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Vuelta: Pogacar reina no caos em Andorra e Quintana veste a camisola vermelha

O jovem esloveno da UAE Emirates, com apenas 20 anos, ganhou a sua primeira etapa numa Grande Volta.

Revista Ciclismo a fundo

Vuelta: Pogacar reina no caos em Andorra e Quintana veste a camisola vermelha
Vuelta: Pogacar reina no caos em Andorra e Quintana veste a camisola vermelha

Foi uma etapa caótica e emocionante, que culminou com a vitória do jovem talento da UAE Emirates, Tadej Pogacar, no alto de Cortals D´Encamp, em Andorra, onde as nuvens decidiram descarregar toda a sua raiva durante os úlimos 20 km, aumentando ainda mais a dureza da tirada. Depois do esloveno cortar a meta, chegaram Nairo Quintana (Movistar) a 23s, novo líder da geral, e Primoz Roglic (Jumbo Visma) a 48s, bem como Alejandro Valverde (Movistar).

Miguel Ángel López (Astana) foi protagonista de uma boa parte da jornada, com o seu ataque em La Comella, a 20 km do final, colocando em cheque os seus rivais, e sonhando com a vitória de etapa. Contudo, uma queda na zona de transição - em terra batida e repleta de regos devido à água e ao granizo - entre Engolasters e Cortals d´Encamp, reduziu as suas diferenças a zero, deixando-o muito afetado na subida final, onde acabou por chegar com 1m01 de atraso.  

Tal como se esperava, desde a partida em Andorra la Vella surgiram inúmeras tentativas de fuga, enquanto atrás, os sprinters procuravam um grupo mais confortável para poderem sobreviver a esta jornada de alta montanha, com apenas 100 km no total. E no meio, um pelotão a grande velocidade, a caminho das primeiras rampas em Ordino. Nelas, Tao Geoghegan ganhou alguns segundos de vantagem sobre um grupo perseguidor com uma ampla representação de várias equipas (Fraile, Herrada, De Gendt. Fuglsang, Kuss, Kelderman, Soler...) e que rapidamente alcançou o britânico, ganhando cerca de 40s de vantagem sobre o grupo maior. 

Atrás, a Cofidis, equipa do líder Edet, controlou na medida do possível o ritmo do pelotão onde estavam os favoritos. Bizkarra (Euskadi Murias) e Bevin (CCC) ganharam 35s de vantagem sobre os seus companheiros de fuga, enquanto os favoritos da geral, um minuto atrás, permaneciam agrupados aos comandos da Cofidis que impunha um ritmo certo. Esta era a situação de corrida na passagem pelo alto de Ordino.  

Bizkarra e Bevin foram neutralizados no final da descida por boa parte dos seus perseguidores (Kelderman, o melhor classificado deste grupo na geral, junto com Soler, Fraile, entre outros), formando outro grupo na cabeça de corrida, com uma vantagem aproximada de 2m30 face ao pelotão. Vantagem que aumentaria rapidamente, pouco antes do início do Col de La Gallina, graças ao trabalho da equipa Sunweb. Isto provovou a reação da Movistar no pelotão dos favoritos, relegando os da Cofidis e imprimindo mais velocidade. 

Nas duríssimas rampas de La Gallina, Tao Geoghegan (Ineos) tentou novo um ataque, com companhia de Bouchard (AG2R), enquanto no grupo dos favoritos a Movistar endurecia a corrida, deixando várias vítimas no caminho, como Fabio Aru ou o líder Nicolas Edet. Um trabalho ao qual se uniu depois a Astana durante o resto da subida. 

O francês da AG2R ganhou vantagem face aos seus perseguidores (cerca de 20s), enquanto o pelotão, já muito reduzido, mas ainda com os favoritos (López, Roglic, Quintana e Valverde), ao ritmo do incansável Cataldo (Astana), estava a três minutos. O líder da geral, Edet, e o da montanha, Madrazo, perdiam um minuto nesta fase. Pelo meio, Chaves (Mitchelton-Scott), prejudicado por uma avaria, lutava por entrar novamente no grupo dos mais fortes. 

Chegados aos últimos 25 km da etapa, Bouchard liderava a etapa, com um minuto de vantagem sobre o primeiro grupo, comandado pela Sunweb de Kelderman, e três minutos sobre o pelotão onde se incluíam os favoritos à geral, comandado pela Astana.  

Nas primeiras rampas em La Comella, a 19 km de meta, Miguel Ángel López decidiu abrir as hostilidades através de um primeiro ataque, respondido contundentemente por Quintana, Valverde e Roglic. O murciano replicou esse ataque e López contra-atacou, de forma mais vigorosa, o que deixou os seus adversários sem resposta. À frente, Bouchard encabeçava a corrida, mantendo 50s de vantagem sobre os perseguidores onde Fuglsang esperava pelo seu líder López. Atrás, Roglic já não tinha companheiros de equipa para o ajudar e assumiu a responsabilidade, com Valverde, Quintana, Majka e Pogacar na roda, durante os últimos metros de La Comella. O colombiano da Astana ganhou 20s de vantagem sobre os seus rivais. 

Quase sem respirar, na subida de Engolasters, López continuou a ganhar tempo, e neste caso com a ajuda de Fuglsang. 50s atrás, Valverde atacou e Roglic respondeu, ao seu ritmo. O mesmo aconteceu com Quintana. Majka, Ion Izaguirre e Pogacar sofriam, mas Roglic resistia com Valverde na sua roda. Enquanto isso, uma tempestade descomunal abateu-se sobre a zona, chovendo copiosamente e caindo granizo.  

Na cabeça de corrida, Tao Geoghegan e O´Connor (Dimension Data) juntavam-se a Bouchard, a caminho do setor de terra batida que se havia convertido num mar de lama com pedras e correntes de água que desciam a montanha. No seu encalce, López ia apanhando ciclistas que tinham estado em fuga e encontrava-se - nesta fase - a 40s dos primeiros. 

Depois de superada a lama, os ciclistas voltaram a entrar em asfalto, mas entretanto Roglic caiu, sendo alcançado por Valverde e Quintana. Roglic perdia metros... e Soler tomava a liderança da corrida. Os seus diretores disseram-lhe (via rádio) que tinha de esperar por Quintana para o ajudar a ganhar tempo a Roglic, o que o deixou muito descontente, demonstrando isso abanando a cabeça inúmeras vezes. Depois de Quintana chegar a Soler, no seu encalce só tinham Pogacar. 

A 2 km da meta o esloveno encetou um ataque visando ganhar a etapa. Atrás, Valverde abandonava o grupo de López, visando unir-se aos seus colegas de equipa, enquanto Roglic alcançava o grupo de López e tentava alcançar Valverde. 

O último quilómetro foi feito em solitário por Pogacar, vencendo com autoridade uma etapa épica. Quintana cortou a meta a 23s, Roglic foi terceiro a 48s e Valverde acabou em 4º.  

Hoje é dia de descanso, antes do contrarrelógio individual de Pau, com 36,2 km, que decorrerá amanhã. 

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