Contam-se pelos dedos de uma mão os atletas de BTT que conseguiram ser considerados os melhores de todos os tempos. Pauline Ferrand-Prévot é, sem dúvida, uma das atletas que dominou, bem como Julien Absalon ou Gunn Rita Dahle, mas também há outros nomes que podemos acrescentar como Rachel Atherton, Nicolas Vouilloz ou Greg Minnaar (no Downhill). No entanto, há um nome que se destaca de todos os outros: Nino Schurter. Neste fim de semana, o atleta suíço despede-se da alta competição, ainda por cima numa prova histórica no seu próprio país e perante os seus fãs, familiares e amigos mais próximos: Lenzerheide.
Durante quase duas décadas tivemos o privilégio de acompanhar a evolução do Nino e conhecê-lo pessoalmente. E não é por acaso que tem uma medalha de ouro olímpica (obtida em 2016), que se sagrou dez vezes campeão do mundo em XCO, que venceu a classificação geral da Taça do Mundo e que ganhou 36 provas deste troféu. É devido à sua resiliência, foco, capacidade de inovação e paixão pelo BTT que Schurter tem um palmarés deste nível.
Embora só tenha conseguido um pódio em Araxá (Brasil) esta temporada, ninguém duvida que o suíço vai despedir-se em grande estilo. Schurter vai usar uma bicicleta com uma decoração especial nesta prova, ainda por cima num lugar que lhe diz muito. Na última vez que decorreu em Lenzerheide uma Taça do Mundo, ou seja, em 2023, Nino foi o vencedor, e no total já ganhou em quatro edições distintas neste percurso, incluindo o mundial de 2018.
PROVA FEMININA: SERÁ QUE ALGUÉM CONSEGUE BATER RISSVEDS NESTA FASE?
Jenny Rissveds (Canyon CLLCTV XCO) atravessa um grande momento de forma. A sueca de 31 anos venceu as últimas três provas em que participou, incluindo a Taça do Mundo de Les Gets e os Campeonatos do Mundo. A sua tática é conhecida: atacar cedo, ganhar vantagem e depois gerir o esforço até à meta. Obviamente, é a grande favorita.
No entanto, Samara Maxwell (Decathlon Ford Racing) tem 435 pontos de vantagem. A neozelandesa é muito regular - foi segunda nos Campeonatos do Mundo - e esteve sempre no pódio esta temporada. Um erro tático em Lenzerheide poderá mudar o panorama face às últimas provas no continente norte-americano.
BLEVINS PODE SENTENCIAR NA SUÍÇA
Christopher Blevins (Specialized Factory Racing) não conseguiu repetir nas últimas quatro provas a forma com que começou a temporada em XCO. No entanto, ainda tem uma vantagem confortável na classificação geral e matematicamente pode fechar as contas na Suíça. Em todo o caso, o segundo classificado é o seu companheiro de equipa Martin Vidaurre e caso nada se decida em território europeu, certamente tudo ficará resolvido em Lake Placid, nos Estados Unidos.
O atual campeão do mundo, Alan Hatherly (Giant Factory Off Road Team) é o grande favorito este domingo, mas o vencedor em Les Gets, Luca Martin (Cannondale Factory Racing) e o ídolo local Mathias Fluckiger (Thömus Maxon) também são atletas a ter em conta.
XCC COM CENÁRIOS DISTINTOS
As Taças do Mundo de XCC mostram dois panoramas muito distintos. Nas mulheres, 40 pontos separam Evie Richards (Trek Factory Racing-Pirelli), líder provisória, da campeã do mundo 2025, Alessandra Keller (Thömus Maxon). A suíça demonstrou ser muito consistente e não ficaremos surpreendidos se ultrapassasse a britânica em Lenzerheide.
Nos homens, a situação está praticamente decidida. Blevins lidera com 645 pontos e dificilmente Charlie Aldridge (Cannondale Factory Racing) conseguirá mudar o rumo das coisas, dado que basta Blevins ficar nos primeiros oito classificados para ganhar a geral.
DOWNHILL
Valentina Höll (YT Mob) e Gracey Hemstreet (Norco Race Division) estão a protagonizar no downhill um duelo histórico pelo título. Höll lidera o ranking graças à sua regularidade, embora não tenha vencido nenhuma prova, enquanto Hemstreet está a 59 pontos graças a três vitórias.
Nos Campeonatos do Mundo, Höll voltou a estar em grande forma, ganhando a camisola arco-íris pelo quarto ano consecutivo, mas terá de fazer algo diferente se quiser ganhar em Lenzerheide.
Por seu lado, Hemstreet atravessa um grande momento de forma e pretende ganhar novamente após terminar o Mundial em quatro lugar.
Myriam Nicole (Commençal/Muc-Off by Riding Addiction) é outra rival a ter em conta. Embora a francesa não esteja na sua melhor temporada, sabe o que é ganhar em Lenzerheide (já venceu nesta pista em três ocasiões distintas) e conhece bem a Straightline.
Na classificação geral masculina, as contas estão ainda mais apertadas, dado que 25 pontos separam Jackson Goldstone (Santa Cruz Syndicate) de Loïc Bruni (Specialized Gravity). Bruni encurtou ligeiramente a diferença em Les Gets, mas Goldstone está super motivado após a sua vitória no Mundial.
O melhor resultado do canadiano em Lenzerheide na categoria elite foi o sexto posto em 2023, enquanto Bruni só ganhou uma vez na sua vida neste curcuito, durante o Mundial de 2018.Ambos sabem que o mínimo erro poderá trazer enormes consequências na classificação geral, portanto espera-se uma corrida muito tática.
Não podemos deixar de referir também Ronan Dunne (Mondraker Factory Racing DH), vencedor em Les Gets, ou Amaury Pierron (Commençal/Muc-Off by Riding Addiction) e o vencedor em 2023 Jordan Williams (Specialized Gravity).
As provas começam na sexta feira com o Short Track. Poderás encontrar mais detalhes aqui.
