Depois de em 2023 a organização da prova ter incluído chegadas no Tourmalet e no Angliru, a edição deste ano voltará a ficar marcada pela montanha, com subidas emblemáticas como os Lagos de Covadonga e Picón Blanco. Mas há muitos mais pontos de destaque.
Após um contrarrelógio de 12 km entre Lisboa e Oeiras com o rio Tejo como pano de fundo, a prova terá mais duas etapas em Portugal e depois entrará em solo espanhol, mais precisamente pela Extremadura, tendo os ciclistas de enfrentar na quarta etapa a primeira chegada em alto no Pico Villuercas.
Estas poderão ser as etapas chave:
9ª etapa, 25 de agosto: Motril-Granada, 178,5 km
Foi numa etapa como esta que Alejandro Valverde perdeu em 2006 a Vuelta, mais precisamente na última e longa descida desde Sierra Nevada até Granada, igual à deste ano. O cazaque Alexander Vinokourov seguiu na roda do espanhol e ultrapassou-o, passando a liderar a classificação geral.
Esse episódio aconteceu na terceira semana de prova, e desta vez será na primeira, portanto haverá margem de erro. Em todo o caso, o percurso é mais duro.
O Alto de Purchil, também abordado nesse dia em 2006, será a primeira de três subidas de primeira categoria, mas a subida a Hazallanas, que os ciclistas terão de subir duas vezes depois de Purchil, será provavelmente o palco de duelos a não perder. Além disso, é preciso ter muita atenção ao calor, que pode chegar aos 40 graus nessa zona.
Lembramos que foi em Hazallanas que o norte-americano Chris Horner começou o seu ataque no ano em que ganhou a Vuelta de 2013. Este ano também poderá ser o princício de algo...
15ª etapa, 1 de setembro: Infiesto-Cuitu Negru, 142 km
Será um dia muito duro para os ciclistas. As pistas de esqui asfaltadas da parte mais alta do Cuitu Negro foram subidas pela última vez há 12 anos na Vuelta. Há desníveis constantes de 24% que certamente vão deixar alguns líderes em apuros.
O Cuitru Negro é, no fundo, uma continuação do Puerto de Pajares, e a inclinação é de extrema dureza. No total, a subida tem 19 km e os ciclistas passam dos 240 metros de altitude para os 1.392 metros acima do nível do mar.
16ª etapa, 3 de setembro: Luanco-Lagos de Covadonga, 182 km
Lagos de Covadonga será o palco da sétima de nove metas situadas em altitude. É uma das subidas míticas da prova. As principais dificuldades estão no Mirador de los Cañónigos, na Huesera e no Mirador de la Reina. Nesta subida, é preciso regular o ritmo, e quem fizer ataques tem de ter em conta a extensão, caso contrário acabará por pagar a fatura.
Tal como acontece com o Alpe d´Huez no Tour, o mítico francês Bernard Hinault, vencedor da Vuelta em 1983, sempre disse que quem lidera nos Lagos de Covadonga acabará por ganhar a Vuelta em Madrid. Este ano há etapas complicadas até chegar à capital espanhola, mas o comentário de Hinault não é de todo exagerado.
20ª etapa, 7 de setembro: Villarcayo-Picón Blanco, 171km
Esta será a última e decisiva etapa de montanha, não só por decorrer no dia que antecede a chegada a Madrid, mas também pela dificuldade. As 7 subidas da etapa (3 de primeira categoria e uma de segunda nos últimos 90 km) somam cerca de 5.000 metros de subida vertical, um autêntico martírio.
As três subidas de primeira categoria e uma de segunda marcarão a diferença. O Picón Blanco surgiu no mapa da Vuelta em 2021, com a vitória de Taaramae num dia marcado pelo vento. Será um teste não só ao coletivo, mas também ao individual.
21ª etapa, 8 de setembro: Madrid-Madrid 24,6 km CRI
A Volta a Espanha 2024 vai ter um contrarrelógio final quase totalmente plano pelas ruas de Madrid, com 24,6 km. Se a prova não estiver decidida no dia anterior, este dia pode ser impróprio para cardíacos.
Em 2002 houve uma reviravolta monumental no crono final, quando Aitor Gonzalez bateu o líder Roberto Heras, obtendo assim a sua maior vitória. Será que passadas duas décadas o cenário se repetirá?
