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Canyon apresenta a nova Lux 2019

Tivemos a oportunidade de a ver em provas por etapas e na Taça do Mundo, tendo alcançado excelentes resultados, mas até à data a Canyon não divulgou as suas novidades. A revista BIKE e o site www.mountainbikes.pt estiveram em Girona no Sea Otter e tiveram a oportunidade de conhecer em primeira mão (e testar) esta nova versão.

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Canyon apresenta a nova Lux 2019

Como é que se pode melhorar a atual Canyon Lux? Esta foi a pergunta que o departamento de engenharia da marca alemã fez a Alban Lakata e aos restantes atletas da equipa Canyon Topeak Factory Racing, especialistas em provas de maratona e ultramaratonas. A resposta foi contundente: "poder levar dois bidons grandes de água poupa-nos muito tempo nos abastecimentos, além de que podemos treinar cerca de 3 horas sem nos preocuparmos com a água". Foi com esta ideia em mente, na sede em Koblenz, que os engenheiros puseram as mãos à obra e deram vida à nova Lux, que foi reestruturada até ao último parafuso.

Apesar de a Canyon ser um fabricante de bicicletas mais ligado à venda direta através da internet, as suas origens estão muito longe dos servidores, da fibra ótica e do wifi. As corridas são os cromossomas que deram forma à trajetória da marca, quando os irmãos Arnold iam às provas com um pequeno atrelado carregado de componentes que ali vendiam. Hoje em dia a imagem da Canyon é indissociável da alta competição, quer seja através das Ultimate da equipa Movistar, das Sender de DH ou das Strive de Enduro.

E a Canyon Lux de Cross Country/maratonas, a bicicleta que após meses a rolar mais ou menos dissimulada em corridas como a Andaluzia Bike Race, Cape Epic e na Taça do Mundo através do jovem Mathieu Van der Poel ou da Pauline Ferrand-Prevot, vê por fim a luz do dia e foi apresentada em Girona nas vésperas da feira Sea Otter Europa a um punhado de jornalistas, onde a revista BIKE foi a única representante portuguesa.

O sistema de amortecimento foi modificado, de modo a torná-lo mais compacto, passando o amortecedor a estar alojado debaixo do tubo horizontal e numa linha plana, conseguindo assim espaço suficiente para dois bidons de água grandes (800 ml foi o valor que os engenheiros usaram como referência), inclusivé no tamanho mais pequeno dos quatro que são fabricados. Mais um detalhe: todos os modelos serão de 29 polegadas. 

Além destas alterações, o quadro está mais leve, dado que o sistema de amortecimento requer menos material e recebe menos stress em termos de carga quando se encontra em pleno funcionamento.

O quadro apresenta um design mais agressivo, na linha com o que a marca tem feito nos modelos mais recentes (como a Nerve). Obviamente o peso teve um papel fundamental na hora de modificar os pilares desta bicicleta e todo o trabalho feito não perdeu de vista, em nenhum momento, o peso, sem sacrificar a durabilidade ou a resistência como é norma na casa alemã. Fabricado em dois tipos de carbono segundo a montagem, SLX e SL, ambos de alto módulo, o peso do primeiro é de 1.662g (tamanho M, sem amortecedor) e anuncia um peso de menos de 2 kg com amortecedor e comando remoto, sendo o peso do SL de 1.852g (tamanho M, sem amortecedor). 

Para que este novo desenho tivesse sido possível tal como foi planeado, o link tem um papel fundamental. Construído em alumínio e com um aplique de reforço em aço no seu interior, o seu peso não é alto, pese embora os materiais escolhidos, dado que a sua forma extremamente compacta faz com que o espaço seja tão reduzido que é mesmo impossível usar carbono sem renunciar a uma maior flexão. Além do que referimos, os rolamentos são instalados diretamente no link de alumínio e não no quadro, minimizando o risco de danificar o carbono ao ter de os substituir ou desmontar (quando é necessário fazer alguma manutenção ou lubrificação). Deste modo, o peso foi reduzido de 112 a 42g, fazendo com que o sistema de suspensão na totalidade fique 144g mais leve (ou seja, cerca de 38%) face à versão anterior. 

O facto de introduzir metal no quadro em alguns pontos chave é uma forma, segundo a Canyon, de reduzir o peso total, permitindo reforçar com menos material zonas críticas que requeriam uma grande quantidade de carbono, acrescendo assim o peso, como acontece nos pontos de rotação do amortecedor ou na ancoragem do travão traseiro.

Por falar no travão traseiro, a marca apostou na versão flat mount (mais pequeno do que um Direct Mount), que consegue também tornar esta zona mais compacta e libertar as escoras "Flex Stays" das cargas, já que a função delas é precisamente flectir para atuar como um ponto de filtragem extra do amortecedor e conseguir assim alcançar os 100 mm de curso. No entanto, a ancoragem traseira é compatível com travões Direct Mount e podem ser montados discos de 140 ou de 160 mm. 

UMA QUESTÃO DE MOVIMENTO

Tanto os modelos SL como SLX, ambos de carbono (não existirá nenhuma versão de alumínio) estão desenhados para ser usados unicamente com transmissões monoprato e praticamente todas as versões (excepto a CF SL 7.0 Race com Shimano XT de 11 velocidades) trazem 12 carretos atrás. Sim, leste bem, incluindo a mais económica, a CF SL 6.0 Pro Race (2.599€) virá de série com o novo SRAM Eagle NX de 12 vel. 

