Todos os componentes topo de gama mais tarde ou mais cedo acabam por ver as suas tecnologias reproduzidas nas gamas médias ou baixas. Foi o caso desta RockShox Domain que surgiu apenas alguns meses após o lançamento da ZEB, a suspensão de Enduro e Super-Enduro da marca de Colorado.
Como já esperávamos, herda da ZEB o seu design e a arquitetura externa, tendo a marca aproveitado para introduzir um sistema hidráulico interno muito simples, de modo a reduzir os custos de produção e chegar a um público-alvo maior.
A Domain original, uma suspensão que desapareceu há alguns anos do catálogo da RockShox, era originalmente um modelo equiparável à Lyrik, mas com componentes internos mais focados no Freeride ou para bicicletas destinadas a Bike Parks. Aliás, chegou a contar com sistemas de amortecimento de mola e versões de dupla coroa para DH. Esta nova versão recupera grande parte dessa mentalidade e para tal conta com o chassis de 38 mm da sua irmã ZEB, que lembramos, se destaca por uma ponte sobredimensionada e muito reforçada, uma coroa superior muito trabalhada também a nível de design e com ponteiras muito reforçadas.
As pernas são fabricadas em alumínio, mas de um alumínio diferente ao usado na ZEB. Neste caso é o alumínio 6000, portanto a grossura das paredes das pernas é maior, para manter o nível de rigidez.
A câmara de ar Debon Air da Domain não é compatível com a da ZEB, sendo de medida diferente. É possível personalizar o tato através de redutores de volume de ar (ou Tokens), com um máximo de três em todas as versões.
O cartucho hidráulico que encontramos na baínha direita é o Motion Control RC habitual nos modelos de gama média-baixa, um controlo simples e bastante eficiente que modifica a compressão em baixa velocidade.
Em pouco mais de meio quarto de volta o tato muda gradualmente, permitindo um bloqueio quase completo. Assim podemos pedalar em pé sem a bicicleta oscilar. Se compararmos o super avançado Charger 2.1 RC2 ou os Charger R e RC de outras suspensões superiores, notamos um tato ligeiramente menos controlado em situações nas quais enfrentamos descidas com muita inclinação, onde o nosso centro de gravidade está na roda dianteira. Ao não ter um circuito de compressão que nos permita atuar independentemente entre a alta e a baixa velocidade, se estivermos com o botão completamente aberto, notamos uma compressão tão suave que inclusive chega a parecer-nos em demasia e se usarmos o travão dianteiro notamos que se afunda. Podemos fechar o sistema dois clics, mas logo que a velocidade aumentar e os impactos começarem a multiplicar-se, notaremos uma precisão um pouco inferior na parte dianteira.
Quanto às pressões, optámos sempre pelas recomendadas pela marca para o nosso peso. Como é habitual, recomendamos aumentar a pressão cerca de 10 psi no caso de bicicletas elétricas.
Quando o sistema está aberto, aí sim, mostra a sua eficácia quando temos de enfrentar os obstáculos mais difíceis e consecutivos, com uma recuperação muito boa.
Ao pedalarmos em pé e com força, com o controlo aberto (algo normal numa descida na qual queremos acelerar o máximo possível), notamos algum movimento da suspensão, por não ter um circuito tão especializado que separe a alta da baixa velocidade de movimento.
Contudo, com a Domain ultrapassámos zonas altamente degradadas, das mais técnicas que conhecemos, e o seu sistema hidráulico mostrou a sua suavidade, sensibilidade e "ADN". É uma suspensão muito segura e controlada e é difícil conseguir esgotar todo o seu curso.
Se por acaso quisermos fazer um upgrade no sistema hidráulico e passar do Motion Control para o Charger 2.1, existe a possibilidade de o fazer. Este upgrade custa 365€.
O peso da unidade que testámos rondou os 2.620g (tamanho 29" com 160 mm de curso e tubo da direção sem cortar, com eixo Maxle Little incluído de série). É um peso elevado e destina esta bicicleta sobretudo a bicicletas elétricas de longo curso, embora logicamente também seja uma opção viável em bicicletas de Enduro mais baratas.
O diâmetro mínimo do disco dianteiro é de 200 mm, e o máximo recomendado é de 220 mm. A Domain é fabricada para rodas de 29" e 27,5", com cursos que vão dos 150 a 190 mm.
De série inclui um guardalamas RockShox. O preço desta suspensão no mercado ronda os 594€.
Poderás saber mais informações em www.sram.com.