Quem leu a entrevista que Gil Nadais, Secretário-Geral da Abimota, deu à revista BIKE, certamente ficou com a noção de que o problema da falta de mão de obra no setor das bicicletas, componentes e acessórios não é de fácil resolução.
Não se trata apenas de mão de obra qualificada, são precisos funcionários para todo o tipo de departamentos e não está a ser fácil recrutar quem queira trabalhar no setor. E não se trata de uma questão de salário, como assegura Gil Nadais, "mesmo com os salários mais altos que o setor das duas rodas e mobilidade suave pratica, não temos mão-de-obra, qualificada ou não, suficiente para responder às necessidades que a produção impõem. Por isso estamos a estudar, juntamente com os nossos associados, medidas para captar a fixação, com boas condições de trabalho, de populações que queiram encontrar em Portugal um porto seguro”.
Uma das soluções pode passar por atrair pessoas de outros países, nomeadamente os refugiados: “entendemos que devemos dar condições para que os refugiados se instalem. Desta forma cumprimos dois objetivos fundamentais para nós: entendemos que é uma questão de responsabilidade social e ao cumprirmos este desígnio humanitário, estamos também a contribuir para a competitividade do setor.”
Num setor que em 2021 atingiu 594 milhões de euros em termos de exportações, ou seja, uma subida de 39%, não colmatar este problema pode resultar em atrasos severos na linha de produção, em cancelamento de encomendas e, em última análise, num decréscimo da competitividade do setor.
Portugal tem atualmente cerca de 51 empresas dedicadas à produção de bicicletas convencionais e elétricas, bem como cargo bikes e trotinetes, gerando cerca de 8.000 empregos diretos e 24.000 indiretos, com as exportações a chegarem a cerca de 100 países. No entanto, como é do conhecimento geral, a maior parte dessas exportações dirigem-se a Espanha, França, Alemanha, Reino Undo, Bélgica e Países Baixos.