A última corrida do programa do Campeonato do Mundo foi aquela que deu a Portugal uma medalha. Depois de no sábado ter mostrado estar em excelente forma ao longo de todo o concurso de omnium, saindo das posições de pódio apenas no derradeiro sprint da última corrida, Iúri Leitão confirmou ontem a capacidade física e tática na disciplina de eliminação.
A prova até começou com algum sobressalto para o vianense, que salvou duas eliminações com pouca margem. Só que o representante de Portugal subiu no pelotão e acabou a fazer uma exibição muito personalizada, alternando períodos em cabeça de corrida com outros em que vinha mais atrás, mas em que demonstrou clara facilidade para eliminar os rivais e reposicionar-se.
Foi Iúri Leitão que fez a seleção final dos homens que ficaram com o pódio. Menos disponível fisicamente, o russo Sergei Rostovtsev teve de contentar-se com a medalha de bronze. Iúri Leitão enfrentou uma das maiores estrelas internacionais do ciclismo de estrada e de pista, o italiano Elia Viviani. Mais experiente, o transalpino ficou com a medalha de ouro e o português enriqueceu o palmarés com a de prata.
A dupla formada por João Matias e Rui Oliveira marcou a presença nacional em disciplinas olímpicas neste domingo, competindo nos 50 quilómetros (200 voltas) do madison. A competição, intensa e muito rápida (média de 57,307 km/h), marcou um fosso entre as seleções mais fortes e as menos capazes. Das 17 equipas que iniciaram a corrida, sete perderam voltas para o pelotão. E seis conseguiram dobrar o grupo principal.
João Matias e Rui Oliveira estiveram entre os corredores que se adiantaram face ao pelotão, conseguindo 20 pontos com a volta de avanço, aos quais somaram sete em sprints intermédios, num total de 27. Foi um desempenho que valeu à equipa nacional a sexta posição. A luta pelo pódio foi equilibrada, englobando cinco duplas, separadas por dez pontos.
Os mais fortes foram os dinamarqueses Lasse Norman Hansen e Michael Mørkøv, com 68 pontos. Seguiram-se os italianos Simone Consonni e Michael Scartezzini, com 64, e os belgas Kenny de Ketele e Robbe Ghys, com 62. Britânicos e franceses somaram 58 e ocuparam os postos imediatos.

Maria Martins foi a primeira portuguesa a entrar em cena neste domingo, competindo numa eletrizante corrida por pontos. A prova, disputada pela grande maioria das melhores corredoras de pista de cada país, foi disputada em toada de ataques constantes. Isto traduziu-se no facto de dez das vinte participantes terem dado, pelo menos, uma volta de avanço ao pelotão.
A corredora portuguesa esteve entre as mais bem sucedidas na dobragem às rivais, somando duas voltas de vantagem. Além disso, conseguiu um ponto num dos sprints intermédios, o que lhe valeu somar 41 pontos. Este desempenho colocou Maria Martins como sexta classificada. A vencedora foi a belga Lotte Kopecky, única ciclista a somar três dobragens, que finalizou com 76 pontos, mais quatro do que a britânica Katie Archibald e mais 16 do que a neerlandesa Kirsten Wild, que também garantiram a presença no pódio.
“Cumprimos todos os objetivos a que nos tínhamos proposto. Fizemos um campeonato de excelência e hoje fechámos com a medalha, que foi um prémio para toda a equipa e staff. Estamos orgulhosos do desempenho e dos resultados que obtivemos”, afirma o selecionador nacional, Gabriel Mendes, em jeito de balanço à participação nacional no Campeonato do Mundo.
Sobre o último dia, Gabriel Mendes considera que o desempenho nacional foi um sucesso: “No madison tínhamos como objetivo ficar nos 12 primeiros e conseguimos a sexta posição, numa corrida muito exigente. A Maria fez uma boa corrida por pontos e o Iúri fechou de forma de exemplar esta participação no Campeonato do Mundo, sabendo gerir bem o esforço, depois do omnium de ontem, para conseguir chegar ao pódio”.
POR UM TRIZ
Iúri Leitão brilhou ao longo de todo o concurso de omnium e tentou ao máximo segurar o terceiro lugar. No entanto, o sprint final de Elia Viviani (Itália) impediu o ciclista português de conquistar o bronze, terminando assim na quarta posição.
Na corrida tempo mostrou-se, uma vez mais, ao mais alto nível, terminando na segunda decisão. Venceu quatro dos sprints e somou ainda mais 20 pontos, após ter conseguido fazer a dobragem. Desta feita, partiu para a segunda metade do programa de omnium com 72 pontos, no segundo lugar da geral, atrás de Ethan Hayter (Grã-Bretanha), que somava 80 pontos.
Iúri Leitão começou bem a corrida de eliminação, conseguindo evitar as primeiras eliminações. Quando restavam apenas 10 corredores em prova, o corredor português esteve por duas vezes em perigo de ficar de fora, o que acabaria por acontecer, terminando assim na oitava posição.
Desta feita, o corredor que representa a seleção nacional chegou à última prova do programa de omnium na terceira posição da geral, com 98 pontos, menos 16 que o líder Ethan Hayter. O luso arrancou bem na prova, tentando sempre posicionar-se bem para somar pontos nos sprints. Somou pontos em cinco sprints, ganhando dois deles. O corredor português conseguiu manter-se durante toda a corrida no terceiro lugar, defendendo sempre a sua posição.
No sprint final, Elia Viviani (Itália) não deu qualquer hipótese, somando 10 pontos que retiraram o bronze a Iúri Leitão. O corredor português terminou assim no quarto lugar, com 117 pontos, naquele que foi o melhor resultado da seleção nacional, até ao momento, nestes mundiais de pista.
Ethan Hayter dominou o programa de omnium de início ao fim, rematando com uma corrida por pontos na qual tornou a não dar qualquer hipótese aos adversários. O britânico, que disputou este ano a vitória na Volta ao Algarve, venceu a prova com 180 pontos.
MARIA MARTINS NO TOP 5 MUNDIAL
Depois de ter estado ausente nos dois primeiros dias de prova devido a uma lesão, Maria Martins entrou em pista para o concurso de omnium. A corredora ribatejana arrancou o programa com um importante quinto lugar no scratch, seguindo-se a corrida tempo, que concluiu na 11.ª posição. Este resultado garantiu-lhe o sexto lugar na geral, a apenas 10 pontos do pódio.
A corrida de eliminação ficou marcada por uma queda, logo na sua fase inicial, sem prejuízo para a corredora portuguesa, que terminou na sexta posição. Desta feita, Maria Martins conseguiu entrar na última corrida do programa de omnium ainda no sexto lugar da geral.
Na corrida por pontos, a corredora deu tudo o que tinha, chegando a alcançar a segunda posição, após ter conseguido fazer a dobragem e somar 20 pontos. Elisa Balsamo (Itália) acabaria por atirar a portuguesa para o terceiro lugar, onde ainda se conseguiu aguentar durante algum tempo.
Nesta altura, eram muito poucas as diferenças entre as corredoras que disputavam o pódio e Maria Martins acabaria por descer ao quinto lugar nas últimas voltas. A corredora portuguesa terminou assim o concurso de omnium, ganho pela dominante Katie Archibald (Grã-Bretanha) a apenas 10 pontos da medalha de bronze.
A seleção nacional também marcou presença na prova de perseguição individual. João Matias terminou na 15.ª posição, com um tempo de 4:20.497, já Iúri Leitão concluiu em 16.º lugar, com 1:22.716. Ashton Lambie (EUA) foi o vencedor da prova.