A Canyon apostou em grande neste sistema para poder ajustar o comportamento do amortecedor para um único prato, otimizando o anti-squad com uma precisão mais alta (ou seja, reduzindo a influência da tensão da corrente sobre o link), idóneo para um tamanho de cremalheira entre 34 e 38 dentes. O objetivo foi claramente a máxima eficiência, mas sem renunciar ao conforto e à tração da roda traseira em terrenos acidentados. Nota-se também uma boa sensibilidade no início do curso, algo que se maximiza ainda mais graças ao comprimento do amortecedor (210 x 55 mm), bastante largo para uma bicicleta de XC. Assim, a cinemática segue uma curva sensível no início, é estável no campo intermédio e algo progressiva no final, um funcionamento habitualmente visto em bicicletas com mais curso. 

De facto, uma das maiores virtudes que encontramos na Lux é que absorve com muita facilidade as pequenas irregularidades do terreno, muito acima de muitas outras bicicletas de XC de suspensão total do mercado, com um acionamento muito suave. Johanes Thumm, engenheiro responsável da Lux, recomendou-nos um sag entre os 20 e os 25%, para que o comportamento fosse mais firme e ao estilo de corridas de XC no primeiro caso e com um tato mais sensível no segundo. O que é que te recomendamos após o nosso teste exclusivo: opta por um sag entre os 22 e os 23%, assim tens um comportamento mais equilibrado. 

Todas as Lux virão de série com bloqueios remotos do amortecedor e da suspensão e para tal o amortecedor foi invertido para que a entrada do cabo seja o mais direta e limpa possível. 

COMO BOAS IRMÃS

A geometria lançada da Exceed é hoje em dia um autêntico sucesso. Tem tido um excelente feedback e não apenas em XC, mas também em maratonas. Portanto, porque não usar esta geometria lançada também na Lux? E foi isso que os engenheiros fizeram. A posição da Lux está muito próxima da presente na Exceed e logo que gastamos o sag da suspensão e do amortecedor, é milimetricamente similar. Esta é a vantagem para os atletas como o Mathieu Van der Poel, Alban Lakata e companhia, já que podem optar pela rígida ou pela suspensão total sem praticamente acusar a mudança de postura. 

A Lux SLX "em repouso" tem um ângulo de direção 0,5º mais vertical (70º), que se convertem em 69,5º na posição de pedalada, exatamente os graus que apresenta a Exceed. E convém especificar a diferença entre as SLX e as SL, já que estas últimas, além de terem um carbono um pouco mais pesado e económico, também virão todas montadas com suspensões de 110 mm de curso (100 mm nas SLX), o que faz com que a sua geometria fique também relaxada em 0,5º adicionais. Se compararmos com a Lux anterior, a nova tem um Reach maior (comprimento do triângulo dianteiro) em 20 mm, as escoras foram encurtadas 15 mm (agora têm somente 435 mm) e todas têm avanços de 80 mm para compensar este maior crescimento do quadro.

PEQUENOS DETALHES

Existem pequenos detalhes nesta nova Lux que sinceramente não vemos noutras bicicletas. Por exemplo, o aperto Quixle já introduzido na Spectral está aqui presente, ocultando o manípulo que permite retirar a roda que fica assim alojado no interior do cubo quando não é necessário. Outro detalhe: a nova Lux tem uma guia de corrente minimalista que pesa somente 4,6g, evitando que a corrente caia em direção ao quadro e é ajustável, caso pretendamos usar cremalheiras entre os 30 a 38 dentes. Possui ainda um protetor de escoras muito silencioso e absorvente que pesa 8,2g. 

Toda a cablagem está colocada internamente, com uma estética muito limpa e discreta e todos os cabos são guiados através do tubo diagonal, excepto o do bloqueio do amortecedor. Para facilitar a instalação, uma peça de plástico flexível cobre o quadro desde a zona do pedaleiro até à saída do cabo de mudança e do cabo que percorre a escora, permitindo deslizar os cabos por dentro e poupar tempo e esforço. O protetor do tubo superior Impact Protector Unit continua a estar presente para evitar que o guiador possa danificar o quadro em caso de queda. 

Como curiosidade, não estará preparada por enquanto nem para suspensóes eletrónicas Live Valve da Fox (acerca deste tema teremos novidades exclusivas em breve) nem para as transmissões eletrónicas Di2 da Shimano. No primeiro caso devido a não lhes terem sido dadas as garantias, segundo a Canyon, de que a sua entrada no mercado fosse iminente. No segundo caso, a marca crê que uma transmissão monoprato não beneficia tanto da tecnologia eletrónica do Di2 como por exemplo um prato duplo, podendo optar por mudanças mecânicas mais leves (além de que o XTR 12v de 2019 não existe ainda em versão Di2).

PÓDIO ASSEGURADO

Após várias horas a percorrer os trilhos de Girona, ficou claro que na hora de ultrapassar zonas técnicas com pedra, raízes e regos a Lux tem uma suavidade acima daquilo a que os sistemas de amortecimento típicos de XC nos acostumam, sem uma interferência palpável na pedalada acima daquela típica quando aceleramos a nossa cadência para ultrapassar subidas com um grande desnível ou quando pedalamos de pé exercendo muita força nos pedais. Quiçá o seu comportamento está mais na linha de uma bicicleta de maratonas do que de XC puro e duro, apesar de que foi apenas a nossa primeira impressão e precisamos de mais tempo para testar esta bike. 

São 6 os modelos que já estão à venda a partir de hoje no site www.canyon.com, 4 deles na gama SL e 2 na gama SLX. Os preços vão dos 2.599€ do modelo CF SL 6.0 aos 5.999€ do modelo CF SLX 9.0 Race, com um peso declarado, com espigão telescópico, de 10 kg.

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