A notícia do abandono de Remco Evenepoel foi uma autêntica surpresa para todos. O ciclista belga da Soudal-Quick Step ganhou a nona etapa e voltou a vestir a camisola rosa de líder da prova após o contrarrelógio, mas após o ciclista confessar que não se sentia a cem por cento e confirmar o teste positivo ao Covid 19, tanto a equipa como o belga decidiram que o melhor seria Evenepoel abandonar a prova.
“Anuncio que vou abandonar a Volta a Itália devido ao Covid-19 depois de realizar o teste. A minha experiência aqui foi muito especial e tinha vontade de continuar a competir nas próximas semanas. Não posso deixar de agradecer ao staff e aos ciclistas que sacrificaram tanto em termos de preparação para o Giro".
Lembramos que Remco Evenepoel ganhou duas etapas e era o atual líder da classificação geral. Entretanto a Soudal-Quick Step anunciou que os restantes ciclistas e staff também fizeram testes e todos deram negativo.
PODERIA EVENEPOEL AGUARDAR PELO DIA DE DESCANSO E CASO SE SENTISSE MELHOR CONTINUAR EM PROVA?
Esta é a pergunta que todos fazem. Mas a resposta não é assim tão fácil... Embora o virus do Covid 19 esteja numa fase endémica, estamos a falar de atletas profissionais no seu pico de forma, logo com as defesas em baixo (devido ao stress acumulado e às exigências diárias elevadas, levando o corpo ao limite todos os dias). Para além disso, os ciclistas andam uma boa parte do tempo em pelotão, todos muito juntos e quando não estão a competir, estão com os seus colegas de equipa e staff, logo podem ajudar a espalhar o virus. Os próprios médicos das equipas salientam que é preferível um ciclista positivo abandonar imediatamente, enquanto só há um ou dois casos. do que obrigar toda a equipa a desistir passados poucos dias, quando o virus se espalhar.
A saúde dos ciclistas está em primeiro lugar, tudo o resto vem depois. Para além disso, o que preocupa mais os médicos das equipas não é propriamente o ciclista apanhar o virus. Para eles, o mais preocupante é como é que o metabolismo de cada um reage (em ciclistas tão jovens, tanto pode haver uma "guerra nuclear" no organismo a lutar contra o virus, provocando febres altas, problemas pulmonares e renais, como pode pura e simplesmente não dar quaisquer sintomas). Uns reagem muito mal, outros nem por isso. Por haver essa incerteza, jogam pelo seguro e preferem que o ciclista deixe de competir durante alguns dias, deixando o organismo concentrar-se a cem por cento na sua recuperação.
Há inúmeros casos de ciclistas profissionais que estiveram meses afastados da competição e dos treinos devido às sequelas do virus, enquanto outros pararam apenas uma ou duas semanas e voltaram como se nada tivesse acontecido.
É verdade que Remco faz falta à prova, mas sabemos que tem outra Grande Volta no seu horizonte este ano. Veremos como corre o resto do Giro e esperemos que o maldito Covid 19 se mantenha afastado do pelotão. Até agora, nesta edição da Volta a Itália já tiveram de abandonar devido ao Covid 19 (por decisão das próprias equipas), Rigoberto Urán, Filippo Ganna, Nicola Conci, Giovanni Aleotti e Clément Russo.