A nova Trek Madone é 320 gramas mais leve do que a versão anterior, mas é tão rápida e leve como a Émonda, embora 77 segundos/hora mais rápida que esta. No fundo, adota as melhores características de cada uma. O resultado final é uma bicicleta mais versátil, trepadora, leve e confortável que a geração anterior, e mais rígida do que a Émonda. Se perguntarmos à Trek se considera que se trata de uma Madone mais trepadora ou uma Émonda mais aerodinâmica, a marca afirma que a 35 km/h e com o ciclista na mesma posição, a oitava geração da Madone poupa 13 watts - com os bidons RSL aerodinâmicos montados -.
Está disponível em duas gamas: SLR e SL. Os quados partilham o mesmo design e funcionalidades, mas o tipo de carbono usado é diferente: o OCLV 900 de última geração é usado na gama SLR, enquanto o OCLV 500 está presente na SL. O carbono OCLV é exclusivo da Trek e consiste num conjunto de lâminas de fibra de carbono prensadas que consegue uma insignificante presença de ar na estrutura, que lhe confere qualidades muito próprias.
Este processo foi refinado e é igual em todos os tipos de carbono usados, submetendo o quadro a um método de compactação num molde de aço com uma nova câmara interna para formar um monocoque principal com uma superfície interna tão lisa e perfeita quanto a externa, sem resíduos, rugas ou excesso de resina, ao qual são fixadas as escoras. Este novo método melhora o desempenho do quadro e reduz significativamente o seu peso.
Os tamanhos dos tubos do quadro estão adaptados para que a resposta e comportamento sejam adequados ao tamanho e peso do ciclista, por isso, os tamanhos mais pequenos - do XS ao M -, têm tubos mais pequenos, e viceversa. Embora a Trek tenha alterado a denominação dos seus tamanhos, estes possuem a mesma amplitude.
O tubo vertical é interrompido pelo Isoflow, ficando o espigão de selim suspenso por um curto tubo, mais estreito e plano do que o anterior, permitindo ajustar a altura do selim 105 mm em cada tamanho. Os quadros XS a M incluem um espigão pequeno, e os maiores - do M/L ao XL - um longo. Isto faz com que toda esta parte da bicicleta seja mais leve, aerodinâmica e elástica. Além disso, segundo a marca, faz com que seja 80% mais confortável do que a anterior Madone de 7ª geração.
A Trek Madone SL 6 é muito equilibrada em termos de manobrabilidade e relação qualidade-preço
AERODINÂMICA
O orifício Isoflow é o alvo de todas as atenções. Trata-se de um design estrutural entre o tubo superior, vertical e escoras que conduz o fluxo do ar que chega a essa zona. Este conceito foi introduzido na anterior Madone, mas entretanto foi redesenhado e reduzido nesta segunda geração, devido ao redimensionamento dos tubos.
A forma do tubos também tem em conta a aerodinâmica dos bidons e dos pneus em movimento, portanto todo o desenvolvimento aerodinâmico foi levado a cabo como um todo. As montagens à venda não incluem os bidons ovais e os porta-bidons RSL Aero, mas estes acessórios estão à venda no site da marca.
ELETRÓNICA
O competitivo grupo Shimano 105 Di2 oferece uma passagem eletrónica das mudanças e uma cassete de 12 velocidades. Também inclui travões de disco hidráulicos. Uma única bateria alojada no espigão de selim alimenta tanto o desviador traseiro como dianteiro, unidos por um cabo. Para carregar, basta ligar um cabo ao desviador traseiro, onde está alojada a central de comando e através da app Shimano E-Tube podemos configurar os botões e outros parâmetros da transmissão, incluindo a possibilidade de alterar as mudanças automaticamente.
Ao contrário dos comandos Dura Ace e Ultegra, os 105 não possuem botões auxiliares na parte superior. Além disso, a manete é de alumínio - no Dura Ace é de carbono - e o motor do desviador é mais volumoso e um pouco menos rápido. Quanto à combinação de pratos e cassete, a Trek fez uma escolha acertada: 50/34 à frente e cassete 11-34.
