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Scott Scale: o passado e o presente de um modelo único

Há quem diga que todas as rígidas são iguais, no entanto a história prova o contrário. Há modelos, como a Scott Scale que foram pioneiros, por isso fazemos um balanço da história desta bicicleta mítica.

Hector Ruiz

6 minutos

o passado e o presente de um modelo único

Há pouco tempo apresentámos em exclusivo no nosso site a nova versão 2023 da Scale, um modelo que chega quase aos 18 anos de história (o primeiro modelo surgiu em 2005). Ao longo destes anos, algumas versões desta mítica bicicleta deram que falar, não só pelos resultados em alta competição, mas também devido à sua leveza. 

Este é o modelo Racing Pro de 2004, a antecessora da Scale

Curiosamente, apesar de ser um modelo com uma longevidade elevada, até final de 2022 só existiram três gerações anteriores, o que quer dizer que a média de idade de cada geração ronda os seis anos, algo pouco comum em outras marcas. No entanto, a Scale adotou sempre soluções tecnológicas que mudaram por completo o mundo do BTT, como iremos ver a seguir. 

SCALE 2005. APRESENTAÇÃO MUNDIAL

2005-2011. Lançamento mundial. Como é habitual nas bicicletas cuja origem é o mundo da alta competição, Thomas Frischknecht usou esta bicicleta antes sequer de ser apresentada ao público. 

Scale 10, ano 2005

Este primeiro modelo substituiu o anterior Scott Racing (uma bicicleta que surgiu em 1991) e que só existia em versões com quadro de alumínio e escândio nos modelos topo de gama. Esta nova Scale estreava um quadro em carbono e já nessa altura a Scott era conhecida como a marca com o quadro de carbono mais leve do mundo. Era usada a técnica de construção CR1, com fibras mais resistentes (compactadas), sendo portanto necessário menos material. O espigão de selim era sobredimensionado e tinha um diâmetro de 34,9 mm, para maior rigidez. 

Primeira Scale, versão Limited topo de gama. Imagem retirada do catálogo da Scott de 2005

O quadro da versão LTD pesava somente 970g (ou seja, mais 130g do que a versão atual), montava rodas de 26 polegadas e era possível equipar com travões V-brake ou de disco. A versão Limited (LTD) mais leve pesava 8,8 kg, com uma suspensão que tinha 80 mm de curso. 

SCALE 2008. MAIS INTEGRAÇÃO

A Scale estreava nesta altura um espigão de selim integrado no quadro, uma tendência oriunda do mercado de estrada e alargado ao segmento de BTT (a Corratec, a Look e a BH, por exemplo, também seguiram esta tendência), embora este design tivesse sido abandonado após alguns anos. 

Scale 2008, um modelo que surpreendeu devido ao minimalismo.

Graças a este processo de fabrico, o peso foi alterado. Ou seja, o quadro com o espigão integrado pesava mais 10g (total: 970g), mas no cômputo geral, a bicicleta ficava mais leve. Além disso, este quadro foi o primeiro a só permitir a utilização de travões de disco, abandonando de vez os V-brakes. A versão topo de gama LTD com quadro fabricado em carbono HMX pesava somente 8,55 kg (bicicleta completa). 

Este é o cockpit fabricado numa só peça, no ano de 2008: o Scott Pilot

Não podemos deixar de referir o cockpit (avanço e guiador) fabricado numa só peça em carbono montado na versão mais cara da Scott. O Scott Pilot pesava 230g e tinha 600 mm. 

Esta versão de 2010 com as cores da Scott SRAM similares às que Nino usou nos Jogos Olímpicos de 2008 é uma das mais espetaculares

Nino Schurter ganhou a sua primeira medalha olímpica com uma Scale (foi medalha de bronze nos Jogos Olímpicos de Pequim). 

Nino nos Jogos Olímpicos de 2008

Um ano depois, ganhou os Campeonatos do Mundo em Camberra (Austrália), o seu primeiro título na categoria Elite e em 2010 ganhou a classificação geral da Taça do Mundo, sempre a bordo da Scale. 

SCALE 2011. SEGUNDA GERAÇÃO

2011-2017. Primeira grande renovação. A nova versão já não trazia o espigão de selim integrado, apesar de a Scott se recusar a abandonar esta ideia totalmente - as limitações em termos de ajuste e a rigidez excessiva não convenceram os utilizadores - , por isso este modelo integrava o aperto do selim no próprio tubo. A ideia na altura era baseada no conceito "Integração significa redução de peças", algo que hoje em dia faz mais sentido do que nunca.

