Uma vez mais, Tadej Pogacar voltou a demonstrar que é um ciclista completo, que consegue ganhar provas de três semanas e clássicas de nível mundial. Neste domingo de ramos, na Bélgica, Pogacar fez mais uma demonstração monumental de superioridade física e mental, abstraindo-se da pressão.
No palmarés do esloveno ainda não pontificava uma vitória no Tour de Flandres, uma das provas mais duras do mundo e uma das míticas. Mas todos sabiam de antemão que Pogacar entra sempre numa prova para vencer e apesar de ser um ciclista muito leve - algo teoricamente não muito favorável numa prova longa e dura como esta - demonstrou que tem genética de vencedor e mentalidade de campeão. Nem mesmo os mais experientes no pavé conseguiram lutar contra as evidências.
Durante a corrida, uma fuga composta inicialmente pelo ex-campeão do mundo Mads Pedersen (Trek-Segafredo) e por Matteo Trentin (UAE Team Emirates) a cerca de 110 km da meta, tinha aspirações à vitória. No entanto, a cerca de 55 km da meta começou o pesadelo para estes dois ciclistas. Foi nessa altura que Pogacar decidiu mexer na corrida.
Peter Sagan (TotalEnergies) foi um dos envolvidos nas inúmeras quedas
O ciclista de 24 anos passou as secções de empedrado como se fossem manteiga e aos poucos foi encurtando a distância para os fugitivos. Aliás, no Koppenberg (a cerca de 46 km da meta), estavam com menos de um minuto e meio de vantagem. E foi precisamente no Koppenberg que Tadej voltou a atacar, deixando os seus rivais em apuros, incluindo Mathieu Van der Poel (Alpecin-Deceuninck) e Wout Van Aert (Jumbo-Visma).
Mathieu Van der Poel (Alpecin Deceuninck) tentou aguentar o máximo de tempo possível os ataques de Pogacar
Van der Poel foi o único rival que demonstrou ter alguma capacidade para resistir ao andamento do "galático" Pogacar e ambos apanharam a fuga. No entanto, à entrada do Kwaremont, o esloveno destroçou literalmente a corrida, a sensivelmente 18 km do final, deixando "apeado" Van der Poel e passou as restantes dificuldades do percurso isolado até chegar à meta.
Aos 24 anos, somou mais uma vitória de alto calibre ao seu currículo, sendo apontado claramente como o ciclista mais completo desta nova geração. Van der Poel foi segundo classificado, a 16 segundos e Mads Pedersen foi terceiro a 1m12.
Quanto aos portugueses em prova, Rui Oliveira (colega de Pogacar) acabou em 58º, a 11m23 e André Carvalho (Cofidis) não terminou.