O ciclismo italiano está de luto devido ao falecimento de Ugo Rosa, um dos construtores de bicicletas mais prestigiados do mundo, fundador da marca De Rosa em 1953.
Junto a outras marcas italianas como Pinarello, Colnago ou Bianchi, De Rosa faz parte da história do ciclismo, construindo bicicletas que foram utilizadas por grandes campeões como Eddy Merckx, Francesco Moser, Moreno Argentin, entre outros.
Ugo De Rosa nasceu em Milão no dia 27 de Janeiro de 1934, e antes de se destacar como construtor de quadros de bicicletas, foi ciclista amador. Estudou mecânica e engenharia técnica e em 1953, fruto da sua paixão por este desporto, abriu a sua primeira loja, onde fabricava e vendia bicicletas. Foi nessa altura que foi fundada a marca De Rosa, que precisamente este ano cumpre 70 anos de existência.
A sua marca começou a dar nas vistas em 1958, quando o francês Raphael Geminiani - duplo vencedor da Volta a França - lhe pediu que construisse uma bicicleta para a Volta a Itália. Mais tarde, equipas de prestígio, como a Faema, Molteni, Sammontana, Ariostea, entre outras, compraram-lhe bicicletas. Além disso, figuras incontornáveis do ciclismo, como Rik Van Looy, Gastone Nencini, Gianni Motta, Eddy Merckx, Francesco Moser ou Moreno Argentin competiram nas principais provas do mundo com os seus quadros, construídos de forma artesanal na sua fábrica.
Como curiosidade, "O Canibal" Eddy Merckx competiu com bicicletas De Rosa entre 1973 e 1979. Ambos ficaram amigos e Ugo De Rosa, além de construir as suas bicicletas, foi mecânico pessoal do campeão belga.
Ugo De Rosa chegou a fabricar à mão mais de 200 quadros por ano. "Acredito que se construir bicicletas de qualidade e se for honesto, então serei recompensado", disse numa entrevista em 2014 na sua fábrica localizada em Cusano Milanino, uma localidade perto de Milão.
No início dos anos 90, começou a utilizar o titânio, mais precisamente no modelo De Rosa Titanio, que acabou por ser usado pela equipa Gewiss-Ballan em 1994. Pouco depois, o espírito inovador fez com que apostasse em novos materiais como o alumínio ou o carbono.
"Sou um homem muito direto. Por defeito, nunca olho para trás nem conto os anos que levo a produzir quadros. Prefiro olhar em frente, porque após meio século continuo a achar que as bicicletas ainda podem ser melhoradas. E, tal como tenho feito até agora, quero continuar a contribuir na evolução deste fascinante veículo, que ao mesmo tempo é tão simples e tão complexo", disse o italiano quando a marca celebrou 50 anos de existência.
Atualmente, a marca De Rosa patrocina a equipa Green Project - Bardiani CSF - Faizanè (do escalão UCI ProTeam) e nos últimos anos foi fornecedora de outras formações como a WorldTeam Cofidis (entre 2020 e 2022) ou a espanhola Caja Rural - Seguros RGA (entre 2018 e 2020).
Ugo De Rosa esteve recentemente internado no hospital, mas atualmente estava em casa, tendo sofrido no passado domingo um ataque cardíaco.
O seu filho Cristiano De Rosa tem estado a comandar o rumo da marca nos últimos anos. A toda a família e amigos, a revista Ciclismo a fundo endereça desde já os nossos sentimentos.