Tadej Pogacar (UAE Team Emirates) acabou de ganhar a Volta a Itália, mas já está focado nos próximos objetivos: a Volta a França, onde tentará ganhar pela terceira vez, e o Mundial. Descarta a Volta a Espanha, um desafio que considera neste momento ser "demasiado extremo".
"Foi um Giro incrível. Quando chegámos a Turim não imaginava que seria assim. Obviamente, esperávamos e sonhávamos ganhar, mas vencer seis etapas e vestir a camisola rosa durante 20 etapas foi uma experiência incrível. Será algo que nunca esquecerei", referiu Pogacar numa entrevista ao site oficial da UCI.
Pogacar assegura que a parte mais desafiante das três semanas do Giro, para além da competição em si, foram os compromissos que vestir a camisola rosa acarretam. "O maior desafio é tudo o que rodeia a camisola rosa e as responsabilidades inerentes. Todas as entrevistas e protocolos adicionais requerem muita energia dia após dia, mas é algo a que me habituei. Também faz parte do trabalho e percebo isso", explicou.
A forma como venceu, com uma demonstração de superioridade incrível deveu-se, segundo o próprio, "à sorte de ter chegado a este Giro com uma preparação quase perfeita". Assim, conseguiu ter um desempenho perfeito e "ser ofensivo e agressivo", sempre com o objetivo de ganhar. "Os meus colegas de equipa desempenharam um papel muito importante e sem eles nada disto teria sido possível", destacou.
"PREFIRO NÃO PERSEGUIR RECORDES"
Obviamente depois de ter no seu currículo a vitória em três grandes voltas (2 Tour e 1 Giro), surgiram comparações, mas como fez questão de salientar, não quer ficar obcecado com recordes. "Prefiro não perseguir recordes, mas gosto de novos objetivos e, sobretudo, de participar em provas pela primeira vez. Não é segredo para ninguém que queria ganhar este Giro, e disputar etapas com a camisola rosa também foi incrível. Deixarei que os historiadores se encarreguem dos recordes", assegura.
Para Pogacar, "a história é bastante difícil de definir... Talvez seja algo que vai mais além da capacidade atlética e dependa da qualidade humana".
Para além do ciclismo, o vencedor do Giro gosta de outras modalidades e anunciou que está a contar estar em Paris e presenciar algumas provas nos Jogos Olímpicos, como a de atletismo. "Qualquer desporto praticado ao mais alto nível é sempre um espetáculo impressionante de ver. Este Verão espero ir aos Jogos Olímpicos e talvez consiga ver, se tiver tempo, alguma prova de atletismo ou algo parecido".
O vencedor de duas edições da Volta a França acredita que o ciclismo atravessa uma época "muito bonita", e destaca a "disputa com alguns excelentes corredores". "Os ciclistas definitivamente desempenham um papel importante no decorrer de uma prova, não é somente o percurso."
GRANDES OBJETIVOS: TOUR E MUNDIAL
Pogacar pretende ganhar a dobradinha Giro-Tour e depois o Mundial, mas esta proeza só foi conseguida até agora por dois ciclistas: Eddy Merckx e Stephen Roche.
"Obviamente, o Tour e o Mundial são grandes objetivos. Não só este ano, mas todos os anos. Não sinto demasiada pressão, ainda sou muito jovem, mas tenho a ambição de vencer", assegura.
O esloveno gosta de novos desafios e não diz que não a nada, mas prefere ser realista. "Sou realista e tenho a noção de que não se trata simplesmente de chegar lá e ganhar. O ciclismo é um desporto com muitas especificidades, e diferentes provas e terrenos favorecem diferentes ciclistas e distintos métodos de preparação."
Mas Pogacar descarta fazer este ano o Giro, Toue e Vuelta. "Posso dizer com toda a certeza que não está previsto este ano. Ganhar todas as grandes voltas é um dos meus principais objetivos, mas fazê-lo no mesmo ano... talvez seja demasiado extremo", concluiu.