Remco Evenepoel aproveitou esta segunda metade da temporada para confirmar o seu amadurecimento. A quantidade de vitórias que já leva na presente temporada (Liège-Bastogne-Liège, Clássica de San Sebastián, Volta a Espanha e agora o Mundial) são diretamente proporcionais às exibições que protagonizou.
Nestes Mundiais, Remco conseguiu entrar na fuga do dia, foi dos primeiros a atacar, depois saiu desse grupo na companhia de Alexey Lutsenko a cerca de 30 km da meta e deixou para trás o cazaque na penúltima subida ao Monte Pleasant (1,1 km a 8,8%), enfrentando depois sozinho os últimos 25 km dos 267 km que perfaziam esta prova.
A luta pelo segundo lugar foi protagonizada por Christophe Laporte e Michael Matthews, tendo Laporte sido o mais forte. Wout Van Aert também sprintou.
Mathiew Van der Poel não entrou na discussão pelas medalhas. O holandês abandonou a prova e durante a madrugada teve um desentendimento com dois jovens no hotel que, segundo o ciclista da Alpecin, não o deixavam dormir devido ao barulho. Aliás, Van der Poel esteve detido na esquadra da polícia até às quatro da manhã.
Quanto à corrida, somente nos 50 km finais é que a fuga de 25 ciclistas se formou, com ampla representação das seleções mais fortes. A estratégia do vencedor era óbvia, desgastar ao máximo os favoritos, iniciando ataques contínuos.
O belga aproveitou um dos ataques do grupo - protagonizado por Alexey Lutsenko - para abrir espaço. Depois, já todos sabemos o que aconteceu.
Esta epopeia protagonizada por Remco ficará para a história. O jovem de 22 anos cortou a meta com uma vantagem de 2m21 sobre o pelotão.
Quanto aos corredores portugueses, Nelson Oliveira foi o melhor luso, na 44.ª posição. Portugal não conseguiu entrar na principal fuga do dia e o selecionador nacional, José Poeira, explicou o motivo: “Quando se deu esse ataque ainda era muito cedo e chegámos a pensar que a fuga poderia não ter êxito. Além disso, no momento em que se deu o ataque não conseguimos estar no sítio certo para responder”.
Nesta altura, a seleção nacional já tinha perdido um dos seus quatro elementos, como relata o selecionador nacional. “O Rui Oliveira teve uma avaria na bicicleta quando estava num grupo que tentou sair do pelotão atrás do grupo onde seguia o Remco. Este problema surgiu numa altura complicada da corrida, em que existiam muitas movimentações, perdeu terreno quando teve de mudar a roda e nunca mais conseguiu recolar. Sei que no sprint final o Rui poderia ter feito um bom resultado, mas as circunstâncias da corrida e este percalço que ele teve não o permitiram estar lá”.
João Almeida chegou em 60.º lugar, a 5m16s. Ivo Oliveira fechou em 81.º, a 9m31s.
“Queremos sempre mais”, sublinhou o selecionador nacional. “Sei que o percurso não nos favorecia muito e com o azar que tivemos pelo meio acabamos por não conseguir o resultado que desejávamos. Queríamos e acreditávamos que conseguiríamos fazer melhor, mas acho que tendo em conta as circunstâncias da corrida acho que foi o resultado possível”.
José Poeira falou ainda sobre a prestação de João Almeida na prova de hoje. “Também acredito que o problema de saúde que o João Almeida teve e que o impediu de participar no contrarrelógio também fez com que hoje não estivesse tão forte. Esta era uma prova muito longa e difícil e o facto de ter estado algum tempo sem treinar devido a esse problema poderá ter influenciado a sua prestação”.