O ex-ciclista Jan Ullrich, vencedor da Volta a França em 1997 e da Volta a Espanha em 1999, vai festejar o seu 50º aniversário no próximo dia 2 de Dezembro, o que podemos considerar um milagre tendo em conta que quase morreu devido ao consumo de drogas e alcool.
Em breve será emitido um documentário que retrata a vida de Ullrich, e como antevisão, o alemão referiu aquilo por que passou após abandonar o ciclismo profissional em 2006. "Há cinco anos encontrava-me no fundo do poço", admitiu Ullrich, tendo-se convertido num "monstro em pouco tempo" devido ao vício do alcool e da cocaína.
Por sorte, o ex-campeão nascido na ex-RDA, teve o apoio dos seus amigos e família, especialmente dos seus 4 filhos e do seu amigo e ex-rival Lance Armstrong. "Queria ver crescer os meus filhos, e graças a Deus agora estou bem. Há cinco anos estava num estado lastimável. Estou feliz por ter encontrado forças para voltar a ter uma visão positiva da vida", assegura Ullrich, que inclusive diz que sente vontade de "voltar a andar de bicicleta".
A sua relação com o alcool e as drogas será um dos temas do documentário que está prestes a ser lançado. "Aquilo que me fez contar a minha história de vida foi o profundo abismo em que caí e que quase me custou a vida, e onde perdi muito. Quando recuperei as forças, abri os olhos e dei-me conta de que tinha de mudar a minha vida. Agora estou feliz, sinto-me bem", realça.
O campeão do mundo de contrarrelógio e medalha de ouro olímpico em Sidney (em 2000), também refere no documentário o seu passado ligado ao doping, uma opção que tomou, tal como muitos da sua geração. Ullrich refere que, apesar de ter grandes condições de ganhar provas, devia participar no esquema de dopagem para competir. "A sensação em geral nessa altura era que, sem esta ajuda, seria como ir para um tiroteio armado só com uma faca".
Segundo o ex-ciclista, os seus advogados aconselharam a manter-se em silêncio, decisão que saiu muito cara. "Segui os seus conselhos, mas sofri as consequências durante muito tempo. Em 2006 não podia falar porque não queria ficar rotulado como um traidor. Se tivesse falado, teria arrastado muita gente comigo. Não foi fácil permanecer em silêncio durante tantos anos. O meu passado pesou muito na minha consciência", confessa.