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Já testámos o renovado Shimano GRX

A Shimano apresentou a segunda geração do seu grupo específico para gravel, o GRX, com grandes melhorias face à versão anterior. Tivemos a oportunidade de o testar em primeira mão e contamos todos os detalhes já a seguir.

Miguel Ángel Sáez

6 minutos

Já testámos o renovado Shimano GRX

Em 2019 o Shimano GRX foi apresentado pela primeira vez e foi o primeiro grupo específico de gravel desenvolvido pelo fabricante japonês. Em pouco tempo, o GRX tornou-se a referência na modalidade devido à sua fiabilidade, desempenho e opções em termos de componentes. 

Agora, a marca apresentou a nova versão mecânica deste grupo, com configurações melhoradas tanto nas versões monoprato como para duplo prato. 

Esta nova geração, denominada RX820, passa a ter 12 velocidades, o que aumenta o leque de utilização e as suas possibilidades. 

Tivemos a oportunidade de testar em exclusivo este grupo em Oregon, nos Estados Unidos e por enquanto só está disponível a versão mecânica, ficando para outra oportunidade o lançamento de uma versão com tecnologia Di2 (a qual já está a ser desenvolvida). 

Tal como acontece nos grupos de BTT e de estrada, o GRX passa a ter 12 velocidades nesta segunda geração. Para além disso, tem disponível a configuração para monoprato, com cremalheiras de 40 ou 42 dentes. Quanto à cassete, oferece as mesmas opções que os grupos de BTT de 12 velocidades da marca nipónica, ou seja, uma cassete de 10-45 para quem não precisa de subir grandes desníveis ou estiver num bom nível de forma, e ainda uma cassete de 10-51 dentes, para uma maior polivalência de utilização. Neste caso, será necessário usar um desviador GRX com caixa longa RX822-SGS.

Esta passagem para as 12 velocidades melhora notavelmente a versatilidade do GRX que, até agora, também contava com opções mono e duplo prato, em versões de 10 e 11 velocidades, sendo o leque de desmultiplicações da cassete desde o 11-25 (proveniente de uma cassete Ultegra) até 11-40 ou 11-46 (de uma cassete de BTT). Em todo o caso, agora o GRX está mais simplificado em termos de oferta de cassetes, baseando-se no que já existia até agora na gama de BTT, com uma oferta ampla, com 45 ou 51 dentes como carreto maior. 

No que diz respeito à configuração de prato duplo, o novo GRX oferece uma combinação de 48-31 dentes. As cassetes disponíveis são a configuração de 11-34 e de 11-36 dentes, oferecendo um escalonamento mais progressivo entre os carretos, sem perder a capacidade nas extremidades, graças à possibilidade de dispôr de dois pratos. 

TRANSMISSÃO COM MAIS TECNOLOGIA

A Shimano trouxe para o GRX a melhor tecnologia dos seus grupos de BTT: o Shadow RD+. Isto possibilita uma utilização mais agressiva e permite circular em zonas mais técnicas a alta velocidade evitando que a corrente toque ou roce na escora, graças a um tensor de corrente que pode ser facilmente ativado ou desativado. É uma tecnologia que já vimos anteriormente em grupos como o XTR, XT e inclusive SLX. 

Há também uma maior separação do desviador dianteiro do eixo central da bicicleta. Esta atualização agora permite montar pneus de qualquer largura e reduz os problemas de colapso por excesso de lama. O desviador agora está 2,5 mm mais separado do centro da bicicleta do que a versão anterior do GRX. 

Há também outras tecnologias que podem passar despercebidas, mas que num teste real como este ficam visíveis. A ergonomia das manetes é superior, proporcionando um conforto ainda maior. 

As manetes são mais volumosas do que as anteriores e possuem uma superfície otimizada para uma maior compatibilidade com os guiadores com flare específicos de gravel. 

Em segundo lugar, foi utilizado um novo composto de borracha e há zonas com mais aderência para aumentar o grip, o que é essencial quando temos as mãos suadas ou quando chove ou estamos perante percursos com muita lama. Este composto é o mesmo utilizado pela Shimano no seu departamento de pesca para equipar o ponto onde as mãos agarram as canas de pesca topo de gama. 

Por último e não menos importante, a manete de travão e de passagem de mudanças é mais larga do que na geração anterior do GRX e, além disso, tem um tratamento da superfície que aumenta a aderência, uma característica importantíssima no gravel. 

TRAVAGEM MELHORADA

Os travões do novo GRX incluem tecnologias já usadas e testadas pela empresa, tanto nos seus grupos de estrada como de BTT. Os discos agora contam com o tratamento ICE Technologies Freeza, que consiste numa camada interna de alumínio e numas ranhuras com uma disposição específica expostas no centro do disco, as quais proporcionam uma maior dissipação da temperatura, prolongando a sua vida útil e a da pastilha. Além do mais, reduz os ruídos. 

