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Sabes quanto paga cada localidade por receber a Volta a Espanha?

A Volta a Espanha envolve diariamente a movimentação de mais de 3.000 pessoas que fazem parte da comitiva da prova. Estima-se que por noite em cada localidade sejam gastos 250.000 euros só em hotéis e restaurantes.

CARLOS DE TORRES (EFE) e CARLOS PINTO. FOTO De ABERTURA: SPRINT CYCLING AGENCY / UNIPUBLIC

Volta a Espanha gera impacto de 6,7 milhões de euros
Volta a Espanha gera impacto de 6,7 milhões de euros

A Volta a Espanha tem uma duração de três semanas e durante esse período movimenta 3.000 pessoas, gerando um impacto total de 6.7 milhões de euros. 

Madrid, a cidade que habitualmente recebe a chegada da Volta a Espanha, é a que mais paga para receber a prova, cerca de 300.000 euros. Em média, cada cidade que recebe a comitiva tem um retorno de 250.000 euros só em hoteis e restaurantes. 

O staff da Volta envolve 3.000 pessoas, embora só sejam contabilizadas 2.000 camas (as restantes são contratações locais, portanto não envolvem dormidas). A Unipublic, empresa que organiza a Volta a Espanha, só tem 22 empregados efetivos, mas durante a prova contrata 250 para ajudar na organização deste mega-evento, tendo a seu cargo a gestão dessas 2.000 dormidas (elementos da organização, equipas, forças de segurança, ASO, etc). É importante salientar que a ASO detém os direitos da Volta a Espanha, aliás também é a proprietária da Volta a França, entre outras provas World Tour, sendo o financiamento da prova feito com dinheiro das instituições públicas, gerando um volume de negócios que ronda os 25 milhões de euros. 

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Foto: Charly Lopez / Unipublic

MADRID INVESTE 300.000 EUROS PARA RECEBER A VUELTA

A Comunidade de Madrid é a que mais investe: 300.000 euros, ou seja, 95.000 euros a mais do que nos anos anteriores. O compromisso inclui a meta da última etapa e a cerimónia do pódio na Plaza de Cibeles. É considerado um gasto público, mas que gera um grande retorno tanto no comércio local como nos meios de comunicação social (estão presentes meios de todo o mundo), sendo o impacto publicitário estimado em 100 milhões de euros. 

VOLTA A ESPANHA DEIXA EM EUSKADI 2 MILHÕES DE EUROS

Este ano a prova deixou na sua passagem por Euskadi um impacto económico de quase dois milhões de euros nas três etapas disputadas nas três províncias. Bilbao foi a mais beneficiada ao receber uma chegada e uma partida. 

Por outro lado, o País Basco vai gastar 12 milhões de euros para receber a partida oficial da Volta a França em Bilbao graças a um convénio entre San Sebástian e Vitoria, bem como Vizcaya, Guipúzcoa e Álava. A quarta etapa desta Volta a Espanha, com partida em Vitoria, deu um retorno de 800.000 euros e na Costa Blanca gerou 957.000 euros. 

Na Volta a Espanha participam 184 ciclistas de 23 equipas, acompanhados de 5.800 pessoas acreditadas, das quais 575 são jornalistas e fotógrafos, o que permitiu aos hoteis destas cidades ter a lotação esgotada, especialmente no caso de Bilbao. Mas o maior impacto é o retorno futuro, dado que está a ser transmitido por televisão para 190 países. Além disso, conta com um milhão e meio de seguidores nas redes sociais. 

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Foto: Charly Lopez / Unipublic

Tal como acontece em Portugal, a passagem da Volta em zonas rurais pouco acessíveis pode provocar um estímulo económico pela atração turística que gera. Por exemplo, em anos anteriores, a etapa dos Machucos, na Cantabria, deixou um impacto surpreendente na sua vertente turística. Milhares de fãs visitam esta zona de bicicleta, um fenómeno que se traduziu no aumento do turismo em 60%. O governo local gastou 130.000 euros no final desta etapa em 2019 e na partida do dia seguinte. Por seu lado, três etapas de montanha nas Astúrias podem superar os 210.000 euros. 

Essencialmente é gasto dinheiro público e em cada edição da Volta a Espanha a Unipublic assina cerca de 35 contratos com governos locais, Câmaras Municipais, Comunidades Autónomas, sem contar com as autoridades de segurança ou com a Televisão Pública Espanhola (RTVE). No total o investimento público ronda os 3 milhões de euros, incluindo um patrocínio que ronda os 670.000 euros das Loterias do Estado (na Camisola de Líder da Montanha). Os preços a pagar pelas localidades que recebem as partidas são mais baixos do que os valores a pagar pelas que recebem as chegadas. Localidades com uma população reduzida podem pagar à volta de 15.000 euros, enquanto localidades massificadas, como Madrid, podem pagar 45.000. Os valores das chegadas são mais altos: 100.000 euros no caso de uma cidade de média dimensão e 300.000 euros no caso de Madrid. 

RETORNO

Mas será que o retorno económico justifica o investimento na Volta a Espanha? Está demonstrado que em alguns casos sim, sobretudo em localidades pequenas que se tornam famosas por possuírem uma subida interessante. "É o melhor investimento que se pode fazer", disseram alguns responsáveis municipais. A Volta a Espanha tornou populares lugares como Angliru, Los Machucos, Mirador de Ézaro em Dumbría (Coruña), Puig de la Llorença, El Poble Nou de Benitatxell (Alicante), etc.

Em todos estes exemplos, são os Municípios ou as Comunidades Autónomas que assumem o financiamento. O retorno económico é estabelecido em termos de pernoitas nos hotéis, restaurantes e combustíveis (lembramos que cada equipa leva para a prova, no mínimo, um camião, um autocarro e cinco viaturas de apoio). Além disso, devemos somar as horas de transmissão em direto na televisão, entre outros elementos promocionais. Em média, as pessoas que visitam a Volta a Espanha gastam 45 euros por dia, 40% dos turistas realizam outra atividade desportiva na localidade de passagem, 25% deles pernoitam e 65% comem nos restaurantes da localidade. 

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O OUTRO LADO DA BALANÇA

Mas há um lado que não é visível. A Volta a Espanha não tem financiamento estatal e tem de pagar a presença da Guardia Civil e da Policia Municipal. A Unipublic paga durante estas três semanas cerca de 700.000 euros às entidades policiais. 

Além disso, o organizador da prova exige determinadas condições para poder albergar a prova, por exemplo um espaço disponível de 12.000 m2, pontos de acesso a eletricidade e água potável, uma empilhadora de 3.500 kg, mais de 250 baias metálicas, um camião cisterna com 8.000 litros, espaços para os comissários, diretores de prova, sala de imprensa, estacionamento para 150 veículos, etc.

Os serviços de limpeza, médicos e vigilância estão a cargo da sede que acolhe a etapa e também deve possuir Polícias para vigiar toda a montagem. Na prática, a Volta a Espanha é uma espécie de cidade nómada que se move durante quase um mês por 40 localidades diferentes. 

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