A prova de 43,3 quilómetros, entre Knokke-Heist e Bruges, era totalmente plana, não se adaptando às caraterísticas dos corredores portugueses. Ainda assim, Nelson Oliveira, revelando estar num excelente momento de forma, imprimiu um ritmo constante e bateu-se com os melhores.
O corredor português pedalou à média de 52,260 km/h, concluindo a prova em 49’42’’78. Nelson Oliveira fez uma boa gestão do esforço, ganhando terreno à concorrência na fase final, o que esteve perto de lhe garantir o ambicioso objetivo de ficar nos dez primeiros numa prova tão plana como a deste mundial. O anadiense ficou apenas a 2 segundos do décimo lugar.
“Vim para esta prova com um plano e consegui executá-lo em termos de performance. O resultado é que não foi o desejado, porque queria estar nos dez primeiros. Sabíamos que era um ‘crono’ muito plano, não totalmente adequado às minhas caraterísticas. Apesar disso, creio que fiz um bom contrarrelógio, fiquei apenas a 2 segundos do objetivo. Infelizmente, há pequenos detalhes que falham, mas isso não é culpa minha nem da Federação. Agora há que seguir em frente e pensar no próximo domingo”, afirma Nelson Oliveira.
O selecionador nacional, José Poeira, acompanhou a prova de Nelson Oliveira e gostou do que viu. “Fez uma excelente prova, tanto em termos físicos como técnicos. Houve curvas tão bem feitas, no limite, que até me arrepiei”, conta o responsável técnico.
Rafael Reis também teve um desempenho de qualidade. Apesar de não estar acostumado a distâncias tão longas, o palmelense geriu bem as capacidades, parando o cronómetro nos 51’22’’35, o que lhe valeu a 30.ª posição em 55 participantes. “Dei o máximo que podia em todos os momentos. Se em alguma altura desse mais iria pagar a fatura mais tarde”, explica o português, terceiro mais bem classificado entre os ciclistas que não representam equipas do WorldTour.
A luta pelo pódio foi emocionante. E um balde de água fria para os adeptos belgas. Nos pontos intermédios, Wout van Aert foi o mais rápido e preparava-se uma festa de aclamação pelos milhares de adeptos que se juntaram no centro histórico de Bruges. Só que Filippo Ganna surpreendeu tudo e todos.
Depois de no Campeonato da Europa, há pouco mais de uma semana, ter sofrido o dissabor de perder o título após ser o mais veloz nas cronometragens intermédias, o italiano geriu, desta vez, melhor o esforço. Ao km 13,8 cedia 7 segundos para van Aert, ao km 33,3 já perdia apenas um segundo para o belga. Na meta Filippo Gana registou 47’47’’83 (média de 54,355 km/h), sagrando-se bicampeão mundial da especialidade. Wout van Aert gastou mais 5,37 segundos, ficando com a medalha de prata, e Remco Evenepoel fechou o pódio, a 43,34 segundos do vencedor.
O segundo dia de competição, nesta segunda-feira, volta a ter participação Portuguesa. Daniela Campos vai disputar o contrarrelógio de elite feminina, partindo às 14h13 para a prova de 30,3 quilómetros, entre Knokke-Heist e Bruges.