Não é nenhum segredo: não existe nenhum quadro indestrutível e todos os quadros podem eventualmente partir. Quer sejam fabricados numa liga metálica (alumínio, aço ou titânio) ou de fibra de carbono e todos estão submetidos a uma série constante ou pontual de forças que vão retirando segundos à sua vida útil, até ao momento da sua rotura. Tal pode acontecer rapidamente ou não chegar a acontecer, tudo depende da sua qualidade, do tipo de utilização e do tempo que o usarmos.
Um quadro de uma marca de prestígio pode durar uma vida ou partir em menos de um ano, em função de como o estiveres a utilizar. Um quadro "dos chineses" também pode durar uma vida: se deixares a bicicleta parada na garagem, por exemplo!
Entre os diferentes aspetos físicos que afetam o quadro (temperatura, humidade...) encontramos dois realmente determinantes: a fadiga, produzida por uma utilização constante e o limite elástico, fácil de alcançar após uma queda ou um impacto.
Fadiga: refere-se à rotura de um material devido a cargas cíclicas. Ou seja, a rotura do quadro por uma debilidade do material influenciada por forças e torsões constantes durante a pedalada, vibrações do terreno, travagens... Os quadros metálicos são mais propensos a sofrer fadiga, enquanto os de fibra de carbono são mais tolerantes.
Límite elástico: É a tensão máxima que suporta um material sem sofrer deformações permanentes. Os quadros de alumínio podem ficar deformados após um impacto, sem chegar a partir no momento e, inclusivé, podem continur a ser utilizados, enquanto os de carbono mostram uma maior fragilidade e facilidade para partir em caso de um impacto forte na direção perpendicular das fibras.
Em teoria, todos os fabricantes de prestígio submetem os seus quadros a diferentes testes laboratoriais, com incontáveis ciclos de carga, testes de impacto e condições ambientais adversas para garantir a sua vida útil acima das expetativas do utilizador, Mas então, porque motivo os quadros se partem? Tirando as quedas e os acidentes, estes são os principais motivos:
Utilização indevida
Nenhuma bicicleta serve para tudo. É óbvio que uma bicicleta leve de XC nunca poderá suportar uma utilização em Enduro durante muito tempo... Nem todos os fabricantes o fazem, mas muitos deles especificam uma utilização específica para cada uma das sua bicicletas, definindo o seu raio de utilização e que está disponível no Manual da própria bicicleta.
Como exemplo, a Canyon coloca no modelo Exceed, uma rígida de XC, no Grupo 3: "As bicicletas desta categoria incluem as da categoria 1 e 2 e estão desenhadas para terrenos duros não pavimentados. O objetivo destas bicicletas inclui saltos ocasionais a uma altura máxima de 60 cm."
A utilização de uma bicicleta fora do seu Grupo ou Uso previsto aumenta as opções de sofrer uma rotura e abstém a marca da aplicação da Garantia de fabrico.
Excesso de peso
Este detalhe não costuma ser tido em conta, mas pouco a pouco as marcas vão extendendo a indicação de peso máximo suportado, tanto para quadros como para componentes e rodas. É lógico que um guiador de 120 gramas não consiga sustentar durante muito tempo um biker de 120kg.
Como exemplo, a Mondraker estabelece que "Todas as bicicletas da gama Mondraker para adultos foram desenhadas e testadas para um peso máximo do ciclista carga bicicleta de 120 kg", apesar de, segundo a marca e modelo, a limitação pode ser de mais ou menos peso.
Se és pesado ou pretendes fazzer uma viagem com alforges, consulta este dado no Manual do Utilizador.
Má qualidade de fabricação
No setor das bicicletas existe uma espécie de bolha que inflaciona os preços, às vezes de forma exorbitante, mas quando te tentam vender um quadro sem autocolantes dizendo que é idêntico à marca "A" ou "B", a 1/4 do preço de mercado, pensa duas vezes. Os quadros baratos logicamente são de menor qualidade, pois não estão submetidos a estudos de I D, testes de resistência, protótipos, testes em competição... Nem tudo é marketing e detrás de um bom quadro há um grande investimento e muito trabalho que terá de ser repercutido obviamente no custo do mesmo ao consumidor.
No fabrico de um quadro económico utilizam-se materiais de menor qualidade e onde o objetivo é a rapidez de produção. No caso dos de fibra de carbono, o número de peças de diferente tipo e disposição é simplificado, acelerando o processo e utilizando técnicas que não estão na vanguarda. No caso dos quadros metálicos, são acelerados os tratamentos térmicos, ficando as zonas próximas às soldaduras debilitadas.
E a Garantia de Fabrico?
A cobertura da Garantia difere de marca para marca, que aplica as suas próprias regras. Em linhas gerais, o quadro está sempre coberto por defeitos de fabrico e geralmente apenas para o primeiro proprietário (com fatura de compra e nome do proprietário), durante um período que oscila entre os 2 anos e a chamada garantia vitalícia (no caso de algumas marcas).
Para qye bão tenhas uma deceção posterior, informamos-te desde já que algumas marcas realizam a sua própria peritagem e têm estudos próprios de rotura e maquinaria (como raios X) para determinar as causas exatas que provocaram a fissura ou quebra do quadro. Se não tentares "impingir" uma garantia falsa como uma escora partida por uma queda, mas que tu dizes que foi por fadiga, não terás problemas e a marca responderá de maneira justa.