O francês Romain Bardet, atualmente com 33 anos e com um palmarés onde se destaca um segundo lugar na Volta a França de 2016 e um terceiro em 2017, vai começar a sua quarta temporada como ciclista da equipa DSM-firmenich PostNL. É a sua 13ª temporada como ciclista profissional e poderá ser a sua última, dado que o seu contrato termina no final deste ano e, além disso, como confessou ao diário francês L´Equipe, começa a pensar na opção de abandonar a modalidade. A decisão ainda não está tomada, mas até ao final do ano será comunicada.
Segundo o seu diretor desportivo, Rudi Kemna, durante a apresentação da nova imagem da equipa, Bardet vai participar na Volta a Itália e na Volta a França, no entanto, em princípio o seu foco serão vitórias de etapas em vez da classificação geral.
Sobre o seu possível abandono no final do ano, Romain Bardet referiu ao L´Equipe que "se já estivesse cem por cento seguro da decisão que quero tomar, já a teria comunicado. Estou a pensar e isso é saudável. Estou totalmente comprometido com o projeto e até meados do ano vou analisar os sacrifícios que tenho gerido, como os 20 dias que estarei em casa entre 1 de Fevereiro e final do mês de Maio. O que é que ganho em troca disso? Sinto-me vivo?", referiu o ciclista francês.
As palavras de Bardet são em tudo semelhantes às de outros ciclistas que têm abandonado a modalidade. Numa época em que as equipas têm cada vez mais disponibilidade financeira e recursos, os estágios, sobretudo em altitude, são prática comum e há cada vez mais ciclistas - e mesmo elementos do staff das equipas - que se queixam da quantidade de dias fora de casa.
Bardet vai começar a sua equipa competitiva na prova francesa Classic Var (1.1) no dia 16 de Fevereiro e o seu primeiro grande objetivo será a Volta a Itália, prova na qual terminou em 7º no ano de 2021. Lembramos que em 2022 teve de abandonar por motivos de saúde quando era 4º da classificação geral após a 12ª etapa. Depois, Bardet terá como segundo grande objetivo da temporada a Volta a França - será a sua 11ª participação nesta prova - onde se vai focar em vitórias de etapas em vez de lutar pela geral. O francês ficou seis vezes no top 10 do Tour e subiu ao pódio duas vezes.
Na entrevista ao jornal L´Equipe, Romain Bardet reconhece que nos últimos anos ficou mais vezes doente do que antigamente. "Desde o Covid 19 que adoeço mais frequentemente. Será que o corpo me está a enviar uma mensagem? Não sei", salienta o francês, que em 2023 terminou a Volta à Suíça no 5º lugar, tendo sido 7º no Tour da Romandia e na Paris-Nice, além de 9º na Fléche-Wallone e 8º no Tour dos Alpes Marítimos. "Na temporada passada fui consistente, mas senti que me faltava algum brilho (...) Quero ser bom naquilo que faço", comentou.
Noutra entrevista, desta vez ao Velo, Bardet queixou-se de que no ciclismo moderno "somos alto rendimento, mas estamos a perder o lado humano. Sempre gostei da parte autodidata do ciclismo. Este aspeto quase desapareceu na planificação (...) Agora há menos espaço para o lado autodidata, ou seja, ciclistas que chegaram e fizeram as coisas de acordo com as suas sensações... ciclistas como Thibaut Pinot, por exemplo".