Sabias que a zona de Koppenberg é conhecida como a "corcunda de Melden"? Esta pequena subida de apenas oitenta metros acima do nível do mar converteu-se num dos ícones do percurso do Tour de Flandres. Nenhuma outra subida nesta prova, nem certamente no ciclismo mundial, despertou tantas e variadas opiniões quanto esta desde que foi estreada na década de 70.
À primeira vista é assustadora. Trata-se de um caminho empedrado que sobe abruptamente serpenteando entre o verde dos campos e o castanho das árvores que a rodeiam. Tem somente 600 metros de comprimento, mas é dura e como é estreita, tudo fica mais complicado para os ciclistas. Quando o piso está molhado, sobretudo na secção central que atinge 20% de inclinação, aí não há milagres... é o caos! De certa forma podemos dizer que esta estrada não foi feita para ciclistas, muito menos para um pelotão profissional que luta pela vitória numa das provas mais importantes do mundo, uma daquelas que pode transformar o palmarés de um ciclista e garantir um contrato milionário.
Reza a história que Walter Godefroot, uma das lendas do ciclismo flamengo e bicampeão da prova, foi um dos primeiros a informar os organizadores sobre a existência desta subida, e a decisão de incluí-la ocorreu em 1976, iniciando uma série ininterrupta de doze subidas. No entanto, após um episódio caricato, esta subida foi interrompida por um longo período. O motivo foi surreal: em 1987, um BMW pertencente aos organizadores atropelou inadvertidamente o dinamarquês Jesper Skibby (que estava em fuga há quase 200 km) ao tentar ultrapassá-lo na secção mais íngreme.
Para além de ter pisado as rodas da Colnago do dinamarquês, esta viatura também atropelou um polícia, o que fez correr muita tinta nessa altura. A inclinação, a desmultiplicação limitada das transmissões usadas nessa altura e a falta de cuidado do condutor do BMW fizeram com que este fosse claramente um dos episódios mais marcantes de sempre do Tour de Flandres. Isto fez com que esta subida fosse "banida" do Tour de Flandres desde essa altura até 2002.
Atualmente, o Koppenberg tem lugar cativo no Tour de Flandres e continua a ser uma das imagens de marca da prova. Em 2024 aconteceu mais um dos episódios que iremos certamente guardar na memória nos próximos anos, quando o pelotão principal ficou literalmente parado, condicionando decisivamente o resultado final.
Como curiosidade, o empedrado do Koppenberg está registado como património municipal, o que garante a sua proteção contra todos aqueles que querem asfaltar esta estrada.