Javier Macías, diretor técnico da Leyenda de Tartessos by Alé já tinha advertido na palestra técnica que "na primeira metade da segunda etapa, é preciso ter muito cuidado com as pedras e os seixos que podem provocar avarias". Como bom conhecedor do terreno, o espanhol sabia do que falava, e o tempo deu-lhe razão. O segundo dia da prova, com saída e chegada na localidade de El Granado, fez as primeiras vítimas logo nos primeiros quilómetros, na forma de furos e quedas. A maioria sem gravidade, necessitando apenas de ligeiros cuidados médicos.

Mas nada disso afetou a dupla formada por David Valero e Tiago Ferreira. O espanhol e o viseense entendem-se na perfeição, como voltaram a demonstrar desde praticamente a partida. Com constantes trocas de liderança entre ambos, poucos são os ciclistas que conseguem manter o seu ritmo demolidor. De facto, o português instou várias vezes os seus companheiros da frente a ajudarem na perseguição. Além disso, a sorte hoje sorriu ao campeão luso: "Pela primeira vez, em quatro anos, não tive qualquer problema na segunda etapa", confessou Tiago Ferreira na meta.

Assim, na passagem pelo primeiro abastecimento, no quilómetro 22,5, Valero liderava, seguido de Morcillo, Tiago Ferreira, Martí Arán, José María Sánchez e os ‘Klimatiza’ Luis Pérez e Miguel Muñoz.
Com um ritmo alucinante, o grupo foi-se fragmentando, quer devido à velocidade imposta pelo granadino, quer devido a problemas mecânicos. A separação dos ciclistas foi-se evidenciando na passagem pela bela localidade de Sanlúcar de Guadiana, mas a dianteira da corrida permaneceu inalterada.

No terceiro abastecimento, apenas Enrique Morcillo conseguia seguir a locomotiva luso-granadina, enquanto Martí Arán cedia quase um minuto e os restantes corredores perdiam ainda mais tempo.
Na meta, Valero cedeu a vitória e a camisola de líder a Ferreira por um segundo de diferença, com 48 segundos de vantagem sobre Arán e mais de dois minutos e meio sobre José María Sánchez, Jofre Cullel, que fez uma grande recuperação, e Francisco Herrero.
Na categoria feminina, o enredo foi semelhante. Desde o início, a atleta da equipa Extremadura Ecopilas, Natalia Fischer, impôs um ritmo altíssimo dinamitando a corrida, velocidade que apenas Mónica Calderón e Irina Luetzelschwab conseguiram acompanhar, com Janina Wust alguns metros atrás.

A malaguenha alcançou o seu objetivo até que o azar cruzou o seu caminho fruto de uma queda, momento em que ficou para trás, perdendo quase todas as hipóteses de pódio ao ser superada pela ciclista suíça da Buff Megamo. A colombiana, com mais uma demonstração do seu poder físico, aproveitou para aumentar ainda mais a sua vantagem na meta sobre as suas perseguidoras, as suíças Luetzelschwab e Wust, e a austríaca Holland.
A terceira etapa vai ter partida e chegada em Huelva, num percurso de 70 quilómetros repleto de trilhos que prometem alta velocidade e um final muito disputado. Se a mecânica permitir, espera-se uma jornada de grande espetáculo para ciclistas e adeptos, em que, se piscarem os olhos, podem perder algo imperdível.