Com a sua vitória no Alto del Piornal - batendo um ofensivo Enric Mas e Robert Gesink - Remco Evenepoel deu um passo de gigante, praticamente garantindo a sua vitória nesta 77ª edição da Volta a Espanha, que termina no domingo.
Evenepoel esteve concentrado e respondeu sempre a todos os ataques com destreza física, faltando somente mais um obstáculo nesta Volta a Espanha (a Serra de Guadarrama, no sábado), para ser coroado vencedor da prova.
O filme da jornada começou com uma fuga de 42 ciclistas que chegou a ter uma vantagem de 9 minutos e a UAE Team Emirates lançou uma ofensiva de longe para tentar mudar o cenário da corrida. João Almeida foi com essa missão antes da primeira subida do dia (Alto de la Desperá, a mais de 80 km da meta) e chegou a ganhar mais de um minuto de vantagem, tendo a ajuda de Ivo Oliveira e de Marc Soler.
Este movimento tático deixou o líder numa situação complicada, dado que estava isolado com apenas um colega. No entanto, a Astana "ajudou" o belga, endurecendo a corrida, fazendo com que os intuitos de João Almeida não seguissem o rumo pretendido.
A corrida a partir desse momento ficou destroçada e quando se aproximavam da segunda e última subida ao Alto del Piornal - que desta vez foi feita pela vertente de Valdastillas e Valle del Jerte, com 13,4 km a 5,6% de média - a cabeça de corrida tinha somente 6 ciclistas na fuga (Sergio Higuita, Thibaut Pinot, Hugh Carthy, Richard Carapaz, Robert Gesink e Élie Gesbert), com 1m25 de vantagem sobre o grupo de João Almeida e 2 minutos face ao pelotão principal, que incluía todos os favoritos e estava reduzido a uma dezena de ciclistas.
Na subida final, os ataques ao líder foram surgindo, sobretudo de um incansável Enric Mas. No entanto, Remco Evenepoel respondeu sempre com valentia. Essas mudanças de ritmo deixaram Carlos Rodríguez - que sofreu muito durante toda a etapa devido a uma queda ao km 21, na qual também esteve envolvido Jay Vine (líder da montanha) que teve de ser transportado ao hospital - literalmente vazio, sem forças. Richard Carapaz é agora o novo líder da classificação da montanha.

Na dianteira, o veterano Robert Gesink rolava ozinho, mas com uma vantagem cada vez mais diminuta (25 segundos quando faltavam 2 km para a meta) e quando Enric Mas fez a sua última mudança de ritmo (já no último quilómetro), acabou com as esperanças do neerlandês da Jumbo-Visma.
Foi ao sprint que Mas e Evenepoel decidiram a vitória na etapa e o belga foi o mais forte, fazendo a dobradinha nesta Vuelta. Deste modo, com as bonificações, ampliou a sua vantagem na classificação geral. Neste momento, está com uma vantagem de 2m07 sobre Enric Mas, 5m15 sobre Juan Ayuso (que agora é terceiro) e 5m56 sobre Miguel Angél López. Carlos Rodríguez caiu para o quinto posto, a 6m49 e João Almeida é sexto, a 7m14, mas ainda com possibilidades de subir para o quinto posto.