O belga Wout Van Aert (Visma - Lease a Bike) estreou-se a ganhar esta temporada, na terceira etapa da Volta ao Algarve, disputada entre Vila Real de Santo António e Tavira (192,2 km).
A luta pela vitória foi decidida, como já se antevia, ao sprint, e foi prejudicada por uma queda numa rotunda situada dentro do último quilómetro, o que fez com que o pelotão ficasse cortado. Os elementos da redação da revista Ciclismo a fundo passaram nessa mesma rotunda alguns dias antes desta etapa e confirmaram que o piso estava sujo devido a algumas obras que decorreram, mas também devido aos detritos que as chuvadas da semana passada provocaram. Esse pode não ter sido o motivo da queda, mas fica aqui o reparo.
Só cerca de 20 ciclistas conseguiram decidir entre si a vitória, com a equipa Intermarché a fazer um bom lançamento para Gerben Thijssen, vencedor da jornada inaugural em Lagos. O alemão Marius Mayrhofer (Tudor) seguiu na sua roda, bem como Wout van Aert, que sabiamente atacou pelo lado direito, batendo Rui Oliveira (UAE Emirates) ao sprint, bem como Mayrhofer e Thijssen. É a 45ª vitória deste polivalente ciclista.
O pelotão chegou à linha de meta fragmentado e os favoritos à classificação geral (sobretudo Dani Martínez, Evenepoel e Kuss) chegaram a quase um minuto de Van Aert. As regras da UCI quando acontecem acidentes como este, ou seja, dentro dos 3 km finais, ditam que é creditado o mesmo tempo, portanto a classificação geral não sofreu grandes alterações. A grande novidade, digamos assim, é a subida de Van Aert ao 7º posto, a 22 segundos do líder, graças à bonificação de 10 segundos que recebeu devido à vitória.
“O meu objetivo era evitar problemas nas chegadas ao sprint. Mas a aproximação à chegada, hoje, era mais fácil e mais segura do que no primeiro dia. Mas vi-me na frente, com a equipa, e pensei ‘por que não?’. É importante para a minha confiança, sou um ciclista e quero ganhar corridas. É muito bom começar a época, vencendo, aqui em Portugal. Amanhã vou dar o meu melhor, esperamos ter alguns corredores da equipa em boa posição após a etapa de sábado para podermos jogar as nossas cartas na etapa de domingo”, disse Wout van Aert
Amanhã será o decisivo contrarrelógio de Albufeira, o qual tem uma extensão de 22 km e que poderá definir melhor as diferenças na geral.
INÍCIO DE ETAPA COM FUGA QUASE INTEIRAMENTE LUSA
Já se antecipava que hoje, por não ser uma etapa de montanha, as equipas lusas iriam tentar a sua sorte, apostando numa fuga. E assim foi. Os portugueses Frederico Figueiredo, Afonso Eulálio, Miguel Salgueiro, António Ferreira e Francisco Morais tentaram a sua sorte acompanhados pelo espanhol Raúl Rota e pelo argentino Germán Tivani. Chegaram a ter cerca de 4 minutos de vantagem, mas as equipas dos sprinters, sobretudo a Intermarché e a Arkéa, nunca permitiram grandes veleidades.
Na subida de Faz Fato (de 3ª categoria), alguns elementos perderam o contato, ficando somente Frederico Figueiredo (Sabgal / Anicolor), Carlos Salgueiro (APHotels / Tavira) e Tivani (Aviludo-Louletano) na frente de corrida e só foram apanhados nos 20 km finais, numa altura em que o ritmo do pelotão aumentou.
No sprint de Tavira - que embora na televisão pareça uma reta, mas na verdade é em ligeira subida - Wout van Aert soube aproveitar uma boa roda e atacou, somando mais uma vitória ao seu extenso palmarés, embora seja a primeira deste ano.
Não podemos deixar de mencionar o excelente repto das equipas lusas, que tentaram fazer a diferença com esta fuga de longe e também o excelente momento de forma de Rui Oliveira. Está a demonstrar que não tem receio de lutar taco a taco com os melhores do mundo e temos a certeza de que chegará a sua altura de festejar a vitória.
António Morgado (UAE Emirates) continua a envergar a camisola de líder da Juventude, Dani Martínez (BORA-hansgrohe) ainda lidera a classificação geral e a classificação da montanha e Miguel Salgueiro foi considerado o mais combativo do dia.
Infelizmente a má notícia do dia foi a desistência de Rui Costa, devido a queda.