A Stevens foi fundada em 1991 pelos irmãos Werner e Wolfgang von Hatchen. Nessa altura, o BTT estava no auge e a pequena empresa familiar começou a ganhar tração com modelos de XC, Trekking e estrada.
Hoje em dia, é das marcas que mais vende bicicletas de ciclocrosse na Alemanha e noutros países europeus. Apesar de ser uma marca relativamente recente, patrocinou equipas e ciclistas de renome, como Wout van Aert, Mathieu van der Poel ou Marianne Vos, somando vários triunfos. No seu catálogo também encontramos bicicletas elétricas e bicicletas de gravel, como esta Camino Pro.
A marca esteve ausente da Península Ibérica durante algum tempo, mas no início deste ano, a Cicleon agarrou a distribuição da Stevens. Uma das principais mais-valias desta marca alemã é a sua excelente relação qualidade/preço. Para conseguir este objetivo dão prioridade ao design com uma fiabilidade demonstrada, em vez de investir recursos em criar, desenvolver e integrar tecnologias que encarecem o produto, optando por seguir tendências atuais em termos de geometria, montagem, entre outros aspetos.

A gama de gravel da Stevens está dividida em duas versões, dependendo do material com que são fabricados o quadro e a forqueta. Há cinco montagens em alumínio e três em carbono: Camino Pro Di2, Camino Pro e Camino. A marca alemã não refere que tipo de carbono utiliza, mas assegura que é o mesmo que nos modelos topo de gama de ciclocrosse.
BOA BASE
O design deste quadro segue a linha clássica, com o objetivo de reduzir o peso e o preço. Possui soluções standard, como espaço amplo para as rodas, cablagem interna - excepto no avanço - cunha de aperto do espigão de selim, patilha do desviador traseiro e rigidez elevada.
No entanto, não traz eixo pedaleiro de rosca - em vez disso traz Press Fit, que requer mais manutenção -, embora durante o teste não tenhamos notado ruídos parasitas nesta zona. Mas em compensação traz um espigão de 27,2 mm, uma boa notícia, dado que se tivesse um aerodinâmico seria difícil encontrar modelos compatíveis em caso de substituição.
É possível montar nesta Camino Pro transmissões monoprato ou prato duplo - se optarmos pelo monoprato basta retirar a placa para baixar o peso e obter uma estética mais limpa - e grupos mecânicos ou eletrónicos.
Além disso, tem várias roscas repartidas pelo quadro e forqueta, possibilitando a montagem de bolsas, suportes para alforges, guarda-lamas, etc. De origem vem equipada com uma transmissão Shimano GRX 820. Não se trata da versão eletrónica, por isso a passagem das mudanças não é tão rápida, mas continua a ser uma transmissão fiável e nunca nos temos de preocupar com a carga das baterias.

Este modelo vem equipado com pedaleiro de prato duplo e cassete de 12 velocidades, portanto a desmultiplicação é muito ampla. Hoje em dia, há cada vez mais adeptos do gravel que preferem a transmissão monoprato pela simplicidade, baixo peso e menos problemas com a corrente, mas em termos de polivalência, o prato duplo faz mais sentido, sobretudo para quem gosta de explorar e percorrer longas distâncias com algum acumulado de subida e carregado com alforges.
Em todo o caso, a transmissão que vem montada de origem nesta Stevens funcionou sempre de modo exemplar, a corrente nunca saiu das cremalheiras, mesmo usando a patilha de tensão do desviador no modo "off", para suavizar a passagem da corrente entre os carretos.
ELEVADO CONTROLO
Os travões utilizam discos de 160 mm, e o sistema Servowave das manetes aumenta ainda mais o rendimento. Estas manetes fazem-nos lembrar as utilizadas no atual Shimano 105 mecânico, sendo bastante mais volumosas do que a versão eletrónica Di2.
As rodas são da conceituada DT Swiss. São fabricadas em alumínio, têm 25 mm de perfil, 24 mm de largura interna e o cepo é do tipo Ratchet. Os pneus são os Continental Terra Speed de 40 mm com sistema tubeless e tacos baixos, mas espaçados. A marca alega que é possível montar nesta bicicleta pneus de 45 mm, mas confirmámos que é viável montar um pneu de 50 mm à frente graças à largura interna na forqueta.
Quanto aos componentes, e de modo a manter o preço controlado, a Stevens optou por espigão e guiador de alumínio e selim com carris em aço.

