Os últimos 4 km da etapa, com final na mítica Marmolada, valeram mais do que as 19 etapas disputadas até hoje. Alessandro Covi (UAE Team Emirates) cruzou em primeiro lugar a meta e Jai Hindley subiu ao primeiro lugar da classificação geral após um dia mau de Richard Carapaz (INEOS Grenadiers) já nos 3 km finais. O australiano está a pouco mais de 17 km (distãncia do contrarrelógio de Verona) de ganhar a sua primeira grande volta.
Para o contrarrelógio final, vai partir com uma vantagem de 1m25 sobre Carapaz e de 1m51 sobre Mikel Landa (Bahrain Victorious). O espanhol também sofreu muito nos quilómetros finais e cruzou a meta a 49 segundos de Hindley. A diferença é confortável para o australiano.
Quanto a Covi, considerado a grande promessa do ciclismo italiano, atacou no Passo Pordoi (11,9 km a 6,6%), a mais de 53 km da meta e aguentou em solitário mais de uma hora, galvanizando os italianos que já desesperavam por uma nova referência (lembramos que Vincenzo Nibali (Astana Qazaqstan Team) vai abandonar no final de temporada. Domen Novak (Bahrain Victorious) e Giulio Ciccone (Trek Segafredo) foram segundo e terceiro nesta etapa.
ESTRATÉGIA DA BORA?
Não sabemos se Lennard Kamna (BORA-hansgrohe) entrou na fuga para disputar a etapa ou para ajudar o seu líder numa determinada altura. Em qualquer caso, foi crucial a sua ajuda, pois ajudou Jai Hindley a ganhar tempo precioso, sobretudo nas secções mais duras da Marmolada.
O pelotão não se moveu até à subida final. Quando Santiago Buitrago, o último corredor da Bahrain assumiu o comando do pelotão impondo o ritmo, mas, de imediato, Pavel Sivakov (INEOS-Grenadiers) passou para o comando. Nesse momento, Domenico Pozzovivo (Intermarché-Wanty-Gobert), Juan Pedro López (Trek-Segafredo), Pello Bilbao (Bahrain-Victorious) e Vincenzo Nibali perderam o contato.
Mikel Landa não parecia estar a passar um bom momento e quando Hindley acelerou, não conseguiu responder. Embora Sivakov tenha preparado o terreno para Carapaz, o australiano foi o único a retirar dividendos. Inicialmente, Carapaz conseguiu acompanhar Hindley, mas um novo ataque deixou o equatoriano sem reação.
Jai Hindley falou com Lennard Kamna e o alemão gastou as suas últimas energias impondo um ritmo infernal. Quando Kamna rebentou, Hindley arrancou em solitário. Deu tudo o que tinha até à meta, com o objetivo de chegar ao contrarrelógio com uma vantagem confortável e foi isso mesmo que aconteceu.
Hindley cortou a meta a 2m30 de Covi, mas acima de tudo, garantiu que, se nada extraordinário acontecer no contrarrelógio, será o vencedor do Giro.