Esta etapa rainha da Volta a Espanha foi demolidora, como já se antecipava. Os Pirenéus costumam fazer a diferença e quando uma equipa como a Jumbo-Visma faz o que hoje conseguiu fazer, não há muito a dizer. Para além de impôr um ritmo muito elevado desde o início, a equipa neerlandesa deu-se ao luxo de ganhar a etapa - através de Jonas Vingegaard - e de colocar em segundo lugar Sepp Kuss (a 30 segundos) e Primoz Roglic, a 33 segundos. Com um lote de ciclistas desta qualidade, até parece fácil...
Juan Ayuso (UAE Team Emirates) foi dos poucos que não sucumbiu e embora não conseguisse responder ao ataque final, ficou em quarto, a 38 segundos, seguido de Cian Uijtdebroeks e Enric Mas.
Para além de colocar três homens nos primeiros três lugares da etapa, os três lideram a geral. Kuss mantém a camisola vermelha, Roglic está em segundo com 1m37 de diferença e Vingegaard está em terceiro a 1m44. Será que haverá disputa, sobretudo entre Roglic e Vingegaard? Veremos...
Juan Ayuso está a 2m37 e Enric Mas a 3m06. João Almeida está em 10º lugar, a 8m38. Se de facto a Jumbo-Visma vencer a Vuelta, alcança um resultado que ficará para a história, pois também ganhou a Volta a Itália e a Volta a França, algo inacreditável.
O DECLÍNIO DE EVENEPOEL
Esta 13ª etapa não deu tréguas. Para além de ter sido feita a um ritmo muito elevado, imposto pela Jumbo-Visma, de modo a deixar os líderes mais debilitados em grandes dificuldades, tinha quatro subidas de renome: Portalet (4,4 km a 5,4%), Aubisque (16,5 km a 7,1%), Spandelles (10,3 km a 8,3%) e Tourmalet (18,9 km a 7,4%). Remco Evenepoel começou a perder tempo logo no primeiro colosso e nessa altura quando os ciclistas da Jumbo receberam essa indicação, aumentaram o ritmo. João Almeida também perdeu tempo, devido a uma visose, mas não atirou a toalha ao chão e lutou até ao fim para não ficar demasiado atrasado. No final foi 15º e só perdeu 6m47, muito menos do que Evenepoel. Em qualquer caso, com este tempo, as hipóteses de o luso lutar por um lugar no pódio terminaram.
Estes sinais de alarme fizeram com que o plano de ataque fosse antecipado pela Jumbo, colocando em ação Van Baarle, Gesink, Kelderman, fazendo com que os que seguiam imediatamente atrás ficassem literalmente asfixiados e tivessem de recuar, tentando respirar. A corrida nessa altura ficou partida e somente 22 ciclistas - incluindo 5 da Jumbo que impunham um ritmo demoníaco - seguiam na frente. Wilco Kelderman foi fazendo estragos e a somente 10 km da meta só sobravam 11 ciclistas: Kelderman, Roglic, Kuss, Ayuso, Soler, Mas, Landa, Vlasov, Uijtdebroeks e Cras.
A cerca de 8 km da meta Jonas Vingegaard fez o primeiro ataque, voltando à carga pouco depois, dinamitando a corrida. O vencedor da Volta a França fugiu em direção à meta, enquanto Roglic e Kuss faziam o jogo do gato e do rato com Mas, Ayuso e Uijtdebroeks. Kuss, vendo a cara de extremo desconforto dos seus rivais atacou e seguiu em direção à meta, assegurando o segundo posto.
Pouco depois foi a vez de Roglic, já bem perto da meta ver que Mas e Ayuso estavam incapazes de responder e atacou, chegando à meta em terceiro. Foi um dia perfeito para a Jumbo-Visma.
O jovem Cian Uijtdebroek (BORA-hansgrohe) merece uma menção especial pois aos 20 anos estreia-se numa grande volta e está a ser a grande revelação, após ter sido o vencedor mais jovem do Tour de Porvenir (Volta a França do Futuro).
Amanhã os ciclistas terão mais montanha. Na 14ª etapa (Sauveterre-de-Béarn - Larra Belagua, com 156,2 km) os ciclistas terão de subir Hourcére (11,1 km a 8,7%), Larrau (14,9 km a 8%) - ambas de Categoria Especial, Laza (3,4 km a 6,3%) e Belagua (9,5 km a 6,3%), ou seja, mais um final inédito na Vuelta.