Estamos na reta final do Tour 2024. Estas três etapas são muito exigentes (principalmente as duas de alta montanha nos Alpes, mas também o contrarrelógio de Nice) e estaremos prestes a conhecer o top-5 final desta prova. Embora os três primeiros lugares pareçam estar definidos (Pogacar tem uma vantagem de 3m11 sobre Jonas Vingegaard e 5m09 sobre Remco Evenepoel), tudo pode acontecer neste tipo de terreno. Aliás, já aconteceu no passado, quando Pogacar teve um dia mau e perdeu muito tempo.
A etapa de hoje é considerada por muitos como a etapa rainha. Aliás, o próprio Pogacar também acha o mesmo, como confessou ontem. Terá 144,6 km entre Embrun e Isola 2000, com 4.400 metros de desnível e três subidas mundialmente conhecidas, todas elas acima dos 2.000 metros de altitude (Bonette chega aos 2.802 metros, sendo a mais alta desta edição).
Num terreno difícil como este, tudo pode acontecer e será sobretudo na estrada asfaltada mais elevada de França (Bonette) que todas as atenções estarão centradas.
Será uma jornada asfixiante, embora a etapa seja curta, intensa e sem descanso, no meio dos Alpes. É sem dúvida o palco ideal para duelos deste calibre.
Começando pelo Col de Vars e os seus 18,8 km a 5,7% de pendente média, esta subida vai culminar nos seus 2.109 metros. Será o aperitivo para a subida de Bonette, com os seus intermináveis 22,9 km a 6,9% com o topo situado acima dos 2.800 metros.
O Tour só esteve nesta zona quatro vezes e a paisagem é espetacular. Trata-se de uma zona árida, hostil e que possui uma estrada criada nos anos 60 pelos políticos da zona, que queriam superar aquela que era a estrada mais alta do país nessa altura, Iseran, com os seus 2.764 metros.
Bonette será o cenário ideal para ataques, antes do golpe decisivo na estação de esqui de Isola 2000 (16,1 km a 7,1%), uma subida que não era usada no Tour há 31 anos. A parte inicial é a mais dura, com rampas que ultrapassam os 10%!
Esta subida é bem conhecida do pelotão, dado que a maior parte das equipas estagia aqui. Aliás, Pogacar vive bem perto desta estação, mais precisamente no Mónaco e vem a esta zona treinar com frequência.
Aconteça o que acontecer, é a estrada que coloca cada um no seu lugar. A inclinação impiedosa, os ataques, uma má alimentação, o desgaste acumulado ou um problema mecânico podem ditar o fim de qualquer um dos ciclistas que estão no top5, portanto a incerteza paira no ar. Veremos o que esta jornada nos reserva.