Quarenta e quatro anos depois um belga, Remco Evenepoel, sairá vitorioso de uma grande volta, a Volta a Espanha, após aguentar os ataques de Enric Mas, Juan Ayuso e Miguel Angél López nas subidas de Morcuera e Cotos, garantindo, desta forma, a camisola vermelha de líder, com uma margem de 2m05 e 5m08 sobre Mas e Ayuso.
Richard Carapaz foi o principal protagonista do dia, somando a sua terceira vitória em etapas na prova, com mais uma exibição de luxo na alta montanha, deixando para trás os restantes fugitivos e aguentando firme a pressão de Thymen Arensman (2º classificado na etapa), bem como os restantes favoritos.
Todos esperavam que fosse uma jornada de fortes emoções e embora não tenha sido um dia que ficará para a história, não decepcionou. A Movistar chegou a tomar a iniciativa em várias partes da etapa, com Nelson Oliveira bastante ativo, e nas rampas mais duras, a luta pelo pódio e pelos lugares cimeiros ditou um certo despique entre Ayuso e López.
João Almeida esteve incansável, e nota-se que nesta última semana de prova subiu de rendimento. Lembramos que o jovem luso da UAE Team Emirates teve Covid 19, o que atrasou a sua preparação para a Volta a Espanha, tendo chegado à prova alguns furos abaixo do que se esperava. No entanto, combativo como sempre, nunca atirou a toalha ao chão e foi ganhando posições e evitando azares, tendo nesta etapa lutado muito para subir ao quinto posto da geral.
Quanto ao filme da jornada, na primeira passagem pela subida de Navacerrada (10,4 km a 6,6%) formou-se uma fuga numerosa que foi sofrendo alterações. Na subida seguinte (Puerto de Navafría), Marc Soler e Robert Stannard foram os primeiros a chegar ao topo, mas logo atrás Richard Carapaz, com claras de intenções de inverter a situação de corrida, mostrava estar fortíssimo.
O equatoriano, seguido de Alejandro Valverde e de Sergio Higuita apanharam Soler e Stannard e quando chegaram à subida de Morcuera, somente Higuita, Carapaz e Louis Meintjes conseguiram impôr o seu ritmo na dianteira.
No grupo dos favoritos, Enric Mas tentou atacar Evenepoel, tal como Juan Ayuso, mas Evenepoel não deu hipóteses. Por sua vez, Carlos Rodríguez, visivelmente maltratado das quedas que sofreu, lutou toda a etapa, tentando manter-se no grupo principal, mas chegou a descair várias vezes.
Na última subida (Puerto de Cotos), Carapaz fez um novo ataque e deixou para trás Higuita e Meintjes, seguindo isolado em direção à meta, tendo no seu encalce Arensman. Carapaz cerrou os dentes, deu tudo o que tinha e nunca mais foi apanhado, fazendo um hat trick nesta Volta a Espanha.
López fez três ataques na subida final, o que obrigou o grupo principal a responder. Por isso, João Almeida teve de liderar este grupo, não só lutando para o quinto posto da geral (dado que Arensman estava em risco de ficar nesse lugar), mas também porque Juan Ayuso estava em sofrimento e com reais possibilidades de perder o terceiro posto tendo em conta os constantes ataques do colombiano da Astana.
Tudo correu bem e na geral João Almeida confirmou o quinto posto.