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Venda de bicicletas sofre uma revolução

A CIB, a CONEBI e a FEC deram a conhecer uma previsão de vendas na Europa até 2030, altura em que se espera que se vendam mais 10 milhões de bicicletas, sobretudo elétricas.

Carlos Pinto e MPIB / Fonte: Forbes

Venda de bicicletas sofre uma revolução
Venda de bicicletas sofre uma revolução

O mundo do ciclismo sofreu uma pequena revolução com o Covid-19. A pandemia fez com que a venda de bicicletas crescesse exponencialmente e, além dos problemas de produção, a procura excedeu a oferta, pelo que muitos distribuidores ficaram literalmente com os armazéns vazios. O que agora está a ser debatido é se este é um efeito pontual devido ao vírus e ao efeito psicológico do confinamento ou se esta procura terá de facto um efeito a longo prazo em termos de vendas.

A verdade é que todo o tipo de bicicletas - BTT, estrada, citadinas - têm tido uma procura enorme e as previsões de entidades como a Cycling Industries Europe, CONEBI ou a Federação Europeia de Ciclistas são muito otimistas. Espera-se um aumento exponencial das vendas de bicicletas nos próximos anos, especialmente elétricas. Estas três organizações, com sede em Bruxelas, tornaram públicas as suas previsões, as quais apontam para um aumento constante das vendas até 2030, especialmente impulsionadas pelas bicicletas elétricas. Espera-se que na Europa sejam vendidas mais 10 milhões de bicicletas em 2030, o que significa um crescimento de 47% se compararmos com os dados de vendas atuais.

Venda de bicicletas sofre uma revolução

Portugal é o maior produtor Europeu de bicicletas, mas uma fatia considerável do nosso tecido industrial especializado no setor está ainda focado na produção de bicicletas tradicionais. A curto/médio prazo a tendência poderá passar por uma conversão do setor, sobretudo numa aposta pelo fabrico de bicicletas elétricas, em que a escala de produção anual poderá ser menor, mas o valor acrescentado será certamente maior. Na verdade, Portugal já tem empresas a produzir bicicletas elétricas e componentes, e certamente nos próximos anos o investimento irá crescer neste segmento de negócio.

O impulso de vendas previsto, segundo a previsão das entidades que referimos, terá como principal impulsionador as bicicletas elétricas, cujo crescimento esperado ronda os 17 milhões em 2030 (em 2019 foram 3,7 milhões). Esta previsão já tem em conta os dados de 2020, com um aumento de 23%. Isto, apesar da conjuntura especial que estamos a viver este ano. E em 2024, segundo o estudo, as vendas chegarão aos 10 milhões.

"O ciclismo é uma das indústrias mais dinâmicas da Europa neste momento", salientou à Forbes Kevin Mayne, CEO da Cycling Industries Europe, referindo ainda que "com estes números, podemos mostrar à União Europeia, aos governos nacionais e ao setor mundial do ciclismo que o mercado do ciclismo europeu é o lugar para investir, para alcançar o Acordo Verde da U.E., para a recuperação da COVID e para novos empregos verdes". Por seu lado, o diretor geral da CONEBI, Manuel Marsillo, adverte que "o crescimento só será possível com uma regulamentação adequada e uma estratégia industrial clara em toda a União Europeia e fora da U.E.".

Neste aumento é notória uma relação direta com as infraestruturas criadas. Embora de forma desigual, os países da U.E. gastaram milhões de euros em ciclovias e outras infraestruturas. No entanto, muitas destas medidas são temporárias, avulso. Apenas e só quando o planeamento for feito a nível nacional, envolvendo ligações diretas a outras ciclovias de outros concelhos e a outros meios de transporte (Metro, comboios, etc) será possível haver um crescimento sustentável da mobilidade suave. Além disso, existem outras preocupações em países menos maduros neste tipo de mobilidade, como é o caso de Portugal. São necessárias campanhas de sensibilização (tanto para peões, como para ciclistas e automobilistas), reciclando os conhecimentos a nível da nova legislação (sobretudo a referente aos ciclistas -direitos e deveres), um melhoramento da sinalética existente e da fiscalização.