Scott Scale 2011

Nesta altura surgiu a primeira Scale com rodas de 29 polegadas (neste primeiro ano só dois modelos de carbono e três de alumínio é que tinham este tamanho de roda), os restantes modelos eram de 26 polegadas. A Scott foi das primeiras marcas a apostar neste tamanho de roda. Quanto ao peso, continuava a ser uma prioridade, dado que o quadro topo de gama (em 26") pesava 899g e a versão de 29" era somente 50g mais pesada. Estes modelos estrearam um sistema de absorção de vibrações no triângulo traseiro que a marca batizou de Shock Damping System (SDS). 

Em 2011 a tecnologia SDS alterou o paradigma da rigidez do triângulo traseiro

Como curiosidade, o modelo SL topo de gama (de rodas 26") pesava 7,48 kg, um valor incrível e difícil de bater, embora no ano seguinte (2012) conseguissem baixar 20g no mesmo modelo. 

Jogos Olímpicos 2012. Foto: Fabrice Coffrini. Getty Images

Nino Schurter ganhou a medalha de prata nos Jogos Olímpicos de Londres (2012), sendo apenas batido por Jaroslav Kulhavy, um dos seus grandes rivais nessa época. 

SCALE 2014. VÁRIOS DIÂMETROS DE RODA

Nesta altura surgiram as rodas de 27,5 polegadas. Nos bastidores todos debatiam se as 29" eram melhores do que as 27,5" e foi precisamente nesta fase que as rodas de 26 polegadas perderam o seu peso na indústria. 

A Scale de Nino Schurter na temporada de 2014

A Scott passou a ser uma das principais marcas do mundo a apostar no desdobramento dos seus modelos, através da gama 900 e da gama 700. Esta tendência durou muitos anos, embora a volatilidade do mercado e dos próprios fabricantes de componentes tenha dificultado este processo de manter um catálogo tão extenso. No entanto, esta época ficou marcada por inovações tecnológicas, como a adoção do monoprato, rodas cada vez mais leves e robustas e também pela adoção das 29 polegadas como o diâmetro do futuro. 

Em 2016 ainda existiam modelos com rodas 27,5+

Durante estes anos também assistimos ao surgimento de um modelo de rodas 27,5 Plus. A Scott foi uma das marcas que apostou neste nicho, mas em 2018 retirou-o do catálogo. 

 

No mundo da alta competição, os circuitos da Taça do Mundo começaram a ser cada vez mais rápidos e técnicos, por isso a Spark surgiu numa fase crítica. Tornou-se rapidamente numa das bicicletas de suspensão total de XC mais competitivas do mundo, roubando protagonismo à Scale na equipa Scott-SRAM em 2013 e 2014. Aliás, a temporada de 2014 foi a última onde assistimos Nino Schurter a ganhar títulos a bordo de uma Scale. 

SCALE 2017. TERCEIRA GERAÇÃO

2017-2022. Nas apresentações internacionais começámos a ouvir o surgimento de novas tecnologias de construção do carbono como o EvoLap, o sistema de absorção SDS2 no triângulo traseiro ou a utilização dos três níveis de carbono que hoje a marca utiliza: HMF, HMX e HMX-SL. A Scale continua a ser vendida nos dois diâmetros de roda e o peso do novo quadro ronda os 849g (em 27,5").  

Scale RC 900 SL de 2017, ano da chegada da terceira geração

A nível tecnológico, além da leveza, o novo quadro é um dos mais modernos: traseira Boost 12x148 mm, sistema SDS2 ainda mais absorvente, cablagem totalmente interna, geometria progressiva e nos modelos de topo a transmissão é monoprato e com guia de corrente. 

 

Em 2018 as Scale 900 traziam de origem suspensões com 100 mm, enquanto as Scale 700 incluíam suspensões com 120 mm. 

 

Em 2019, a Scott lançou no mercado o cockpit Syncros Frase iC SL (a Scott comprou a marca Syncros em 2012), retomando a ideia do modelo Pilot do ano 2008. Pesava somente 220g. Foi precisamente nesta altura que a Scott impulsionou uma nova geração de guiadores fabricados numa só peça no mundo do BTT. Até então, praticamente nenhuma marca oferecia este sistema de série, mas a verdade é que todas as restantes marcas seguiram esta tendência. 

SCALE 2023. QUARTA GERAÇÃO.

Os limites do peso são levados (novamente) ao extremo. O peso do quadro ronda os 847g na versão topo de gama em carbono HMX-SL (só existe em 29"). Embora o peso seja primordial, sobretudo neste modelo que se caracterizou por valores recorde, outros conceitos ganham protagonismo. 

Nova Scott Scale 2023

A integração dos componentes agora é primordial, com o objetivo de reduzir o peso. 

 

Inclui cablagem interna encaminhada através da direção, um sistema de fixação dos parafusos do portabidon totalmente novo e inovador, bem como ponteiras traseiras superleves. As escoras estão localizadas numa parte mais baixa e a geometria é das mais modernas que existe. 

 

Poderás conhecer todos os detalhes da nova Scale neste artigo

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