Tal como acontece nos travões Shimano de nova geração de estrada (Dura-Ace, Ultegra e 105), as pinças de travão do GRX deixam agora um espaço adicional de 10% entre a pastilha e o disco, o que reduz notavelmente os riscos de contato entre estes dois elementos e os consequentes ruídos ao rolar. 

SHIMANO GRX E AS SUAS RODAS DE CARBONO

Parte importante do novo GRX é a incorporação, pela primeira vez, de umas rodas específicas de carbono. Trata-se de uma adaptação das mesmas rodas de carbono que a Shimano recentemente apresentou - e que divulgámos em exclusivo nacional -. 

As RX880 são comercializadas unicamente com 700 mm de diâmetro e possuem um nível de acabamentos excecional. Têm 24 raios e um perfil de 32mm, bem como 25 mm de largura interna. São compatíveis com o sistema tubeless e com pneus de 32 a 50 mm. 

Pesam 1.397g o par e o seu cepo pode ser facilmente substituído (podemos usar o sistema Micro Spline convencional ou a versão HG Spline L2 proveniente dos grupos de estrada de 12 velocidades). 

SHIMANO GRX RX610

Dentro do grupo GRX destacamos a versão mais barata, denominada RX610. Partilha a maioria dos componentes e algumas tecnologias da versão RX820, mas destina-se a quem não se importa tanto com o desempenho. 

Neste caso não possui rodas de carbono, como é óbvio, nem a tecnologia Servo Wave (travagem). Nem sequer tem um ângulo específico da manete para uma maior compatibilidade com guiadores com flare. 

As desmultiplicações específicas da gama RX610 são 46-30 dentes no caso do duplo prato e 38 dentes no caso do monoprato. As cassetes contam com as mesmas combinações: 10-45 e 10-51 dentes. 

PESO

O peso é sempre uma questão relevante quando falamos de componentes e no caso do novo Shimano GRX não é exceção. O peso total do grupo, sem contar com as rodas, é de 2.888 gramas na versão de prato duplo e 2.961 gramas na versão monoprato. 

A estes pesos devemos acrescentar 1.397g ou 1.394g se estivermos a pensar incluir as rodas de carbono específicas WH-RX880. 

Os componentes pesam:

  • Peso dos travões de disco: 1.009 g (Incluindo o par de manetes, mangueiras, pinças e discos de 160 mm)
  • Prato e cranques: 655 g (monoprato) com cranques de 172,5 mm / 721 g (duplo prato) com cranques de 172,5 mm
  • Desviador traseiro: 288 g
  • Desviador dianteiro: 95 g
  • Cassete: 10-45 dentes, 461 g, 10-51 dentes, 470 g. 11-36 dentes, 391 g
  • Corrente: 247 g

PRIMEIRO TESTE NO TERRENO

Durante as nossas voltas em Oregon, nos Estados Unidos, tivemos a oportunidade de testar a versão monoprato do novo GRX com cremalheira de 40 dentes e cassete 10-51, inclusindo as rodas RX880. Como tínhamos andado recentemente com a versão anterior do GRX, a memória ainda estava fresca, por isso podemos dizer com toda a franqueza que a evolução deste novo grupo é mais do que significativa. 

A primeira coisa que salta à vista é o maior rácio de velocidades na cassete, dado que para além de agora ter mais um carreto, nas extremidades chega aos 10 e 51 dentes. Com esta nova configuração de desmultiplicações aumentamos a capacidade de abordar qualquer desnível se compararmos com as versões anteriores, cujo carreto máximo era de 46 dentes. 

A tecnologia Shadow RD+ proporciona mais suavidade em termos de utilização, eliminando qualquer possível ruído em andamento. Comprovámos isso mesmo em alguns trilhos técnicos que encontrámos no percurso que a Shimano preparou na cordilheira de las Cascadas, nas proximidades de Bend. Nestas secções, apesar de deambularmos em secções com pedra, com descidas e subidas abruptas, as vibrações da bicicleta não se repercutiram em movimentações da corrente contra as escoras.

Outro aspeto significativo é o tato das manetes. Confessamos que gostávamos do tato da manetes anteriores, mas este novo ângulo de inclinação e o novo composto de borracha proporcionam ainda mais confiança, segurança e controlo da bicicleta em qualquer circunstância. 

Gostámos particularmente das rodas, com os seus equilibrados 25 mm de largura interna, que permitem montar pneus praticamente de qualquer largura e com cubos que praticamente duram uma vida inteira. 

A travagem é outro dos aspetos positivos do novo GRX. A tecnologia Servo Wave e o novo ângulo de ataque somado ao maior grip das manetes melhoram a travagem e o controlo, contribuindo para a segurança na condução e permitindo adotar uma atitude mais agressiva e atingir maiores velocidades. 

Fica atento à revista BIKE, onde publicaremos mais novidades em breve. Lembramos que a Shimano é comercializada em Portugal pela Sociedade Comercial do Vouga (www.scvouga.pt). 

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