de novo o rei dos trepadores, feito que já alcançara em 2015, o que viria a confirmar-se no final da tirada.
Entretanto, no pelotão, a Movistar Team assumira a perseguição e a fuga chegou praticamente moribunda a um dos pontos de ebulição da etapa, a subida de primeira categoria para o Barreiro, onde a W52-FC Porto impôs o ritmo nas rampas iniciais. Foi o suficiente para acabar de vez com a fuga e para reduzir o pelotão a pouco mais de dez corredores.
A intensidade colocada pelos portistas, Barreiro acima, não intimidou a Efapel. A dois quilómetros do alto, quando Ricardo Mestre “abriu” após terminar o trabalho e Joni Brandão mostrava dificuldades, Frederico Figueiredo isolou-se. Nas últimas centenas de metros do Barreiro, Mauricio Moreira também atacou para se juntar a Frederico Figueiredo. Com ele foi apenas Amaro Antunes, sem qualquer companheiro da W52-FC Porto.
A Efapel ganhou o primeiro combate, passando a dificuldade com dois homens na frente, deixando Amaro Antunes sem apoio. Valeu aos portistas a ajuda de Alejandro Marque (Atum General-Tavira-Maria Nova Hotel), que assumiu a perseguição, mesmo dando boleia a Joni Brandão e João Rodrigues, colocando a equipa do comandante de novo em superioridade.
A junção não significou tréguas. De imediato atacou António Carvalho, que levou João Rodrigues na roda. No grupo do camisola amarela sucederam-se as movimentações. E a Efapel que tinha a corrida controlada e tinha vantagem acabou por ficar em situação periclitante, quando Frederico Figueiredo, que estava em posição intermédia com Joni Brandão e Alejandro Marque ficou à espera de Mauricio Moreira. Na frente ficariam António Carvalho, Alejandro Marque, João Rodrigues e Joni Brandão. Carvalho também foi mandado recuar.
De situação ofensiva, a Efapel passou a correr contra o prejuízo. António Carvalho e Frederico Figueiredo puxavam no grupo do camisola amarela, enquanto Brandão, Rodrigues e Marque comandavam a corrida a caminho de Mondim de Basto, Situação confortável para Alejandro Marque, que, aproveitando a luta entre Efapel e W52-FC Porto, fez as movimentações mais inteligentes nesta fase da corrida, colocando-se em situação privilegiada.
Joni Brandão, João Rodrigues e Alejandro Marque iniciaram a subida ao Monte Farinha com 35 segundos sobre o grupo do camisola amarela, comandado pelos homens da Efapel. No primeiro quilómetro de subida, a frente da corrida ficou entregue a Joni Brandão e Alejandro Marque. A dupla desfez-se a 6 quilómetros do fim, quando Joni Brandão disparou em solitário. Dois quilómetros adiante, Marque seria alcançado pelo grupo de Amaro Antunes, sempre encimado pela Efapel.
Frederico Figueiredo e Mauricio Moreira aceleraram no grupo dos candidatos aproximando-se de Joni Brandão e deixando Alejandro Marque em situação difícil. A menos de 2 quilómetros da chegada, Mauricio Moreira aumentou o ritmo e apenas Amaro Antunes seguiu com o uruguaio. Já dentro do derradeiro quilómetro, saltou um pé do pedal a Amaro Antunes. O percalço aconteceu no momento em que Mauricio Moreira desferiu o ataque para a vitória de etapa.
O chefe-de-fila da Efapel pedalou para ganhar a quinta etapa da equipa nesta prova, ao fim de 3h47m36s. Amaro Antunes, ajudado por Joni Brandão, limitou as perdas e passou a meta 8 segundos depois. Joni Brandão foi o terceiro, a 14 segundos.
Amaro Antunes está em posição privilegiada para conquistar a segunda Volta a Portugal consecutiva. O algarvio comanda com 42 segundos de vantagem sobre Maurício Moreira. O terceiro, a 55 segundos, é Frederico Figueiredo. Joni Brandão é quarto, a 1m04s, e o temido contrarrelogista Alejandro Marque desceu a quinto e está já a 1m18s do camisola amarela, uma diferença dificilmente ultrapassável no contrarrelógio final.
Com os pontos entregues a Rafael Reis e a montanha a Bruno Silva, Abner Gonzalez (Movistar Team) tem a conquista da classificação da juventude praticamente no bolso, tal a vantagem sobre toda a concorrência. A Efapel comanda por equipas.
Os acertos finais estão guardados para a décima e última etapa, um contrarrelógio individual de 20,3 quilómetros a disputar em Viseu.