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A impressionante história da Jumbo-Visma

A mais que provável vitória de Jonas Vingegaard na Volta a França pode ser uma excelente notícia para a equipa Jumbo-Visma, mas a história que envolve a formação desta estrutura vale a pena ser contada.

EFE / REVISTA CICLISMO A FUNDO| FOTO: AGÊNCIA EFE

A impressionante história da Jumbo Visma
A impressionante história da Jumbo Visma

A inspiração da Jumbo-Visma, como confessou Richard Plugge, o manager da equipa, foi a "laranja mecânica", ou seja, a equipa de futebol que nos anos 70 tornou Johan Cruyff conhecido em todo o mundo, primeiro no Ajax e mais tarde na seleção nacional. 

A equipa holandesa é neste momento a referência pela sua forma de trabalhar, destronando a poderosa INEOS-Grenadiers e os seus 50 milhões de euros anuais. Este ano esse domínio ficou visível, através de três camisolas distintas: a amarela, a dos pontos (rei da montanha) e a verde (regularidade), além de somar seis vitórias e 14 pódios.

A equipa tem estado em altíssimo nível, tal como as equipas de Cruyff estiveram no seu tempo. As vitórias de Van Aert, Vingegaard e Christophe Laporte mostraram isso mesmo.

"Esta é uma equipa especial, que controla tudo, desde a alimentação até ao mais pequeno detalhe. Nada é por acaso", assegurou o francês após ganhar a etapa.

A "laranja mecânica" de Cruyff serviu de modelo para a Jumbo-Visma, uma equipa que no seu passado passou por momentos muito conturbados relacionados com doping.
 

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Era a época da Rabobank, uma equipa delicerada pela dopagem e que, apesar de contar com o segundo maior orçamento do pelotão, caiu em desgraça.

Michael Rasmussen foi a face mais visível desta era, mas outros seguiram o seu caminho. Quem não se lembra do abandono da camisola amarela que o dinamarquês envergava em 2007 por suspeitas de dopagem? Essa mesma camisola amarela poderá ser usada por outro dinamarquês em Paris este domingo. 

Quando em 2013 uma instituição bancária de alto nível decidiu deixar de associar o seu nome ao ciclismo, Merijn Zeeman e Plugge ficaram sem saber o que fazer e decidiram batizar a equipa de Belkin (ou seja, em português, branco), rompendo definitivamente com o que se passava naquela época.

"Do segundo orçamento mundial passámos para o mais baixo do pelotão", relembra Zeeman.

Foi uma altura de transição, um virar de página. O diretor desportivo seguiu os passos dos All Blacks, a equipa de rugby que tem sido delicerada por casos de alcoolismo e que nos últimos anos está a fazer uma recuperação incrível, chegando ao topo mundial,

O conceito é o mesmo, ou seja, sair das cinzas, deixar a dopagem e apostar na disciplina, na profissionalização em todos os aspetos. 

CHEGADA DE PRIMOZ ROGLIC

Em 2015, chegou à equipa um ex-saltador de esqui esloveno com valores em termos de potência elevados. De imediato aceitou o novo conceito da equipa e foi em torno dele que toda a estrutura foi montada.

Em apenas um ano, o esloveno ganhou um contrarrelógio no Giro e depois uma etapa no Tour. O projeto ganhava pernas para andar, começava a ser credível e deixou de ser apenas e só uma aposta casual de alguns patrocinadores. O dinheiro foi chegando à equipa e as condições foram melhorando. 

Em 2019, o gigante do retalho Jumbo (uma cadeia gigante de supermercados) assumiu o papel de patrocinador principal e nessa mesma temporada Steven Kruijswijk subiu ao terceiro lugar do pódio em Paris. Internamente, a equipa decidiu usar a cor amarela para identificar aquilo que ambicionam: ganhar tudo.

No ano seguinte, o plantel para o Tour era impressionante, com Roglic, Kruijswijk, Tom Dumoulin e Wout Van Aert. 

Mas o surgimento de Tadej Pogacar, com somente 21 anos, fez descarrilar uma maquinaria que parecia perfeita. "Deixámo-nos dormir nos cálculos que fizemos e não fomos suficientemente ofensivos", reconheceu o próprio Roglic. 

Após as quedas de Roglic, o peso da amarela caiu nas costas de um estreante, Vingegaard, um ciclista desconhecido que, no entanto, aguentou a pressão e acabou em segundo. A Jumbo ganhou um novo líder. 

O dinamarquês assumiu sem medo o seu papel de líder e foi preparado para tal. Não é por acaso que a equipa tem psicólogos para isso mesmo. Todos, incluindo nutricionistas, cozinheiros, mecânicos, osteopatas, médicos, massagistas e assistentes sabem o que têm de fazer, tudo numa gestão empresarial. Uma filosofia que leva a expressão profissionalismo ao seu máximo expoente.

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