Competição

Conheces a mirabolante história de Peter Farazjin no Tour de 2004?

Hoje lembramos a inesperada presença do belga na Volta a França de 2004, após ter sido chamado de urgência pela Cofidis devido à queda de um companheiro de equipa que fraturou a clavícula quando fazia o reconhecimento do percurso.

Lorenzo Ciprés (@LorenzoCipres). Foto: Roberto Bettini (Sprint Cycling Agency)

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Peter Farazjin participou de surpresa no Tour de 2004

A Volta a França tem um impacto mediático tão gigantesco que pode mudar a trajetória de um ciclista, tanto para o bem como para o mal. No Tour, tudo o que acontece é amplificado e não falamos somente de resultados desportivos, mas também vicissitudes do próprio evento, dado que devido à presença de milhares de jornalistas, tudo o que fuja do normal é imediatamente suscetível de ser captado e noticiado. 

Peter Farazijn, um belga que participou em oito edições do Tour, tem uma história agridoce com esta prova. Na primeira edição foi o "lanterna vermelha", em 1993, mas um conjunto de casualidades acabaram por fazer com que a sua passagem pela maior prova de ciclismo do mundo ficasse marcada para sempre pela inesperada presença - à última hora, como se costuma dizer - em 2004, a poucas horas da prova começar. 

Nessa manhã, o seu companheiro de equipa na Cofidis Matthew White estava a fazer o reconhecimento do prólogo em Liège e tropeçou num cabo, caindo violentamente, o que provocou uma fratura na clavícula. O ciclista australiano deixou a equipa numa situação complicada e os diretores, aproveitando as regras dessa altura, chamaram de urgência Farazijn, que nessa altura morava em Ypres. Como vivia a 250 km de Liège, pensaram que não haveria problema e que a viagem seria feita a tempo de ir ao Tour, mas não contavam que o belga tivesse passado a noite num Karaoke e que nessa manhã estivesse a ver um rally (claro, ele nunca imaginou que seria chamado de urgência para o Tour)!

"Nessa manhã estava de ressaca e decidi não ir treinar. Fui com o meu filho ver o rally e pouco depois vi que tinha uma chamada perdida da equipa. Era o Francis Van Londersele, o chefe, e quando consegui falar com ele pediu-me que saísse disparado de casa até Liège para participar no Tour!, contou Peter Farazijn. 

A equipa conseguiu fazer com que o horário de partida do belga no Prólogo fosse o mais tarde possível e Farazijn partiu de imediato de carro com a sua esposa em direção a França a velocidades, digamos assim, pouco legais. O belga chegou a tempo da partida e usou a bicicleta de White. Aos poucos foi entrando no ritmo da prova e conseguiu concluí-la, ficando esta história marcada para sempre. 

Como curiosidade, alguns anos antes desta história verídica, Peter foi homenageado na sua localidade natal após concluir a Volta a França de 1997 como o melhor belga, a mais de duas horas de Jan Ullrich. 

Mas como revés da medalha, também já ficou no penúltimo lugar do Tour, a somente 26 segundos de ficar como o lanterna vermelha da prova de ciclismo mais importante do mundo. Passados mais de vinte anos, é condutor de autocarros e não lhe faltam histórias e curiosidades do ciclismo. 

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