Traz cremalheiras de 48/31 dentes e cassete 11-36, o que significa que tem basicamente a mesma desmultiplicação de uma transmissão monoprato de 44 dentes com cassete 10-51.

Os cabos da transmissão e as mangueiras dos travões estão ocultos, entrando pelo interior do quadro e da forqueta. Só estão visíveis alguns centímetros debaixo do avanço e do guiador.

Tanto as rodas como os pneus são de marcas premium: DT Swiss e Continental. Para manter o preço baixo, a marca optou pelas rodas G 1800 Spline com aros em alumínio, que são mais pesados do que os de carbono.
COMPORTAMENTO NO TERRENO
Antes de começarmos o teste propriamente dito, confessamos que tirámos as câmaras de ar e usámos o sistema tubeless. As rodas incluem uma fita de aro estanque de muito boa qualidade e com válvulas específicas, portanto bastou adicionar líquido selante para que fossem capazes de autoreparar possíveis furos.
Estes pneus de 40 mm de largura são uma boa escolha se rolarmos em estradões compactos ou asfalto em mau estado, mas se entrarmos em terreno mais técnico, fica visível a sua inaptidão (a melhor opção são pneus de 45 ou eventualmente de 50 mm).
Se baixássemos mais a pressão para melhorar a absorção e a aderância corríamos o risco de furar, embora pudéssemos instalar uma mousse para evitar esse problema. Também substituímos o selim por um mais largo e curto - mais precisamente por um Selle Italia SLR Boost Superflow - que é mais confortável em voltas longas. Por falar em conforto, o guiador e o espigão de selim são de alumínio, portanto filtram pouco as vibrações do terreno.
Portanto, um dos próximos upgrades que sugerimos é a substituição por uns fabricados em carbono. Também recomendamos que o guiador tenha mais flare - ângulo de abertura das extremidades - e com a largura adequada à tua fisionomia ou objetivos.
A sua geometria, posição de condução e comportamento estão num ponto intermédio, digamos assim, entre as que encontramos em bicicletas de bikepacking a ritmo tranquilo e as destinadas a competição.
E quanto ao peso, este modelo sem pedais e no tamanho 54 pesa 9,18 kg, um valor dentro do normal tendo em conta a montagem e o preço.
GEOMETRIA
Se compararmos as suas medidas com as dos modelos de competição, observamos que partilham o mesmo ângulo de direção ágil e preciso. O reach - alcance do guiador - é mais comprido na Stevens, mas em compensação o avanço é mais curto e o stack - altura da direção - é mais elevado, enquanto a distância entre eixos é generosa e as escoras são mais compridas, para maior estabilidade e confiança em estradões rápidos.

Antes de começarmos o teste retirámos três espaçadores da direção, de modo a baixar o avanço 25 mm, para uma posição de condução mais agressiva. Mas se pretendes fazer voltas mais tranquilas, com uma posição de condução mais relaxada, não mexas nos espaçadores.
Aspetos positivos: O quadro e a forqueta - ambos em carbono - são uma boa base para futuras melhorias. Transmissão, rodas e pneus de boa qualidade. Preço bastante atrativo.
Aspetos a melhorar: O prato duplo pode ser uma boa opção pela polivalência, mas deixou de ser um conceito moderno. Peso um pouco elevado. O selim não é muito confortável.
FICHA TÉCNICA
Site: www.stevensbikes.de