RODAS DE CARBONO
As rodas Bontrager Aeolus Elite 35 TLR Disc têm aros tubeless de carbono OCLV de 19,5 mm de largura interna e podemos instalar pneus com câmara de ar. Estas rodas estão preparadas para pneus tubeless (sem câmara) e o fundo do ar é vedado, com válvulas específicas. De origem trazem pneus Bontrager R3 Hard Case Lite de 28 mm. Externamente têm 27 mm e quanto ao perfil é aerodinâmico, reduzindo a resistência ao vento.
Têm 35 mm de perfil, portanto são bastante polivalentes e ajudam a manter o peso baixo. Têm 24 raios em cada roda e cubos Bontrager com sistema de fixação Centerlock. Além disso, o traseiro tem três linguetes que estabelecem 24 pontos de engrenagem na cassete. Pesam 1.665g (725 + 940g) e estão cobertas pelo programa Carbon Care, incluindo garantia vitalícia.
BONTRAGER
Os componentes periféricos são todos Bontrager, marca que pertence à Trek. O amplo e agradável selim Aeolus Comp tem uma ponta curta e está preso a um espigão semi-integrado disponível em dois comprimentos: 150 e 190 mm e dois recuos, 0 ou 20 mm. Do nosso ponto de vista, esta decisão da Trek em montar de origem bicicletas sem recuo nos espigões é acertada, além de apostar em avanços mais curtos, para favorecer o conforto. Nos modelos Madone SL o cockcpit integrado de carbono não vem de origem. Em vez disso, traz um avanço e guiador independentes, que facilitam a sua substituição e o grau de personalização.
O guiador Bontrager Comp de alumínio é adequado às tendências atuais, com uma abertura de 10º ou 40 mm na parte mais baixa, possibilitando uma posição mais aerodinâmica e com maior controlo nas descidas ou zonas rápidas. Tem componentes ergonómicos e funcionais que cumprem muito bem os seus objetivos e são pontos que podemos melhorar se quisermos ainda mais leveza.
GEOMETRIA
A nova geometria Road Race substitui a H1.5, reajustando os números por letras. A atual M agora equivale a um 53, a XS seria mais pequena do que a anterior 47, e a XL seria um pouco maior do que a existente 62. Trata-se de uma bicicleta desportiva, mas não apresenta uma geometria muito agressiva, sendo benevolente para os ciclistas que procuram uma posição mais confortável e erguida, ajudada por um uma relação stack/reach superior a 1,4, com um tubo superior contido e um de direção mais comprido. O ângulo de direção próximo dos 73º e as escoras de 410 mm aumentam a vivacidade desta bicicleta.
Pontos favoráveis: Qualidade global do quadro; transmissão eletrónica e rodas de carbono tubeless.
Pontos a rever: Guiador de alumínio com cabos à vista; a opção com Shimano não traz potenciómetro.
REFERÊNCIA
A oitava geração da Trek Madone inclui outras características que ainda não referimos como a caixa de pedaleiro T47, a direção RCS, a ponteira traseira UDH, eixos passantes Premium Switch Pro com cabeça cónica e alacanca removível, guia de corrente aerodinâmico, bem como possibilidade de montar pneus de até 32 mm.
O quadro Madone SLR - que custa 4.449€ - pesa 796g no tamanho M/L e a forqueta mais 350g. Por sua vez, o quadro Madone SL pesa 1.054g, a forqueta 363g e custa 2.669€, sendo possível montar transmissões mecânicas.
TESTE NO TERRENO
A nova Trek Madone SL 6 é a versão mais acessível equipada com rodas tubeless de carbono e transmissão eletrónica, sendo possível escolher um grupo Shimano 105 Di2 (eletrónico, parcialmente sem fios) ou o SRAM Rival AXS (eletrónico e sem fios). Neste momento, esta versão com Shimano na cor que vemos nas fotos (Crimson, mas também disponível em branco) custa 4.009€, mas em preto é ainda mais barata: 3.559€. A versão com SRAM vem com medidor de potência, mas só existe em preto e custa 3.559€. Tendo em conta estes valores, chegamos facilmente a uma conclusão: esta Madone SL 6 é um modelo muito competitivo, atrativo e interessante, já que possui todas as características de última geração, como as mudanças eletrónicas, travões de disco, rodas tubeless, cablagem oculta no quadro, eixos passantes e rendimento aerodinâmico - sem comprometer o conforto - por um preço realmente justo.
Além disso, a sua geometria e comportamento possibilitam que ciclistas de diversos perfis estejam sempre confortáveis após ajustar a posição às suas características.