Desde que foi apresentada, a Cannondale Topstone ocupou um lugar de destaque no segmento das bicicletas de gravel mais polivalentes. A primeira geração só estava disponível com quadro em alumínio e rodas 700c, depois foram apresentados novos modelos em carbono e com rodas 650b, numa altura em que este tamanho de roda era muito popular. Agora, a nova Topstone foi atualizada com as tecnologias mais avançadas, mas mantém o seu ADN aventureiro, embora com detalhes especiais e exclusivos.
A BICICLETA DE GRAVEL QUE FAZ TUDO
Esta nova geração é extremamente versátil. Por enquanto só está disponível em fibra de carbono, o que melhora a capacidade de absorção, e a sua compatibilidade com outros componentes aumentou. Também tem mais capacidade de carga, o que aumenta a sua polivalência. Esta nova geração, tal como as anteriores, inclui a exclusiva suspensão Lefty Oliver, uma réplica da Lefty original que todos conhecemos da Cannondale de XCO, mas com um curso adaptado às necessidades do gravel, ampliando as capacidades todo o terreno desta Topstone.
Com a nova Topstone e os seus diferentes níveis de montagem, a Cannondale pretende chegar a mais potenciais clientes, graças a uma bicicleta que é suficientemente ágil e rápida para quem quer andar a fundo - embora sem chegar a ser tão extrema como a SuperX específica para competição -, mas também inclui valências que permitem viajar ou percorrer longas distâncias sem pressa, com conforto e com uma excelente capacidade de se adaptar a todos os terrenos.
Uma das particularidades da Topstone é o seu comportamento em terrenos um pouco mais técnicos. Nesse aspeto, está acima de muitas das suas rivais e isso deve-se à sua geometria, com um reach curto e uma testa da direção relativamente alta, que permite um bom controlo das reações da bicicleta, mas, sobretudo, a sua capacidade de absorção das vibrações do terreno. Neste sentido, a Topstone Carbon mantém o seu sistema de filtragem das irregularidades na parte traseira, fruto do Kingpin (no fundo, é constituído por uma junta esférica ou rolamento localizado na junção entre as escoras e a zona central do tubo vertical, que torna esta zona da bicicleta mais isolada das vibrações transmitidas pela roda traseira ao passar por buracos e outras irregularidades).
A suspensão Lefty Oliver é outro dos elementos que proporciona uma especial capacidade de absorção, o que se traduz em maior controlo, eficiência e conforto em zonas mais irregulares. Somos fãs desta suspensão invertida monobraço, que nesta versão passa a ter 40 mm de curso, em vez dos 30 mm da versão anterior. A Lefty Oliver está presente no modelo Topstone Carbon 1, e não está disponível nas restantes montagens.
SIMPLICIDADE E COMPATIBILIDADE
A Cannondale tem estado a simplificar os seus standards tecnológicos. Por um lado, para se adaptar aos novos tempos, novas exigências e vicissitudes do mercado. E em abono da verdade, também o faz para tornar as suas bicicletas mais compatíveis com outros componentes, algo que não acontecia no passado. No caso da Topstone, tal como já acontece na nova Scalpel, SuperSix EVO e SuperX, a tecnologia Asymmetric Integration já não está presente. Basicamente esta assimetria do triângulo traseiro obrigava a usar uma configuração específica na roda traseira, bem como um offset de 4 mm na cremalheira. A nova geração da Topstone já não é assimétrica atrás, portanto, é compatível com qualquer par de rodas à venda no mercado, nem precisa de um offset específico ou linha de corrente especial.
Por outro lado, esta bicicleta adota o sistema de eixo pedaleiro BSA (de rosca). Trata-se de um sistema tradicional que é compatível com várias soluções à venda no mercado. Além disso, a sua manutenção é bastante fácil.
MAIS CAPACIDADE DE TRANSPORTE
Como se trata de uma bicicleta de gravel mais voacionada para a aventura, não podiam faltar inúmeras roscas para instalar bolsas de viagem e alforges. Encontramos roscas tanto no tubo horizontal como diagonal, bem como na forqueta (obviamente nos modelos que não trazem de origem a Lefty Oliver).
Em todo o caso, a maior novidade desta nova geração é a incorporação de um compartimento integrado no tubo diagonal que permite transportar pertences. Chama-se Stash Port e possui uma comporta que dá acesso a um compartimento original que possibilita colocar o kit antifuros.
