Fixa este nome: Merhawi Kudus. Franzino - típico de um trepador - e muito simpático, o eritreo tem atualmente residência fixa em Portugal, e tem treinado na Serra da Estrela de modo a aprimorar a sua forma para o reinício da época.
Aproveitando esta altura atípica (se não estivéssemos a atravessar uma pandemia o Merhawi deveria estar constantemente em viagem, tanto para as competições como para os estágios), fizemos uma pequena entrevista.
Tens residência em Portugal desde o início deste ano. Como tem sido a experiência? A experiência tem sido boa, desde os locais onde estive, passando pelas pessoas e a cultura do país excedeu as minhas expetativas.
O que é que gostas mais no nosso país? Sem dúvida que são as pessoas. São muito amáveis e acolhedoras.
Como tem sido lidar com uma pandemia estando num país que não é o teu de origem? Tenho feito o possível para me acautelar, tendo todos os cuidados onde quer que esteja. A saúde de todos deve estar em primeiro lugar.
A tua preparação para o regresso à competição foi feita na Serra da Estrela. Quantos dias estiveste lá e quais foram as sensações? Foi a minha primeira vez na Serra da Estrela. Há várias opções para subir a serra e gostei bastante das estradas largas e seguras. Além disso, há também estradas planas nas imediações, portanto foi possível fazer um treino bastante completo.
Como analisas o regresso à competição? Achas que será viável evitar ajuntamentos, sobretudo de público? Na situação atual nada é garantido, mas estou super motivado para voltar a competir após um período tão longo e inesperado. Todos nós temos responsabilidades, tanto individuais como coletivas, tomando as medidas necessárias de modo a tornar as provas seguras para todos e iremos cumpri-las.
Tens receio desta situação (pandemia)? Tenho consciência da situação e da responsabilidade de cada um de nós na luta contra esta pandemia, além disso, estou confiante que juntos conseguiremos vencer e voltar à nossa vida normal em breve.
Qual vai ser o teu calendário este ano? Vou começar com as provas francesas e depois logo veremos... (risos)
Para além da crise sanitária há outro problema a afetar o nosso desporto: o abandono de alguns patrocinadores. Que visão tens do futuro do ciclismo a curto/médio prazo? A crise económica com que nos estamos a deparar em todos os setores também afeta o ciclismo, especialmente os organizadores de provas e as equipas, por isso é crucial que as provas possam ocorrer e que os patrocinadores tenham retorno do seu investimento no ciclismo, de modo a garantir o futuro do nosso desporto.
Se por algum motivo tivesses de abandonar a Astana, considerarias a hipótese de correr por uma equipa portuguesa? Na verdade não tenho nenhum motivo que me leve a sair da minha equipa nos próximos dois anos pois estou na melhor equipa que posso estar. Portanto, isso é algo que nem passa pela minha cabeça. Em todo o caso, ninguém sabe o que pode acontecer no futuro.
Conheces os ciclistas e as equipas portuguesas? Claro que conheço melhor os ciclistas portugueses que estão nas WorldTeams e ProTeams e sei que são bastante fortes. Mas também tive a oportunidade de ver as condições de formação que existem cá, por exemplo, no Centro de Alto Rendimento de Anadia e na Academia de Ciclismo, as quais são muito boas e prometedoras para o futuro do ciclismo em Portugal.