OPÇÕES DISPONÍVEIS
Para se adaptar a todas as necessidades, a nova Topstone pode vir equipada com transmissões monoprato ou com duplo prato. A gama é composta por três montagens com duplo prato e três com monoprato. O quadro está preparado para as duas opções, o que aumenta a sua polivalência. Em qualquer caso, só admite pratos até 44 dentes. No caso das montagens de duplo prato, utiliza um rácio 40/32 na Shimano e 43/30 na SRAM.
Também apreciámos o maior espaço entre os pneus e o quadro/forqueta, sendo assim compatível com pneus mais largos. A Cannondale refere que podemos montar atrás um pneu de 52 mm e 56 mm na parte dianteira, medidas realmente incríveis numa bicicleta de gravel. Nos modelos equipados com a suspensão Lefty a largura máxima do pneu é de 47 mm.
GAMA CANNONDALE TOPSTONE CARBON 2025
A gama começa nos 2.899 euros e termina nos 6.599, todos eles com quadros em carbono. Estas são as montagens disponíveis:
A NOSSA OPINIÃO
Tivemos a oportunidade de testar uma das primeiras unidades a chegar ao nosso país e ainda por cima, tivemos a sorte de ser uma das versões mais elitistas, a Topstone Carbon 1 equipada com a exclusiva Lefty Oliver e transmissão eletrónica sem fios SRAM AXS, que combina componentes do grupo Rival e GX.
Sentimos desde o início que se trata de uma bicicleta muito versátil e é, provavelmente, uma das mais polivalentes que testámos nos últimos tempos. Do nosso ponto de vista, os engenheiros conseguiram um equilíbrio entre desempenho, conforto, velocidade e versatilidade. Testámos recentemente outras bicicletas deste segmento e ficámos com a sensação de que eram mais focadas para o bikepacking. Na Topstone, embora seja apta para viagens e longas distâncias, sentimos mais irreverência, ao contrário da tendência atual.
O segredo deste fantástico desempenho está na combinação de um quadro excecional de carbono que é rígido e, ao mesmo tempo, reativo, o qual proporciona um grande dinamismo, apesar dos seus quase 10 kg de peso no tamanho 56. É incrível como uma bicicleta destas pode ser muito ágil e fluida. O peso extra da suspensão vale a pena, sobretudo se, tal como nós, gostas de andar em cortafogos, mas também não dizes que não a trilhos ligeiramente mais técnicos.
É uma bicicleta que reage rapidamente, acelera com brio, curva muito bem e surpreende pelo dinamismo. Estamos convencidos que a maior parte destas sensações são provocadas pela qualidade e rigidez do quadro, combinado com as espetaculares rodas Reserve 40/44 GR de carbono, que permitem adotar pressões baixas, graças a uma largura interna de 27,4 mm, o que aumenta o controlo e a segurança.
Não é uma super trepadora devido ao seu peso, mas admitimos que em desníveis moderados a sua resposta é muito boa. Inclusive, podemos bloquear a suspensão Lefty em asfalto ou pisos mais compactos. Em todo o caso, não notámos perda ou dissipação de energia quando não bloqueámos a suspensão neste tipo de pisos.
CONFORTO ELEVADO
A suspensão Lefty com os seus 40 mm de curso faz toda a diferença, absorvendo eficazmente as irregularidades. Ou seja, trabalha a nosso favor, permitindo andar mais rápido, com menos receio e muito mais confortáveis. Assim, a fadiga aparece muito mais tarde.
O sistema de amortecimento traseiro com os seus 30 mm de curso (declarados pela marca) tem um funcionamento que depende do peso do ciclista e da magnitude das vibrações. Nota-se que ajuda a suavizar as sensações, fruto também da geometria acertada que permite mais controlo e estabilidade. E parece que de certa forma nos convida a enveredar por secções mais técnicas. Obviamente, não se trata de uma BTT, mas de certa forma, podemos dizer que é um dos modelos de gravel que mais se assemelham a uma bicicleta todo o terreno.
Quanto ao equipamento montado de série, a transmissão AXS funciona na perfeição, com uma cassete de BTT que permite subir qualquer rampa. Apenas lamentamos os pneus escolhidos, os WTB Raddler, que com os seus 44 mm nos pareceram algo estreitos e pouco fiáveis em curva. Em todo o caso, não é nada relevante, dado que podemos substituí-los facilmente.
Para concluir, temos de salientar que se pretendes uma única bicicleta de gravel para as tuas aventuras de bikepacking, mas que te permita voltas a bom ritmo, esta pode ser a bicicleta perfeita. Do nosso ponto de vista, mistura um alto desempenho com bikepacking, algo pouco comum no mercado atual.
Poderás encontrar mais informações no site da Cannondale.